Usuários de Mac, a espera chega ao fim. Junto com o lançamento de uma nova safra de Macs e o fim dos gloriosos MacBooks White – escrevo esse texto numa dessas máquinas –, a Apple tirou a quarta-feira para finalmente lançar seu mais novo sistema operacional. O Lion está disponível na Mac App Store para download imediato. É só pagar os US$ 30 que a companhia pede pela atualização.
Eu venho testando o Lion faz algumas semanas, desde que a versão Golden Master (aquela que precede a versão final para venda) foi liberada na comunidade de developers da Apple. Creio que, mais uma vez, a companhia acertou nas mudanças que promoveu no OS X para deixá-lo mais palatável e fácil de usar para o usuário leigo ou mediano.
OS Lion
Confira abaixo algumas impressões de uso da sétima iteração do OS X.
Com a chegada do novo Mail (o cliente de email nativo do OS X), eu pude dar adeus ao Sparrow Lite, que eu usava na minha máquina. A apresentação de mensagens em formato de conversações, similar ao que o Gmail tem faz anos, torna o acompanhamento dos assuntos muito mais fácil. Sem falar que a interface em tela cheia do aplicativo agiliza muito a vida de quem tem um notebook e precisa aproveitar cada pequeno pixel que o display oferece.
Outra vantagem do aplicativo de email da Apple: arquivar mensagens. Funciona lindamente com o Gmail, do arquirrival Google. Em vez de apagar as mensagens depois de lê-las, eu posso mantê-las no meu email, porém bem distantes da Inbox. Minha única reclamação diz respeito às mensagens enviadas por outro aplicativo que não seja o Mail: elas não aparecem nas threads, infelizmente.
Mission Control
A Apple juntou o Exposé e o Spaces numa coisa só. Depois de configurar os cantos do display do meu MacBook para certos atalhos, basta mover o cursor do mouse para o cima e para a esquerda a fim de acionar o Mission Control.
Mission Control em ação
Nele aparecem todos os aplicativos em execução no momento, organizados com as várias janelas de um mesmo software devidamente agrupadas. Não bastasse isso, o Lion me permite criar novas áreas de trabalho – um conceito Windows, eu sei – e movimentar os aplicativos entre elas. É o máximo que se pode obter da experiência de arrastar-e-soltar, que tende a deixar o uso do computador mais intuitivo.
Fora do Mission Control, mas ainda nessa seara de software para gerenciar melhor aplicativos, apareceu o Launchpad. Ele é inspirado no iPad. Todos os apps instalados na máquina são listados em várias páginas. Para abrir, basta clicar. Funciona corretamente no meu MacBook antigo, mas por vezes a animação que traz o Launchpad para cima das demais janelas dá uma engasgada.
Controle invertido da rolagem
Logo nos primeiros minutos com o Lion, parece que controlar as janelas se inverteu. É isso mesmo: a Apple optou por modificar a forma como o trackpad (ou botão de scroll do mouse) controla aquilo que você está visualizando.
Antes do leão chegar, utilizar dois dedos simultaneamente no trackpad com o movimento de cima para baixo fazia a janelar rolar para baixo. “Descer com os dedos para descer a página”. No Lion funciona ao contrário. Movimentar os dois dedos para baixo faz o documento subir para o seu início. E o mesmo vale para a rolagem horizontal: fazer o movimento da direita para a esquerda leva o documento para a direita (e vice-versa).
Num primeiro momento, eu estranhei controlar a rolagem dessa forma. Mas é algo com o qual a gente acaba se acostumando após algum tempo de uso – menos de um dia, no meu caso. O problema é quando preciso usar o Windows, onde o sistema de rolagem continua do jeito tradicional que todos conhecemos.
Quem não gostar da novidade pode modificar os ajustes de trackpad e mouse para funcionar do jeito.
O Brian Chen, colaborador da Wired, escreveu na análise dele que o controle invertido é o principal demérito do Lion. “A maioria dos gestos similares aos do iPad não se traduzem com eloquência no desktop. Nossos cérebros não estão preparados para mudar a forma da rolagem”. Ele também não gostou do Mission Control e pede o retorno do Exposé. Para o meu editor-chefe Mobilon, rolagem invertida até faz sentido no trackpad, mas não nos mouses com botão de scroll.
