Cuiabá – O artesanato é um negócio, deve ser tratado como uma profissão e não um hobby, um passatempo. Essas foram as principais mensagens deixadas para os 160 artesãos que participaram do seminário Produtos Criativos para Mega Eventos, nesta quarta-feira (7). Organizado pelo Sebrae e governo do estado, o encontro reuniu palestrantes nacionais e internacionais.
Ao falar sobre Criatividade nos Negócios, o consultor britânico David Parrish relembrou sua própria experiência e disse que é preciso definir o tipo de sucesso que se deseja alcançar. “Esse é um conceito muito pessoal e cada um tem o seu”. Para ele, avaliar os aspectos econômicos é o segundo passo. “É preciso dar valor aos custos de produção. Muitas vezes, não consideramos todos os custos, não computamos, por exemplo, um celular ou o computador familiar, nem mesmo o tempo como criador e estabelecemos um custo que não é o real”.
Segundo ele, na hora de estipular o preço é preciso também entender como o cliente vê o produto, que valor dá a ele. “Frequentemente, o cliente está comprando muito mais do que o objeto, compra uma experiência, a história daquele objeto, a cultura, a habilidade do artesão que o fez, entre outras coisas”. Parrish destacou ainda que o ambiente de venda é muito importante e que também interfere no preço.
Na avaliação do consultor Eloi Zanetti, especialista em Comunicação e Marketing e que trabalha com criatividade há mais de 30 anos, o artesanato de Mato Grosso melhorou muito nos últimos dez anos. “A atividade se refinou, melhorou a qualidade”, disse, compartilhando com a opinião de Parrish de que toda peça artesanal precisa ter uma história a ser contada. Ele enfatizou ainda a necessidade do artesão de cumprir os prazos de entrega do produtos e manter a qualidade, bem como se organizar em unidades produtivas.
O pesquisador e consultor da área de Comercialização em Megaeventos, Tibério Tabosa, fez uma apresentação de como vender o artesanato de Mato Grosso. “A Copa do Mundo FIFA de Futebol já começou e está na hora de trabalhar no desenvolvimento de novos produtos ou no reposicionamento dos que já existem”. Segundo ele, “é preciso fazer links com a gastronomia (decoração de restaurantes, louças e utensílios), com acomodação (hotéis e pousadas), transporte (aeroportos e terminais de ônibus)”.
A artesã Lucileicka Da Vinci, que produz peças em cerâmica e integra a Associação Velarte, de Barra do Garças, já está seguindo esse caminho. Ela está produzindo pratos, travessas e outras peças para restaurantes da capital, usando como mote ícone locais, como caju, pequi e outros frutos do cerrado. Ela conta que as palestras abordaram temas importantes com uma linguagem acessível. “A gente se preocupa mais em ter um preço baixo e não em contar uma história, em valorizar o produto. Estamos desenvolvendo uma linha de itens com a cara de Mato Grosso”. A associação organizou a Feira Natal com Arte na Galeria, que vai até 30 de dezembro.
Elizete Pinheiro, da Cooperativa de Produção de Pau de Balsa, que congrega 66 famílias em Terra Nova do Norte, diz que o seminário abriu portas. “Nas palestras ouvi coisas que nem imaginava, não tinha noção”. Segundo ela, os megaeventos são como alavancas para a produção artesanal. “Nós já tivemos consultoria do Sebrae para o desenvolvimento de novos produtos e vamos criar peças específicas para a Copa do Mundo de Futebol”, adianta.
Feira de Natal
A líder de Turismo e Artesanato no Sebrae do Mato Grosso, Marisbete Gonçalves, citou dois grandes eventos de comercialização de artesanato: o Auto da Paixão e a Feira de Natal, que vai ocorrer de 18 a 23 de dezembro, no Centro de Eventos do Pantanal. Os artesãos interessados em comercializar seus produtos devem procurar o Sebrae.
A diretora do Sebrae no Mato Grosso, Eneida Maria de Oliveira, destacou a importância da valorização da cultura na produção artesanal. Entre as ações programadas para 2012 estão o fortalecimento do artesanato com identidade cultural, fomento à produção de suvenir e a participação em feiras nacionais e internacionais.
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