O LTE brasileiro, a conexão 4G e as cidades agraciadas com tal velocidade foram bem discutidas nas últimas semanas, mas em quais aparelhos tudo isso iria funcionar? Pois bem, a Motorola anunciou hoje o Razr HD, o primeiro smartphone com chip LTE no mercado nacional. O aparelho custará quase dois mil reais, chega em todas as operadoras e é a grande aposta da Motorola por aqui. Colocamos nossas mãos nele para ver se ele vale tudo isso.
De longe, você pode achar que o Razr HD parece demais com a primeira encarnação do Razr, lançada no ano passado. Ao pegá-lo, a sensação muda: enquanto o modelo anterior era muito sisudo, cheio de linhas retas e falta de pegada, o Razr HD tem uma empunhadura bem melhor, com um design mais arredondado na parte traseira. A Motorola também conseguiu aumentar a tela do Razr HD sem torná-lo gigante — o truque aqui foi diminuir as bordas para chegar às 4,7 polegadas, um ganho de 0,4″ em relação ao Razr.
Ele continua fino e não parece um monstro se colocado ao bolso. E isso é bem incrível, já que o aparelho tem uma bateria de 2.500 mAh, com uma promessa de duração de bateria de 16 horas em conversação — e pelo menos um dia inteiro de uso cotidiano. Faz sentido para um aparelho que tem 4G, algo que bebe mais do que aquele Opala que meu tio teve nos anos 80. Para efeito de comparação, o Razr original tinha uma bateria de 1.780 mAh, enquanto o Galaxy S III leva uma bateria de 2.100 mAh.
A tela foi um belo salto da Motorola: a resolução de 720 por 1280 pixels cai muito bem na telona, e compará-la com o Razr original chega a ser cruel. Contra concorrentes mais diretos, a sensação inicial é que a tela do Razr HD não fica muito distante do que vimos no Galaxy S III ou no iPhone 4S. E passear por essa tela é algo bem suave, já que o Razr HD conta com um processador dual-core de 1.5GHz que lida mais do que bem com o Android.
Android esse que, bem, não é o Jelly Bean. Ainda é difícil para nós entendermos por que uma fabricante de hardware que foi comprada pelo Google não lança aparelhos com o sistema mais recente, mas o que temos aqui — e nos outros dois aparelhos que serão lançados nos EUA — é o bom e quase já velho Ice Cream Sandwich. A Motorola Brasil jura de pé juntos que atualizará o aparelho até o fim do ano, e vamos cobrar a promessa. Por enquanto, o que temos é um ICS modificado pela Motorola, que traz de diferente o Chrome como browser padrão. No mais, o mesmo sistema que você já viu bastante por aqui.
Este é o 4G nacional
A rede 4G da Claro ainda não funciona na cidade de São Paulo, mas para mostrar as magias negras da conexão LTE com o novo aparelho da Motorola, a operadora montou um hotspot 4G durante o evento. Os testes obviamente foram feitos em um ambiente fechado, com poucas conexões — apenas quatro aparelhos — mas os números são realmente altos: 55 Mbps de download, 12 Mbps de upload. Medindo em números da vida: baixei um app de 9 MB em um piscar de olhos, abri sites sem nenhum sofrimento e fiquei triste em pensar que, depois dessa experiência de rato de laboratório, voltarei à vida real do 3G.
A Motorola também exibiu uma vídeochamada entre três Razr HD — um em São Paulo, outro em Brasília e um terceiro em Paraty — e as coisas funcionaram (com uma ou outra travada e um áudio às vezes falhado, mas ei, estamos falando de conexão celular). Tudo muito bom, tudo muito bem, mas queremos ver mesmo como a rede se sai quando muitos usuários a utilizarem ao mesmo tempo. E isso faz com que fiquemos com duas dúvidas na cabeça…
Por que agora?
O Razr HD só chega às lojas na primeira semana de outubro, segundo a Motorola, em todas as operadoras. Por R$1.999. É um aparelho com Ice Cream Sandwich, que traz uma tecnologia que por enquanto só funciona em quatro cidades, e em fase de testes. Então por que não esperar a rede 4G começar a ser usada de verdade, vender o aparelho direto com o aguardado Jelly Bean e acabar com minhas perguntas chatas? A impressão passada durante o evento é de que a Motorola queria ser a primeira, para “manter seu histórico de pioneirismo”. Mas veja bem: a Motorola foi a primeira a lançar um Android competitivo, o Milestone, e basicamente preparou o terreno para o sucesso da Samsung — e hoje se esforça para manter sua relevância no mundo dos smartphones. Ser o primeiro não é necessariamente ser o melhor.
O ministro Paulo Bernardo estava lá, ganhou um aparelho enquadrado com os dizeres “o primeiro aparelho 4G do Brasil”. A frase pode ser impactante, mas para o consumidor comum não significa muita coisa. A Motorola terá que torcer bastante para o sucesso do 4G por aqui. E ficar bem esperta com a concorrência, que está cheia de aparelhos bem interessantes. Ficamos no aguardo do lançamento do Razr HD em outubro para ver o que vocês, usuários e consumidores, acham da pressa da Motorola.