Você já pode comprar agora o iPhoto para iPad e iPhone, por US$5. É possível editar as imagens para deixá-las mais bonitas, direto de seu aparelho móvel da Apple. Ele é bem bonito. Mas também é confuso, supérfluo e um pouquinho burro.
O iPad, sem a injeção de US$5, já consegue visualizar seus álbuns de foto. Você pode dar zoom neles, passear pelas imagens (com uma certa lentidão) e mostrar para seus amigos.
O iPhoto quer que você faça mais do que isso com as suas fotos: você pode cortá-las, mudar o contraste, aplicar “filtros nostálgicos e descolados no estilo Instagram” (não é uma citação de verdade) e fazer outras manipulações básicas. E ele faz isso. Dá para fazer tudo. Mas você não pode fazê-las muito bem, e não há muita razão para fazê-las também.
A pilha de recursos é mal posicionada: os menus são inconsistentes — nunca fica claro para onde você deve olhar para abrir uma função específica de edição; e por que não é possível abrir a imagem em tela cheia enquanto você a edita? Talvez seja possível, mas se for foi difícil demais para eu encontrar a opção — e ela existe na versão para desktop do iPhoto. O app tem uma pátina incrível, mas é muito espalhado, perdido e confuso; eu demorei mais tempo para entender como editar do que editando.
E isso não destrói a proposta de uma tela bela e amigável que você carrega e toca por aí? O conceito central do iPad? Sim. Só que o iPhoto é o reverso disso: nada é intuitivo, tudo requer uma caça. Uma bela caça — como se você caçasse girafas — mas continua sendo uma caça.
Mas de onde surgiu toda essa bagunça? Do mesmo lugar de onde o Mountain Lion veio. Novamente, a Apple está tentando fazer algo que não existe no mundo real e físico (no caso, o app iPhoto) parecer com objetos reais. A técnica é chamada de skeumorphism, e na maioria das vezes, ela é constrangedora. Neste caso, ela é muito.
Seus álbuns ficam dispostos em uma brega estante verde-cor-de-água de “vidro” que parecem o tipo de coisa brega que você encontra em casas de praia. Os controles para adicionar efeitos giram em ângulos estranhos como amostras de tinta. As escovas realmente parecem escovas de pintura — não deixa de ser bonito e até prático, mas é um pouco exagerado. As “revistas” de fotos que você pode fazer com seus álbuns — um clara alusão à tentativa de passar emoção gráfica vista na nova Timeline, do Facebook — é apenas redundante.
Há muitos outros apps que fazem o que o iPhoto faz pelo mesmo preço ou mais baratos. Mas mesmo colocando de lado os questionamentos de utilidade e necessidade, as bases de edição e visualização que funcionam tão bem no Mac foram enxaguadas aqui. O que é uma pena.