Entre as ambições de uma startup, crescer rapidamente ocupa o topo da lista. Todo empreendedor anseia por começar a multiplicar os recursos para, assim, formar uma equipe completa, do técnico ao comercial, passando pelo atendimento ao cliente.
Mas essa visão de curto prazo não é suficiente. De nada adianta montar um robusto quadro de funcionários se eles não estiverem envolvidos com o negócio nem sentirem felicidade no trabalho, pondera Jean-Marc Freuler, cofundador da Funding Gates, em um artigo publicado no site do Young Entrepreneur’s Council.
Conforme a empresa cresce, seus funcionários se sentem distantes do núcleo de decisão e até alienados dos processos. “É nessa hora que começam a buscar oportunidades em outro lugar, onde sejam apreciados e possam por em prática projetos bacanas”, avisa Freuler.
Ele acha que os empresários subestimam demais a importância que seu time dá à satisfação intelectual com seu trabalho. “Para evoluir, precisamos resolver, continuamente, problemas desafiadores. Ser apenas uma peça da engrenagem compensa em uma grande empresa, pelo conforto de ser bem pago. Mas, de repente, as pessoas se dão conta de que perderam seu espírito competitivo e estão ficando desatualizadas”, diz. O próximo passo é parar de questioner a sabedoria convencional e… estacionar.
Quem não se sente nada contente com esse cenário precisa estimular em sua empresa uma outra cultura – que, fundamentalmente, é a de maximizar a felicidade das pessoas com seu trabalho. Só assim uma startup conseguirá fazer um bom produto, que o público ame e comente, segundo Freuler. “Um bom modo de aumentar o nível de felicidade é trabalhar em um lugar em que criatividade e inovação são a norma. E onde as pessoas não toleram trabalhar com quem se contenta com a mediocridade.”
Por outro lado, quem está feliz sempre se motiva a fazer coisas extraordinárias. Só que esse ânimo nem sempre brota naturalmente, é preciso ter um empurrãozinho do chefe. A motivação de um funcionário depende bastante de ele sentir que tem algum poder, que seus superiores confiam nele e, por isso, ele está ganhando responsabilidades. “Isso sim aumenta a felicidade”, afirma Freuler.
Delegar responsabilidades e dar poder aos membros da equipe naturalmente leva à independência deles e, de quebra, ao senso de autocontrole. Cada um trabalha sob suas regras, desde que entregue seu serviço no prazo. “Na Funding Gates, detestamos microgestão. Damos a estrutura e as ferramentas para as pessoas trabalharem e saímos da frente. Isso também deixa a equipe contente”, declara o empreendedor.
Mas a história não para por aí. “Pessoas motivadas são inquietas. Nesse ambiente, elas continuam querendo se aprimorar pessoal e profissionalmente, por isso encontram saídas criativas para os desafios da empresa”, diz. “Mas, para isso, elas precisam se sentir seguras, ou seja, estar em um ambiente que encoraje o risco e valorize os erros – desde que se possa aprender com eles.”
Construir essa cultura é um processo complexo e que leva tempo – mas, segundo Feuler, vale a pena. “Para que ela prevaleça, todo o time deve agir como ‘advogado’ desses conceitos, preservar esse clima e a felicidade de todos os outros. E o empresário nunca deve parar de se perguntar o que pode fazer para deixar seus funcionários mais felizes.”