O que está acontecendo no Vale do Silício agora? Foi para falar disso que o investidor Dave McClure, empreendedor do 500 Startups, subiu ao palco do PREI. E ele contou tudo. “Tecnologias online e mobile estão ficando incrivelmente mais baratas agora e mudando a forma de criar”, disse para começar. Mas isso não significa que toda empresa que investe nesse ramo tenha sucesso. Segundo Dave, “de cada 100 empresas que chegam ao mercado, só 20 chegam a dar lucro de verdade”.
Um dos motivos para isso é que muitas empresas têm uma ideia errada do mercado e não enxergam oportunidades em outros lugares. “As pessoas geralmente têm um complexo de inferioridade em relação do Vale do Silício, pensam que esse é o melhor lugar do mundo para trabalhar”, destacou. Para Dave, países como Brasil e Índia estão se tornando ótimas alternativas para empreendedores que querem explorar esse ramo. O investidor aconselha donos de startup de tecnologia a investir em ideias que realmente facilitem a vida das pessoas. “Não copie uma ideia maluca do Vale do Silício só porque parece uma boa ideia”, disse.
Ele também lembrou que é importante conhecer as necessidades de cada população que sua empresa quer atingir. Um bom exemplo é a popularidade das compras online na Índia: “Lá as pessoas são mais tímidas, não têm tanto contato como no Brasil, então, para eles, é bom ter um serviço com o qual eles podem fazer compras sem sair de casa”. Se você está pensando em empreender por aqui mesmo, precisa ficar de olho nas multinacionais que já colocaram o Brasil como prioridade de seus negócios. “Empresas do mundo todo estão vindo para cá e sabem do potencial desse mercado”, completou.
“As pessoas geralmente têm um complexo de inferioridade em relação do Vale do Silício, pensam que esse é o melhor lugar do mundo para trabalhar” – Dave McClure
“A gente ouve muita gente falando: ‘eu tenho uma ideia maravilhosa e vou ganhar R$ 30 milhões no terceiro ano’ e sabe que não é bem por aí”. Foi assim que Yuri Gitahy, do Aceleradora, começou sua palestra no PREI. Ele ressaltou a quantidade de empreendedores que enxergam oportunidades, sabem que o Brasil vive um momento favorável às startups, mas não têm o conhecimento necessário para levar os projetos para frente.
Ele avisou que não ia fazer uma apresentação motivacional, porque as chances de uma startup dar certo são mais baixas do que imaginamos. Não é por acaso que tantas surgem todos os anos e tão poucas conquistam seu espaço no mercado. “A maioria dos empreendedores passa um ano investindo tempo e dinheiro em algo igualzinho ao que o vizinho já faz”, explicou.
Mas como saber se estamos no caminho certo? Yuri ensina startups a buscar modelos “escaláveis” e “repetíveis”, ou seja, negócios que tenham planos de crescer e se reproduzir mesmo depois que a empresa já não é mais novidade. E essa fórmula não tem nada de sorte. Ela envolve um modelo de negócio, escalabilidade, tempo, produtividade e recursos. Para combinar tudo isso, é preciso olhar para o futuro e buscar forma mais eficientes de entregar o produto, mas sem perder a qualidade. Yuri também mostrou que mudar o cenário empreendedor no Brasil signifca mudar a atitude dos donos de startup: “O empreendedor trabalha sem pensar no todo, não ganha dinheiro e depois reclama que o Brasil não tem investidor”.
“A maioria dos empreendedores passa um ano investindo tempo e dinheiro em algo igualzinho ao que o vizinho já faz” – Yuri Gitahy