O Brasil é constantemente listado no topo do ranking dos países mais empreendedores e somos um povo notoriamente reconhecido pela nossa criatividade. Mas, se essa é a nossa realidade, por que aparecemos na lanterna quando o assunto é inovação?
A PASSOS LENTOS
Uma pesquisa realizada em 2010 pelo Sebrae-SP mostrou que 47% das micro e pequenas empresas paulistas raramente introduzem inovações para a melhoria ou novidade de seus negócios. Escassez de recursos, cultura empresarial avessa à cooperação e acesso limitado ao financiamento seriam algumas das várias razões que impedem pequenos empreendedores de inovarem em suas áreas. “Estamos bem atrás, basta ver a quantidade de patentes que lançamos. O Brasil é bom em rever processos e usar a criatividade para lidar com recursos limitados”, afirma Marcos Hashimoto, coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper. Olhando sob a ótica dos desafios a serem enfrentados, quase metade das pequenas empresas ainda não inova. A boa notícia é que, segundo Marcelo Dini – gerente da Unidade Organizacional de Atendimento e Fomento do Sebrae-SP – “já existe uma cultura crescente de implementar melhorias em produtos, processos e novos mercados”.
UM PROBLEMA DE MUITOS
Há quem defenda a ideia de que os empresários brasileiros não colaboram com a evolução do país no campo da inovação. A tese consiste em afirmar que o Brasil é um país puramente de importação e que os caciques das empresas não estariam interessados em concentrar esforços para inovar. Teoria essa desacreditada por Hashimoto. “Não concordo com isso. O problema é que somos vistos puramente como mercado consumidor. Isso porque temos muito potencial, mas o que falta é incentivo. Nossos pesquisadores são muito mal remunerados”, afirma. Pois parece que não somos apenas nós que sofremos com a (falta de) inovação. Em um artigo publicado recentemente pela Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, o autor Marcelo Cherto comenta uma pesquisa que revelou que quatro ideias copiadas e levadas de uma área para outra foram responsáveis por, pelo menos, 80% dos negócios “inovadores” nos Estados Unidos, entre 1965 e 1995, mostrando que não é só por aqui que existe o tal jeitinho de adaptar ideias alheias ao próprio modelo de negócio.
INCUBAR PARA INOVAR
Há quem aposte que as incubadoras são uma opção bem interessante e viável para as startups, pois são consideradas uma espécie de habitat da inovação. Segundo a Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), existem hoje 400 incubadoras, que hospedam cerca de 2,8 mil empreendimentos. “É o berço do empreendedorismo. Inovar exige articulação entre empresas, institutos de pesquisas e fornecedores. Incubadoras são catalisadores”, diz o empreendedor e conselheiro, Eduardo Bom Ângelo. Incubar dá às empresas nascentes uma infraestrutura segura que as permite criar e experimentar coisas novas, o que é crucial para seu crescimento. “Introduzir conceitos de empreendedorismo e relacionamento de negócios junto a estes projetos trará uma maior transferência de pesquisas e patentes das universidades para o ambiente empresarial”, defende Marcelo Dini.