Aplicativos em tela cheia
Botão para restaurar tamanho da janela fica na barra de menus da Apple
A Apple sempre se gabou de não oferecer um botão para maximizar janelas (algo que deveria estar restrito aos muitos usuários de Windows). No OS X Lion a coisa muda de figura. Além do Mail renovado, aplicativos como iPhoto e iTunes ganharam o modo de exibição em tela cheia. Ele vale à pena porque dá mais espaço para mexer nas fotos ou navegar no acervo musical – ainda mais nos notebooks, que têm menos espaço.
Imagino que esse recurso não seja tão útil para os donos de iMacs, cujas telas têm tamanho mínimo de 21,5″. Sobra espaço para usar vários apps com muita qualidade.
Reabir janelas na próxima sessão
Quando você for encerrar a sua sessão no Mac, o sistema operacional vai perguntar se você quer que as janelas sejam reabertas numa futura sessão. Marcando que sim, o Lion faz o esforço de, no seu próximo login, reabrir todos os aplicativos e janelas nos quais você trabalhava.
Assegure-se de ter uma boa máquina antes de deixar essa caixa marcada
É um bom recurso para quem quer retomar o sistema operacional exatamente do ponto em que parou, porém tenha em mente que vai demandar maior processamento e memória RAM da máquina.
Algumas considerações se fazem necessárias
Meu MacBook White é velho de guerra – faz parte da segunda safra de 2008. Ainda que o seu processador Core 2 Duo 2,4 GHz continue me atendendo bem, dá para perceber que o Lion não voa nele como acontecia no Snow Leopard. Para quem está na mesma situação que eu, a recomendação é fazer o upgrade na memória (4 GB!).
Justamente por ser uma máquina mais antiga, um dos recursos mais bacanas do Lion não é compatível com o meu hardware. O AirDrop, que possibilita o compartilhamento de arquivos entre pessoas próximas, depende de uma antena Wi-Fi mais recente. Não foi possível testá-lo, portanto. Para quem está na mesma situação, dessa vez a recomendação é usar o Cloud App para enviar arquivos de forma estupidamente fácil no Mac. O colaborador Rodrigo Muniz escreveu um tutorial sobre o Cloud App faz algum tempo.
Também não consegui usar o recurso auto-salvar, que em tese desobriga o usuários de ficar dando Cmd+S a todo momento para armazenar a versão mais recente do documento. Não funcionou em nenhum aplicativo do iWork, até porque a atualização para liberar esse recurso não estava disponível até a manhã dessa quarta-feira.
Instalando o Lion
Funciona em todos os Macs
O OS X Lion está disponível somente na Mac App Store. Custa US$ 30, o que vai dar menos de R$ 50 pelo sistema.
A Apple americana informou que os donos de Macs que não tenham a sorte de possuir uma banda larga decente em suas casas poderão recorrer às lojas físicas da Apple para baixar os quase 4 GB de instalação do Lion. Como você bem sabe, não tem Apple Store no Brasil. Eu perguntei para o pessoal da Apple por aqui se as lojas parceiras da companhia, como Fnac e Fast Shop, permitiram esse empréstimo do Wi-Fi da loja para baixar o sistema. A resposta foi negativa.
Também nos Estados Unidos, a Apple anunciou que vai vender um pendrive com a imagem de instalação do OS X Lion em setembro por algo na casa dos US$ 60. A Apple do Brasil disse não saber se o mesmo produto será oferecido por aqui.
Portanto, meus caros, é hora de arregaçar a sua conexão baixando o mais novo sistema para o seu Mac.
Conclusão
Gostei do Lion. Mesmo com o desempenho inferior ao do Snow Leopard, traz bons recursos. Com a atualização no sistema operacional, a Apple meio que me força a comprar mais memória para a minha já idosa máquina – algo que eu planejo faz meses.
Nesse artigo eu escrevi sobre aquilo que mais me chamou a atenção no OS X novo, mas há diversos recursos interessantes. A Apple fez uma lista com o top 10 para a WWDC, por sinal; você deveria dar uma olhada.
Gostaria de saber como está sendo a sua experiência de uso do Lion. Utilize a área de comentários para dar a sua opinião. Se tiver alguma dúvida, fique à vontade para fazê-la. Vou tentar responder na medida do possível.
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