Publiquei ontem uma frase que surgiu na minha cabeça na nossa Fan Page no Facebook e recebi de volta um questionamento de um dos nossos fãs sobre o motivo de eu achar que a incoerência é o grande problema da humanidade. O questionamento gerou este post que escrevo hoje para você que desconfia que este não é o grande problema da humanidade. Posso começar esse texto de diversas maneiras. De forma mais prática apresentaria a questão da disciplina e do hábito que são difíceis de colocar em prática. Ou de forma mais abstrata, invocando a questão do espírito que quase sempre sucumbe as distrações da mente, do corpo e das emoções. Entretanto, começarei esse post pelo básico, por aquele sentimento que nos define como humanos, para chegar até as questões mais abstratas sobre o espírito de modo a comprovar que a incoerência e sermos incoerente é o que nos torna tão, digamos, imbecis.
O QUE É DESEJO?
Sem pegar o dicionário eu defino desejo como a visualização de querer obter o motivo para a nossa ação. Complicado? Vou traduzir. Desejo é o que nos faz acreditar que a grama do vizinho é a melhor. Desejo é o que nos move para ação. É o que nos fez caminhar. É o que nos fez correr. É o que nos fez um dia subir numa bicicleta e insistir após diversas quedas para aprender a andar. Desejo é o que sentimos quando enxergamos a “cenoura” a nossa frente e vamos buscá-la. É algo saudável e super natural, sendo o precursor de todos os avanços que tivemos na humanidade.
O QUE É HUMANIDADE?
É o conjunto de características específicas à natureza humana. Essa palavra representa todos nós, seres humanos, da mesma forma. Sendo assim, eu sou um “pedaço” da humanidade e ao mesmo tempo a tenho em mim. Meus desejos, impulsionam esta humanidade para um objetivo assim como os desejos dessa humanidade me impulsionam. Estamos, todos, conectados, super-conectados. A bondade que eu faço ou a maldade que eu pratico, sempre é a favor ou contra o outro, afetando, por conseguinte, um pedaço da humanidade que contém ela toda.
ESTOU SENDO INCOERENTE?
Percebendo a incoerência de pessoas à minha volta que diziam uma coisa e faziam outra, pensei: “Estarei eu sendo incoerente?” Se estava enxergando este reflexo nas outras pessoas, certamente eu estava sendo incoerente em algum ponto, não só na palavra e na ação, mas em todo o resto. Ser incoerente é algo amplo e que abrange não só as dimensões das palavras e da ação, mas também as dimensões das emoções, dos pensamentos e das razões do espírito.
Quer uma prova de que sou incoerente e que provavelmente toda a humanidade está sendo? Eu tenho um talento que demorei 27 anos para colocá-lo para fora. Sempre tive certeza do que eu queria. Meu espírito falava para mim que estudar e escrever era o que eu mais amava na minha vida, mas mesmo assim, ainda aos 34 anos, não vivo completamente desse meu talento. Sou incoerente e escondo a verdade com uma peneira, fazendo questão de não enxergá-la. Repare que eu, ao menos, já faço aquilo que é meu talento, agora lembre daquelas pessoas que sequer sabem quais são os seus talentos. Estas, são mais incoerentes ainda porque taparam com uma tampa de panela bem opaca as coisas que seus espíritos lhes dizem como sendo seus talentos.
Outra prova, mais simples e básica, é dada quando olhamos para trás e vemos as coisas que prometemos fazer e não fizemos. Ou ainda, as coisas que gostaria que os outros fizessem e depois não demos oportunidade para eles de fazer. Quantas vezes não dissemos que entregaríamos algo no dia tal e não cumpríamos o prazo porque até aquele dia, várias distrações haviam surgido e ao invés de nos dedicarmos ao que havíamos nos comprometido, decidimos por nos distrair? Quantas vezes não dissemos que íamos perder peso enquanto nenhuma das nossas ações se moviam para este fim? Quantas vezes dissemos “este ano será diferente” e permitimos que tudo fosse igual? Não seria isso uma incoerência?
A GRANDE COERÊNCIA
Assim como você que está lendo esse texto, eu também cheguei a conclusão que sou incoerente pacas, mas saber disso sem fazer nada, não adianta. Assim, percebi que trabalhar para alcançar a grande coerência é o que elimina a incoerência diária. Que “grande coerência” seria essa? Bem, a coerência entre as coisas do espirito, do pensamento, da emoção e da ação. Existe um sonho maior que está sobre as nossas cabeças. Aquela realização espiritual que se contenta em apenas se concretizar. Seja nosso sonho de aprender mais sobre nós mesmos, vivermos todos os dias do ofício que amamos, etc. Estas são as coisas do espírito, motivo primário da nossa vida como seres humanos e humanidade. Se eu consigo me alinhar e deixar fluir estas causas para o meu pensamento, para o meu coração e para as minhas palavras e ações, naturalmente me torno mais coerente e mais liberto.
Quando descobri que o meu talento era escrever e que eu amava fazer isso, sem me importar em receber nada em troca, passei a perseguir esta coerência me forçando a vir até aqui e escrever. Esse exercício não me fez virar um grande escritor ainda e tampouco me permite viver só deste ofício, mas a cada ano que passa eu me sinto mais próximo dos queres do meu espírito. Eu já nego alguns trabalhos que me colocam fora deste objetivo. Já elimino pensamentos que me fazem imaginar outras coisas que não o trabalho. Corto emoções que também me levam contra este sonho e pratico ações, como a de escrever regularmente, para que esse trabalho se torne a minha realidade no seu tempo. Enxergar-se menos coerente a cada ano dá uma satisfação enorme e isto me move um pouco mais adiante.
Para perceber-se incoerente e melhorar a coerência da humanidade, é preciso, tempo de inspiração e expiração. É preciso olhar-se a todo momento e também ficar sozinho. É preciso praticar o exercício de compreender mais do que ser compreendido para aí sim, amar mais que ser amado.
Olhe os problemas do mundo ao seu redor. Olhe seus problemas problemas. São ou não são eles frutos da incoerência?
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