Eu acabo de terminar de ler o primeiro livro brasileiro que li em formato e-book: 50 anos a mil, a autobiografia do Lobão.
Eu li o livro do Lobão no Reader da Saraiva para iPad em 4 dias apesar das suas 600 páginas na versão impressa.
Eu adorei o livro e não consegui parar de ler.
NOTA 10 para o livro do Lobão!
Lobão é um músico carioca polêmico, autêntico, zangado, verdadeiro, talentoso, brilhante, que ao longo da sua trajetória de vida brigou sempre pelo que acreditava, mesmo vendo suas crenças e escolhas impedirem o seu crescimento.
Em determinado momento do livro, ele chega a comentar para si mesmo, “Cara, será que eu tenho complexo do sucesso? Eu acho que tô precisando ir a um psicólogo para resolver isso. Por que eu pulo fora quando chega a hora de fazer sucesso?”
Lobão fundou a Blitz mas pulou fora da banda justamente quando a coisa toda estava prestes a explodir na época do “Você não soube me amar”.
Certa vez, no meio da madrugada, o grande João Gilberto liga para o Lobão chamando o cara para uma conversa que poderia se transformar em uma parceria, mas Lobão meio que ignora porque estava chapado de drogas.
Lobão arrumou briga com Herbert Vianna do Paralamas do Sucesso devido a acusões de plágio, arrumou encrenca com o Caetano Veloso por falta de comunicação, foi colocado no ostracismo pela própria gravadora por ter falado mal dos caras, etc etc etc.
A princípio, poderiamos dizer que a história do Lobão é a história de um músico drogado que resolveu jogar a vida no lixo. Tipo Amy Winehouse.
Ok, pode ser, mas por outro lado, a história do Lobão é a história de um cara, brilhante de um lado e maluco de outro, em eterno conflito entre seguir o status quo do mundo, ou se rebelar contra ele. Tipo você e eu.
Lobão é um exemplo de cara que resolveu se rebelar contra tudo e todos, e sempre quebrou a cara – segundo os conceitos tradicionais de sucesso.
Os seus últimos trabalhos como músico foram lançados de forma independente. Hoje Lobão mora em São Paulo em uma casa de classe média onde grava e produz as suas próprias músicas no estúdio que montou na sua própria casa.
Em determinado momento, anos atrás, Lobão saiu pela estrada tocando absolutamente sozinho porque não tinha grana para pagar outros músicos para tocar com ele.
Inconformado com o status quo da indústria da música, Lobão esteve a frente do projeto da Revista OutraCoisa, que lançou dezenas de artistas independentes e desconhecidos para todo o Brasil com o encarte de CDs em bancas de jornais e revistas. Uma iniciativa empreendedora inédita no Brasil que foi contra a maneira tradicional de vender e produzir música no país.
Politizado, Lobão brigou com as rádios por só tocarem música-jába paga pelas gravadoras. Esteve a frente do projeto de lei que obrigou as gravadoras e editoras a numerar as obras que produzem para melhorar o controle sobre o pagamento de royalts aos artistas.
Antes dessa lei os artistas recebiam relatórios de vendas sem qualquer certeza sobre a veracidade dos números de vendas das suas obras.
O livro traz cenas perturbadoras como o momento da sua vida em que Lobão espanca o próprio pai com o seu violão; quando descreve as piores condições possíveis de vida em uma cela apertada dividida com dezenas de outros presos dentro da prisão; ou quando a mãe, depois que tomou todas, resolve dar em cima dele:
“Ela começou a beber num ritmo furioso, pediu logo uma batida de limão e foi tomando uma atrás da outra… e em menos de meia hora estava em condições lastimáveis… ‘Meu filho, você acha sua mãe uma mulher atraente?’ (…) E eu não estava gostando nada, nada do rumo que a conversa estava tomando… De repente, sinto algo se esfregando na minha perna. ‘Me fala se eu sou uma mulher atraente, vai?’ Aquilo me deu um arrepio de pavor: ‘Pô, mãe, vamos pra casa que você já esgotou sua cota de álcool por hoje.’ ‘Tá bem, tá bem, mas você não namoraria uma pessoa que nem eu?”
Lobão se envolveu com drogas, sexo e rock and roll até o fim da sua alma. Fumou todas, cheirou todas, tentou o suicídio em diferentes momentos, foi preso, andou com traficante, foi para o buraco várias vezes e voltou são e salvo.
Enfim, um excelente exemplo família para você mostrar para os seus filhos.
Hehehe.
O Lobão é um tipo de músico, um tipo de profissional, que a indústria da música não tem interesse em produzir nessa era do politicamente correto que vivemos.
Ser do contra não tem nada a ver nos dias de hoje, certo?
Lobão escolheu ser do contra a sua maneira, e viveu 50 anos a mil por hora.
Certo ou errado não cabe a você julgar. Mas você pode aprender muito com as experiências de vida do autor de Vida Louca Vida… Vida Breve!
Para quem é músico ou curte a criação das coisas, eu particularmente ADOREI as partes do livro onde Lobão descreve em detalhes o processo de criação das suas músicas. Você vai ver mais uma vez que não existe “atalho” para a criatividade. O processo criativo é resultado de pesquisa, brainstorm, diálogo, experiência de vida, rascunhos, experimentações e o escambau até chegar em uma música como “Chorando no Campo” – uma das minhas preferidas do Lobão.
Para conhecer mais da sua personalidade, confira abaixo a entrevista que o Lobão deu para o programa do Danilo Gentili na Bandeirantes.
Lobão é o cara e o livro é o máximo.
Se você é fã de música, de rock e de empreendedorismo, você vai adorar conhecer a história da ascensão, queda e redenção do Lobão, sua família, amigos e luta por um Brasil melhor e mais independente.
Leia 50 Anos a Mil!
E como ele diz no final do livro, “Fique ligado! Porque daqui 50 anos eu vou lançar a segunda parte do livro falando sobre a segunda parte da minha vida que ainda está por vir. A aventura está apenas começando!”.
Eu falo mais sobre o livro do Lobão e sobre a experiência de ler o livro no Reader da Saraiva no DIRETO DAS TRINCHEIRAS 20 que eu vou soltar em breve, fique ligado!
Via RSS de BizRevolution. Um Novo Olhar Sobre As Mesmas Coisas.
Leia em BizRevolution. Um Novo Olhar Sobre As Mesmas Coisas.