Que o logo da Copa de 2014 é horroroso todos já falaram. Que haverá muita lavagem de dinheiro e caixa-dois muitos já suspeitaram. E que choverá gringo chorando em delegacia milhões já imaginaram. E, cá entre nós: nada disso é assunto para este post. Pois, embora o Brasil não tenha a menor infra para realizar tudo o que a FIFA exige, a Copa TÁ AÍ e é isso: vai acontecer, vamos em frente.
É hora de discutirmos o “inevitável”.
Para quem não conhece, Paulo Mendes da Rocha é um dos maiores arquitetos da nossa história. Conquistou o Prêmio Pritzker (o “Oscar” da arquitetura mundial) pela Capela de São Pedro Apóstolo. E nada mais justo, já que falamos de um dos maiores nomes da escola paulista de arquitetura brasileira: movimento que propõe uma arquitetura limpa, crua, objetiva e socialmente responsável.
Entendeu? SOCIALMENTE RESPONSÁVEL.
Diferente da maior parte das discussões que rolam sobre o assunto no país, a grande incógnita é justamente essa: é socialmente responsável sucumbir aos pedidos absurdos do comitê organizador e arcar com os custos de levantar e manter as obras – que não foram desenhadas pensando no uso cotidiano da população – depois dos jogos? Segundo os ingleses, não.
Há 4 anos existe um plano inglês que defende a demolição do Estádio Olímpico de Londres após os jogos de 2012. E sim, parece uma idéia absurda, não? Demolir algo que demorou anos para ficar pronto, consumiu R$1,2 bilhão e só será usado durante 4 semanas? Pois é. Mas o raciocínio e as contas apontam que o reaproveitamento do espaço em um novo estádio (menor e funcional dentro da necessidade da população) é o ideal, pois – acredite – demolir ou reconstruir em proporções menores viabiliza o uso cotidiano dos elefantes brancos espalhados pelo país. E isso vale para o Brasil.
É claro que o tal do Itaquerão vai ficar lotado: São Paulo possui grandes torcidas para isso. Mas e em Manaus? Cuiabá? Natal? Brasília? Os times locais não tem torcida para preencher as arquibancadas e pagar o custo de manutenção destes lugares.
Dizem que esse dinheiro, que deveria ser usado para coisas mais fundamentais (como educação ou saúde), se tornará poltrona confortável pra gringo gritar gol (ou você acha que os ingressos serão vendidos a preços populares?). Já outros, dizem que existe um plano B que aponta o uso de cada um dos estádios após os jogos. Alguns virariam shoppings, outros terão bares, baladas, universidades, hotéis, cinemas, teatros, museus, restaurantes e por aí vai. Será?
Recomendo este vídeo, com o próprio Paulo Mendes da Rocha refletindo um pouco sobre tudo isto. O papo é incrível e merece a nossa atenção:
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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