[Rapha Vasconcellos, VP da AgênciaClick Isobar, é júri na categoria Cyber]
Daqui a alguns dias, todos saberemos qual foi o Grand Prix (ou os GPs) de Cyber no Festival de Cannes 2011. No meio das mais de 2.800 inscrições, os premiados já estão lá, esperando o reconhecimento que lhes dará mais alguns meses, ou quem sabe, anos de glória. O que vale dizer neste momento é que – independente de qual trabalho seja premiado – eles já merecem esse prêmio.
Não é fácil chegar aqui e sair com o troféu. Estamos falando de alguns poucos entre 2.800 inscritos, e isso só na categoria cyber. Os futuros premiados merecem o prêmio que ainda não ganharam porque já mudaram os criativos que os criaram, já mudaram as agências que permitiram que fossem apresentados, os clientes que os aprovaram e os consumidores que os aceitaram. Nós, do júri, só estamos lhes rendendo as penúltimas homenagens, preparando o terreno para as próximas e derradeiras.
Esse texto é um dos poucos que vou escrever nesses dias, tentando mostrar pra todos vocês, leitores do Brainstorm9, um pouco de como os premiados foram encontrados no meio dessa pequena multidão que é submetida ao crivo de Cannes. Quando recebi um tweet do Merigo que dizia assim “Se puder, manda um artigo pro b9 ”, resolvi escrever sobre os pequenos momentos que antecendem os grandes momentos. E, pra começar, o “First Round”.
Neste momento, 22:50 – horário de Cannes, já temos o shortlist “bruto”. Está lá, no computador da organização, depois de 3 dias inteiros de julgamento, mais de 36 horas de trabalho, resultado de toda matemática com as planilhas e as notas do “First Round”. Pra mim, esse momento é muito cruel, pois cada trabalho precisa encantar os jurados em poucos segundos, menos tempo do que teve para convencer o consumidor: se o videocase não for claro, se a página não abrir o Internet Explorer (browser do julgamento), se o jurador estiver voltando cansado do almoço, vendo no fim do 3º dia e, mais importante, se a ideia não for lá isso tudo, ela já ficou pelo caminho. Se ganhar menos do que nota 5 nessa fase – de notas que podem chegar até 9 – tchau.
Os 25 jurados do Cyber Lions foram divididos em 5 grupos, com 5 participantes em cada grupo. Todos nós recebemos algumas categorias para julgar, com cerca de 500 trabalhos no total. Meu grupo é formado por uma canadense, um neo-zelandês, um japonês e uma americana. Pegue a lista dos jurados do cyber e veja a salada de países, formações, histórias, idades, crenças, e você começa a perceber que ganhar aqui realmente não é fácil. Se o trabalho não foi à prova do japonês e da canadense, já era. Por isso quem ganha aqui merece mesmo todos os méritos. O que passa por essa peneira é realmente muito bom, já nasceu bom, antes do voto dos jurados. Nosso grupo pegou algumas categorias de banners e websites, ferramentas interativas, marketing viral e melhor uso de áudio e música. Ou seja, não vimos os outros 80% dos trabalhos inscritos.
É impossível prever o que veremos amanhã, impossível influenciar um ganhador, um trabalho do Brasil, um trabalho da agência na qual eu trabalho, das agências que eu admiro ou de colegas que respeito. Uma certeza eu tenho: meus outros 20 colegas de júri também foram exigentes como nós, e sabem que estamos contando com suas escolhas. Amanhã cedo, às 8:30 – horário de Cannes, começaremos uma nova rodada. Acredito que irão sobrar uns duzentos e poucos trabalhos, todos eles resultados do “First Round” e dessa vez, todos os jurados darão suas opiniões sobre todos os trabalhos.
Como você pode perceber, os ganhadores já estão lá.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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