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Urinoterapia? Por que beber xixi não é uma boa ideia


O mochileiro Aaron Ralston decidiu, durante seu calvário de 127 horas, consumir a própria urina para permanecer vivo, antes de resolver cortar seu próprio braço – que estava preso debaixo de uma rocha – para escapar. Essa foi uma situação extrema, de sobrevivência, e é só em casos como esse que você deve começar a pensar em beber da sua própria torneira. Entenda os motivos.

A urina tem mais substâncias do que as pessoas gostam de pensar

O xixi é um subproduto líquido rico em nitrogênio que é criado pelos rins — ele é a principal maneira que o corpo tem de expelir componentes solúveis gerados através do processo metabólico. Na verdade, a urina é um mecanismo secundário de eliminação de resíduos. O sangue passa primeiro pelo fígado, onde as toxinas, células mortas e vários outros resíduos são removidos e eliminados. Em seguida, esses resíduos vão para os rins, onde o excesso de fluidos e de moléculas solúveis — nitrogênio, vitaminas, minerais, proteínas, anticorpos e outro metabólitos — são extraídos e transferidos para a bexiga, onde ficam aguardando para serem evacuados.

As pessoas costumam afirmar que a urina, quando deixa o corpo, se torna um composto estéril. Esse mito começou a se espalhar na década de 1950, quando Edward Kass, um epidemiologista de Harvard, fez uma triagem de pacientes para um pré-operatório de casos de infecção no trato urinário. As amostras que não tinham problemas foram marcadas como “negativas” e isso bastou para que a noção de que a urina é estéril se espalhasse e sobrevivesse até hoje.

No entanto, é possível afirmar que a urina é quase estéril — ela é formada por 95% de água e 5% de metabólitos. No entanto, estudos recentes mostraram que, assim como a superfície da pele, a parte de dentro do seu crânio e as profundezas das suas entranhas, o trato urinário serve como anfitrião de colônias de bactérias.

Um desses estudos, feito por uma equipe de pesquisadores liderados por Evann Hilt, da Universidade Loyola de Chicago (EUA), descobriu que um pequeno número de bactérias mora na sua uretra. Os cientistas suspeitam que essas bactérias se comportam de forma parecida com as do intestino: existem as benéficas e as maléficas, e elas estão em constante competição pelo domínio da uretra.

O que é urinoterapia?

Se é esse o caso e a urina contém compostos benéficos, por que não tomar um gole? Bom, você não seria o primeiro. A urofagia, prática de consumir urina, é mais comumente chamada de auto-urinoterapia ou só de urinoterapia, e é uma prática estabelecida há milênios.

Ela foi descrita pela primeira vez no Damar Tantra, um antigo texto em sânscrito considerado um desdobramento do cânone das escrituras hindus. Ele afirmava que massagear a pele com urina fresca era uma espécie de panaceia que poderia curar praticamente qualquer coisa. Textos subsequentes sugerem que misturar xixi com comida, bebida ou tinturas médicas poderia curar até mesmo câncer.

Referências à prática da urinoterapia também são encontradas em antigos textos médicos egípcios e chineses — até os astecas teriam usado urina como desinfetante. (Acredita-se que essa seja a origem da lenda de que urinar em cima da picada de uma água-viva alivia a dor — mas essa também é uma péssima ideia.) A prática se espalhou a partir da Índia e foi para o resto da Ásia e para a Europa Ocidental através da ascensão do Império Romano.

Hoje em dia, a urinoterapia continua a ser um remédio homeopático popular na China, onde estima-se que 3 milhões de pessoas costumam beber um copinho de xixi em prol da saúde. Nos EUA, a urinoterapia ganhou um número considerável de seguidores graças ao apoio de pessoas que obviamente não são médicos renomados nem especialistas em saúde: Madonna, que dizem fazer xixi nos próprios pés para curar pé de atleta; o boxeador Juan Manuel Márquez; e as estrelas do MMA Lyoto Machida e Luke Cummo, que supostamente bebem urina por conta de vários benefícios para a saúde. Três dessas pessoas ganham a vida levando socos na cara, então eles devem estar certos, não é?

Mais amplamente, o consumo da urina (seja como pomada, como irrigador nasal ou ocular, gargarejo ou bebida) é tido como algo que pode curar qualquer coisa, desde resfriados comuns até câncer e AIDS. As estantes virtuais da Amazon estão repletas de literatura pró-consumo de xixi que exaltam a urina como um milagre auto-produzido pelo nosso corpo. Com todos esses benefícios milagrosos, é de se acreditar que a medicina moderna deveria estar chutando a porta do banheiro das pessoas para conseguir essa maravilhosa chuva dourada.

Defensores da homeopatia, como Martha Christy, autora de Your Own Perfect Medicine, argumentam que essa busca pela urina não está acontecendo porque a comunidade médica está conspirando para manter a urinoterapia em segredo já que, como todo mundo produz seu próprio xixi,  a descoberta da prática pelas multidões não geraria lucro para a indústria farmacêutica. O problema é que não existe um estudo científico rigoroso que confirme os pretensos benefícios da urinoterapia. Na verdade, não existe nem mesmo qualquer sugestão científica de que esses benefícios sequer existam.

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