Para aqueles que temiam a orkutização do Facebook, em uma nítida fala elitista e preconceituosa, trago uma análise um tanto quanto desanimadora. O programa de rádio Show do Tino, da BEAT 98, vem quebrando paradigmas. Com o ritmo conceituado pela própria emissora de “vibrante para quem é antenado, batalhador, parceiro, confiante e cheio de atitude”, o programa vai ao ar diariamente das 7h às 10h e traz a personagem para lá de popular do Zorra Total, da Rede Globo de Televisão, Valéria Vasquez, que, entre piadas, trotes e leituras das notícias do dia, também analisa perfis do Facebook.
Costurar diversas mídias para um fim comum, seja audiência ou consumo, já é uma realidade de muitos por aí. A maioria dos programas da MTV tem essa pegada de interatividade com o telespectador, ou seja, os VJs apresentam os programas e debatem questões, comentários e o próximo clip com avatares do Twitter ou SMS do público ligado em música. No entanto, a estratégia do Show do Tino me parece bem inovadora ao expandir essa questão para as massas. Vou explicar.
A fan page do locutor Tino Junior conta com significantes 223 mil fãs e antes da entrada ao vivo do humorista Rodrigo Sant’Anna, que encarna a transexual Valéria Vasquez, a produção posta uma foto de Valéria solicitando que quem quiser que seu perfil seja avaliado pela “assessora de poeira e detritos” dê uma curtida. No transcorrer do programa de rádio, ao vivo, Valéria analisa as fotos do álbum, satiriza os ouvintes/perfis a partir de seus cabelos, poses, corpos etc. Tudo de maneira sarcástica, humorada e bem popular.
O interessante neste case é a grande brincadeira que a BEAT 98 consegue realizar através da audiência das massas. O crossmedia, ou transmedia se assim preferirem, que é instaurado nessa conexão TV-rádio-internet é fabuloso e vem dando bons resultados. Podemos observar que a fala e o discurso da personagem Valéria Vasquez, que são inegavelmente marcantes e assimiláveis, são transferidas para o lugar do rádio, que possui outra linguagem, outra forma de interagir.
Este movimento já seria arriscado e fadado ao fracasso se não fosse o talento do humorista Rodrigo Sant’anna (que se adequou ao formato) e a experiência do locutor Tino Junior, juntamente com a produção do programa. Mas a jogada de mestre e ponto-chave de nossa discussão aqui é esse diálogo com o ambiente virtual, a partir da popularização de uma rede social, antes segregada a uma minoria dita cool: o Facebook.
A comunicação está por toda a parte e com as novas tecnologias ela cada vez mais nos atravessa de maneira avassaladora. Tolo será aquele que não conseguir discernir este cenário e bolar um marketing do “tudo mundo junto e misturado”.
Por Diego Cotta, jornalista e pós-graduando em comunicação e marketing em mídias digitais. @cotta_news