Em 2017, o filósofo brasileiro Olavo de Carvalho participou de um debate em Harvard. Em seguida, foi jantar com a esposa Roxane e um pequeno grupo de amigos no Restaurante Sem Nome (No Name Restaurant), que serve frutos do mar no mercado central de Boston. Lá foram atendidos por um velhinho grego que é, ao mesmo tempo, dono e garçom da casa. Como uma equipe de TV pediu para fazer uma entrevista com Olavo no local, o proprietário do restaurante percebeu que se tratava de uma pessoa “famosa”.
Depois da entrevista, o velhinho grego se aproximou de Olavo e, com muita discrição, perguntou em inglês quem ele era. Olavo respondeu com a habitual gentileza e convidou o proprietário a sentar-se. O rosto do homem se encheu de surpresa:
— Olavo de Carvalho, o filósofo?
— Sim, sou eu mesmo.
Então o velhinho começou a chorar.
Na juventude, o velhinho havia estudado filosofia. Tempos atrás, ele recebera pela internet um artigo sobre religião, traduzido para o inglês, e havia dado para o filho ler. Após a leitura do texto, o moço decidiu voltar à Igreja, da qual estava afastado por muito tempo. O dono do restaurante fizera questão de guardar o nome daquele autor que tanto bem fizera ao seu filho. Era Olavo de Carvalho, “brazilian philosopher and writer”. E agora, por uma incrível sorte, o homem estava ali, diante dele!
Conto essa pequena história verídica para ressaltar uma das realizações menos lembradas do meu amigo e professor Olavo de Carvalho: ele é responsável por um número incalculável de conversões religiosas. O trabalho de educação intelectual clássica que ele faz provoca, não raro, um despertar espiritual em seus alunos. Os casos de pessoas que voltaram à Igreja depois de ler seus livros e assistir às suas aulas poderiam encher esta página.
Assim como existiu a Lista de Schindler, existe uma Lista de Olavo, composta pelas pessoas que o filósofo reconduziu à Igreja, por meio da alta cultura e do estudo dos clássicos. Assim como há os “judeus de Schindler”, há uma quantidade espantosa de “cristãos de Olavo”, que graças ao filósofo se libertaram de suas amarras ideológicas e ateísticas.
Aqui vale a pena lembrar a frase de Nassim Taleb: “Nunca espere condecorações por dizer a verdade”. Se você busca o aplauso das elites acadêmicas, fazer parte da Lista do Olavo não é um bom negócio. Mas, se você procura o conhecimento e a contemplação da verdade, vale muito a pena.
Hoje em dia as pessoas falam muito de listas vergonhosas, como a da Odebrecht. Na Internet, de vez em quando, pipocam as listas de “verdades e mentiras”. Pois eu vou contar aqui uma simples verdade: com modéstia, mas também com orgulho, pertenço à Lista do Olavo.
O trabalho que Olavo fez pelo resgate da alta cultura no Brasil é comparável a uma Operação Lava Jato do espírito — e hoje, de certa maneira, se repete na campanha pela eleição de Jair Bolsonaro. Deveríamos estar tão agradecidos a ele quanto o velhinho grego do Restaurante Sem Nome.
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Paulo Antônio Briguet
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