Apesar de todos os créditos dados ao Steve Jobs em relação aos gadgets que a Apple lançou durante sua gestão, uma coisa é notável quando assistimos alguns keynotes antigos: o homem era um visionário, sim, mas em alguns momentos ficou claro que nem ele sabia exatamente o que tinha em mente para alguns dos seus produtos.
Um bom exemplo disso é a apresentação do primeiro iPhone. Além de chamar alguns dos apps nativos da época de “widgets” (um termo que caiu em completo desuso na plataforma iOS), o Steve se gaba de um Safari que, ao contrário de alguns navegadores portáteis contemporâneos, mostra páginas inteiras em vez de dar ao usuário uma versão condensada dos sites.
Como qualquer usuário de aparelhos com browser portátil deve saber, esse não é exatamente o melhor método para visualizar sites num aparelho de bolso. Ter que navegar por um site numa telinha pequena como a do iPhone não é uma experiência de uso confortável; tanto é que muitos sites (incluindo o próprio Tecnoblog) têm versões mobile de suas páginas. Ironicamente, uma função que o “pai” do iPhone — calma, estou usando o termo de forma liberal! — criticou quando apresentou o smartphone ao mundo.
Outra função que Jobs não tinha em mente quando trouxe o iPhone ou o iPod Touch ao mundo é que as plataformas virariam um competidor de peso no improvável mercado de games portáteis. Já abordei o fenômeno aqui no TB, há pouco mais de um ano, neste artigo que mostrava a influência que a plataforma atingiu em apenas um ano.
Na época, a fatia do mercado de games (conforme ilustrada por vendas de software) havia saltado de 5% para 19%. Aumento considerável, mas não suficiente para desequilibrar o status quo ou assustar os chefões da indústria.
No ano seguinte, a tendência se manteve: games para iOS e Android (sim, o Android Market também entra na conta!) eram responsáveis por 34% das vendas de games portáteis, contra 9% do PSP — voltando a amargar na lanterna de onde nunca realmente saiu — e 57% do todo-poderoso Nintendo DS.
Foi mais ou menos aí que a indústria percebeu que a tendência não iria retroceder, e que o paradigma do console portátil estava seriamente sob ameaça. Os investidores da Nintendo fizeram burburinho tentando convencer a direção da empresa a investir no mercado portátil fora do seu hardware proprietário, algo que o presidente da Nintendo desconsiderou imediatamente.
E agora, em 2011, a situação é esta: