São Paulo – Nos últimos anos, o Brasil experimenta uma forte onda de criação de startups – empresas nascentes e inovadoras – que, segundo especialistas, vieram para ficar. Mas, há ainda um pouco de “oba, oba” nesse mercado, afirmou o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. “Hoje, são três mil empresas registradas por dia. É uma grande energia criativa que tem um pouco de moda, mas muito de modelo a ser seguido”, disse. Ele participou de um debate com especialistas no assunto no palco Campus Empreendedorismo, na noite dessa sexta-feira (10), no espaço Arena da Campus Party, em São Paulo.
O desafio brasileiro, de acordo com o diretor do Sebrae, é canalizar a energia criativa das startups para novas formas de empreender. “Uma boa ideia e uma boa invenção podem ficar só nisso, se não tiverem um modelo de negócios para seu desenvolvimento”.
O professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e CEO da Gaia Criative, Gil Giardelli, acredita que é preciso aproveitar o atual momento brasileiro, em que investidores do mundo todo estão olhando para o país, e desenvolver um modelo nacional de startups. “Estamos copiando muito o que vem de fora. Está na hora de prestarmos atenção em modos diferentes de fazer negócios no Brasil”. Ele citou como exemplo a Feira do Empreendedor, promovida pelo Sebrae em vários estados. “Em uma feira do Nordeste, conheci uma senhora que criava cabras e que queria saber como inovar. Os empreendedores de startups precisam olhar para essas oportunidades de novos negócios”, destacou.
Para o curador de empreendedorismo da Campus Party 2012, Marcelo Pimenta, os empreendimentos de tecnologia que estão nascendo trazem inovação ao mundo corporativo e fazem com que grandes empresas mudem seus modelos de negócios tradicionais para se adaptar.
Fundador de uma das mais bem-sucedidas empresas de comércio eletrônico do país, Fabio Seixas, da Camiseteria, acredita que o conceito de startup é tão importante que deve permanecer vivo, mesmo depois do empreendimento se tornar algo maior. “As startups testam modelos de negócio o tempo todo. Esse formato precisa ser adaptado para as empresas, em núcleos de inovação e desenvolvimento de produtos e processos”.
Yuri Gitahi, da Aceleradora, empresa que oferece apoio às startups, apontou que o empreendedor do Brasil ainda tem dificuldades para aceitar seus fracassos e aprender com eles. “Os modelos de aceleração americanos não se encaixam no país, porque o brasileiro não está preparado para falhar. Ao sentir que o negócio não prosperou, ele desanima, desiste e não quer contar para ninguém. Diferente do americano, que insiste e aprende com os próprios erros”.
Aprendizado
Fabio Seixas contou que tentou montar três empresas antes de ter sucesso com a Camiseteria. Ele ressaltou que falhar é muito bom para o aprendizado do empresário. “Os empreendedores, principalmente os digitais, não devem ter vergonha de voltar para casa e dizer que o negócio não deu certo. A energia precisa se voltar para um novo empreendimento, utilizando a experiência do anterior”. Seixas elogiou o trabalho do Sebrae no apoio aos empresários de negócios de micro e pequeno porte. Há seis anos, ele cursou o seminário Empretec. “É uma experiência fantástica. Qualquer um que pretenda trabalhar como empresário deve cursar o Empretec”, recomendou.
Convidado para participar do debate, Caio Santos, que desenvolveu uma startup na Bahia, apontou que ainda falta às empresas nascentes mais ajuda governamental. “As entidades e o governo não estão olhando para esse mercado como deveriam. Nós estamos fazendo a diferença em vários setores e precisamos de um apoio maior”.
O professor Gil Giardelli concluiu o debate afirmando que o país será o líder na “nova ordem mundial” e que a tecnologia é a matéria-prima do século XXI. “Temos que aproveitar este Brasil que está sonhando e desenvolver a economia criativa, a sociedade em rede e chamar o empreendedorismo mundial para participar dessa transformação”.
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