Brasília – Ainda faltam mais de 24 meses para a bola rolar nos gramados de 12 estádios brasileiros na Copa do Mundo FIFA 2014. Mas, no Rio Grande do Norte, já tem gente correndo por conta do mundial. Não são atletas, mas empresários que, a exemplo dos maiores craques do planeta, querem aproveitar a visibilidade que os jogos trarão para o Brasil.
Com apoio do Programa Sebrae 2014, donos de pequenos negócios de diversos ramos – como hotelaria, produção de flores e bonés – acertam o passo para embalar seus empreendimentos no ritmo da bola. Um deles é o italiano Sílvio Ravagnani, de 52 anos, radicado no Brasil desde 2006. Natural do noroeste da Itália e ex-pescador, ele viu no vilarejo de Pium, na cidade de Parnamirim (RN), distante 26 km de Natal (RN), potencial turístico para construir um resort.
Mata Atlântica preservada, lagoas perenes, praias e dunas formavam o cenário ideal imaginado por Ravagnani para atrair os visitantes. No entanto, o sonho do empresário esbarrou na falta de infraestrutura do local, que era visto apenas como ponto de passagem para os turistas hospedados na capital, e foi arquivado por um tempo.
Guiado por consultores do Sebrae no Rio Grande do Norte, Ravagnani retomou o projeto há um ano atrás. Hoje, de um total de 40 chalés previstos, o resort já conta com quatro. Cada um deles pode receber até cinco pessoas. “As palestras da instituição e as orientações que recebi me fizeram acreditar no negócio. Com a Copa, a empresa vai ganhar força”, diz o italiano.
O potencial turístico do lugar é avalizado pela consultora do Sebrae no estado, Jupira Nunes. Segundo ela, 30 mil pessoas passam pelo vilarejo de Pium todos os meses. “A única atração da localidade era uma feira de frutas. Os visitantes que iam conhecer as belezas naturais da região paravam ali para se refrescar do calor e seguiam para Natal”, conta. “Nossa proposta é aproveitar o potencial do vilarejo para torná-lo ponto de hospedagem”, revela a consultora.
A intervenção do Sebrae já transformou a realidade local, onde vivem cerca de 2,5 mil famílias. Seis proprietários rurais dedicados ao plantio de hortaliças foram orientados a redimensionar a gestão de seus negócios e buscar o associativismo para aumentar a produção. A ideia é abastecer restaurantes e hotéis da capital com a produção gerada nos minifúndios de Parnamirim.
Oportunidade
Até o que era tratado apenas como hobby virou oportunidade de negócio na região. Foi o que aconteceu com a família do aposentado Kenji Matsunae. Sua esposa, Zelda, sempre teve o hábito de cultivar orquídeas. Com ajuda do Sebrae, a família abriu um orquidário e já tem mais de três mil mudas da planta disponíveis para venda. “O Sebrae está fazendo a divulgação e a gente acredita que pode dar certo”, diz Kenji, que se mudou do Japão para o Brasil há 50 anos.
Mas não é só em Parnamirim que a Copa de 2014 abre novas oportunidades. Longe do litoral, em Caicó (RN), região do Seridó, no Centro-Sul do estado, fabricantes de bonés estão animados. O presidente da Associação Seridoense dos Fabricantes de Bonés (Asfab), Agripino Cunha Ribeiro, conta que os 60 empreendedores locais querem aproveitar a oportunidade para divulgar o produto, desenvolvido de forma sustentável. “Temos boa expectativa para o nosso boné ecológico, feito com material reciclável”.
A estratégia dos boneleiros é vender as peças produzidas com algodão orgânico colorido – plantado na Paraíba – e papel reciclado para hotéis, restaurantes e patrocinadores da FIFA. “A Copa tem esse apelo da sustentabilidade e queremos aproveitar o momento”, revela Agripino Ribeiro. Atualmente, o setor produz 500 mil bonés por mês e gera mil empregos diretos e três mil indiretos. “Queremos ampliar esses números rapidamente”, projeta.
Proprietários de pequenos estabelecimentos do comércio também podem aproveitar o mundial para aumentar as vendas. A proposta do Sebrae é reunir comerciantes de diversos produtos, como material de escritório e limpeza, com representantes do consórcio que vai administrar a Arena das Dunas, estádio que está sendo construído para abrigar os jogos em 2014.
A estratégia de colocar frente a frente compradores e vendedores está sendo adotada por 57 hotéis credenciados pela FIFA no estado. “Estamos levantando as demandas do setor para identificar os possíveis fornecedores. Nossa ideia é juntar as duas partes para fomentar pequenos negócios”, explica Célio de Moura, coordenador do Programa Sebrae 2014 no Rio Grande do Norte.
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