Navegando nos intermináveis de artigos para o Jornal do Empreendedor esse texto de Lucas Rossi sobre o impacto do excesso de conectividade pela geração Y, a geração digital chamou a atenção. Vale a pena pela importância do assunto.
Chegou no Brasil, no fim do ano passado, o iPad. O tablet é mais um item para incrementar a nossa já longa lista de itens digitais. Os Ys nasceram com a mobilidade digital. Acredito que o primeiro foi o walkman. Depois veio o Discman, o Game Boy, o bixinho virtual – que agora está na moda novamente por ser vintage -, os celulares, os primeiros MP3… A lista é infinda. Somos bombardeados de aparatos que levam a nossa vida digital para qualquer lugar e a qualquer momento.
Atualmente, o frisson são as redes sociais. E não é que elas também estão rodando por aí? Twittamos do celular, atualizamos nosso Facebook pelo seu iTouch e assim vai. A verdade é que estamos ficando cada vez mais conectados e cada vez menos vivendo uma vida conectada à realidade – sem contar que estamos cada vez gastando mais. Sinceramente? Tenho medo, muito medo de tudo isso.
Amo muito tudo isso
Se a geração anterior foi a Coca-Cola, nós somos a iGeração. Ao mesmo tempo que tudo isso me encanta, me assusta. O problema é que estamos passando mais tempo dentro do mundo virtual que do mundo real. Esquecemos de olhar nos olhos, como alertou o Márcio Mussarela. E é justamente isso que me amedronta: estamos nos desumanizando. Sabemos fazer textos engraçadinhos e relevantes em 140 caracteres, conseguimos renovar nossas mensagens no Facebook com assuntos interessantes, nossos Tumblrs estão cada vez mais atualizados e nossos blogs, incrementados, mas não conseguimos pensar em soluções fora da rede. Antes que vocês joguem pedras, digo: façam comentários me massacrando, leiam com atenção! Aliás, um de nossos grandes problemas é não saber ouvir críticas. Queremos feedback, mas se ele não for positivo, não nos interessa.
Voltando à questão da tecnologia, que nos desnorteia. Você já parou para pensar que, quando estamos sem internet, não conseguimos fazer nada? Se o computador quebra nossa primeira atitude é ligar para o HelpDesk, porque afinal não conseguimos fazer nada sem o computador. E assim estamos construindo as empresas desse novo século: totalmente informatizadas – o que é ótimo e dinamiza muito a economia e os processos. Mas infelizmente se acontece algum problema, não conseguimos inovar nossa atuação. Se o Outlook não entra, não temos o e-mail de ninguém – bastava ter uma agenda com os e-mails importantes. Se o sistema está falho, não conseguimos resolver certos problemas – quando muitos deles poderiam ser resolvidos se abríssemos as gavetas dos arquivos. Percebem como estamos entrando em um buraco sem fim?
Paralelamente a isso, não conseguimos manter as relações de forma humana. Entramos na sala do chefe, falamos o que queremos e pensamos, porém não temos coragem de olhar no olho dele. O que é isso, minha gente? Olha no olho. Sem medo de sofrer!
Outra coisa: saia da caixa – desta caixa que você está lendo esse post. Olhe para o horizonte, olhe para as pessoas, olhe para o lado. As empresas não conseguem inovar porque seus integrantes não conseguem sair de seus sistemas, processos, dinâmicas. É tudo virtual. Quando entendermos que há vida fora do computador e que ele é apenas uma máquina, talvez vamos conseguir inovar, porque entenderemos o ser humano e não seus rastros virtuais.
Texto de Lucas Rossi para Você S/A