Na semana que vem estarei batendo um papo com dois jovens talentos sobre, mais uma vez, a intrigante geração Y. Mas há que se dizer que, entre as muitas peculiaridades dessa galera, uma das muito curiosas é o fato de que, pela primeira vez, é a própria geração que gosta de classificar-se como tal. Historicamente, a definição das gerações surge ao longe e apenas resvala na consciência daqueles que efetivamente são parte dela. É uma análise posterior de alguém que lê sobre sua própria geração e se reconhece em algumas das coisas que estão expostas ali, numa sensação de pertencimento meio aliviante e meio flagrante.
Mas a geração Y não! A geração Y veste a camisa de sua geração. Ao mesmo tempo em que constrói aquilo que chamamos de comportamento dos Y, é influenciada pelo que se diz sobre ela. É a primeira geração que lê, se é que podemos considerar 140 caracteres uma leitura, ou assiste o seu próprio comportamento na internet, e é influenciada pelo que vê, tentando usar estes elementos para entender sua própria angústia ou definir seus próximos passos. É uma relação dialética e complexa com sua própria identidade geracional. Os Ys lotam eventos sobre a Geração Y, e gostam de entender os desafios geracionais pelos quais estão passando. Outro dia uma conhecida, profissional de RH, contava sobre um curioso caso. Uma funcionária dizia: “Sabe, eu sou Y, por isso você precisa me dar mais feedbacks!”
Muito bem, galera Y, o desafio é grande! É grande, porém, para todas as gerações, pois cada uma encontra suas dificuldades e problemas. Suas angústias e realizações. Mas a expectativa sobre esta geração cresceu muito. Hoje todos esperam muito dos Y, principalmente eles mesmos! E aí reside um dos maiores de todos os seus desafios.
Marcio Svartman é consultor, publicitário, mestre em psicologia, palestrante, fuçador e questionador. É um dos
idealizadores da SatyaWork Desenvolvimento Organizacional e autor do livro “Você pra mim é problema seu”. Ele twitta aqui.