Ele é realmente leve. Pequeno também. Impressiona por ser bem construído, principalmente se lembrarmos que ele custa US$200. O Nexus 7 está entre nós e já temos nossas primeiras impressões sobre o interessante tablet do Google — mas como ele se sai no Brasil, com tantas limitações?
Você pode ver o vídeo acima para ver mais detalhes do aparelho e seu uso, mas há mais para dizer sobre a experiência. Quando recebi a caixa do Nexus 7, fiquei impressionado com o tamanho: já vi caixas de smartphones maiores do que isso, oras. Ao abrir, dei de cara com um aparelho muito bem construído, com uma traseira emborrachada que passa muita confiança e não deixa o aparelho com cara feiosa de tanque da Guerra Fria. Em momento algum ele parece um aparelho que custa US$199. Leve, muito leve, a ponto de ser utilizado em qualquer situação ou posição. Poucos botões, poucas portas, tudo muito simples — câmera frontal quase imperceptível, uma porta microUSB, uma entrada padrão de fones de ouvido e três teclas, duas delas de volume e uma para ligar o brinquedo.
Ligado, após adicionar todos os dados do Google, são necessários poucos segundos para entender de forma bem clara o que o tal “Project Butter” do Google significa: este é provavelmente o Android mais rápido que eu já usei, seja em smartphones ou tablets. O processador quad-core sem dúvida ajuda, mas a sensação é de que quase todas as arestas do Android foram aparadas e que a atenção aos detalhes realmente virou o foco da equipe de Andy Rubin. Transições de tela, abertura de apps, trocar de programas no multitarefa. Manteiga derretida numa frigideira pelando.
Mas antes de ligar o brinquedo e me impressionar com sua leveza — tanto física quanto no software — algo em sua caixa me deixou preocupado. Na parte traseira dela, o Google decidiu destacar três das principais habilidades do Nexus 7. Por ordem decrescente: a experiência “pura” do Google, com YouTube, Chrome, Gmail e afins; seu poder de hardware, com processador quad-core, tela HD e câmera frontal e… bem, o principal destaque é chamado de “Made for Google Play”. O Nexus 7 é isso: um tablet criado para usar as espertas novidades da loja do Google — livros, revistas, milhares de filmes… E, caso você ainda não tenha dado play no vídeo ou ainda não tenha juntado os pontos, esta loja não é nossa. Esta nuvem não é nossa. As principais funções de entretenimento do Google Play estão disponíveis apenas nos EUA, e não há previsão de que elas chegarão por aqui.
O que fazer, então, com um tablet criado para consumo de mídia, mas as mídias não estão disponíveis por aqui?
É o que tentaremos responder com o tempo, em um review completo e bem focado na experiência de uso do Nexus 7 por aqui, mas o que já podemos adiantar é: já temos algumas soluções legais, nacionais e com bom conteúdo para usar todo o poder do Nexus 7. Se não podemos alugar filmes no Google Play, o Netflix nacional pode ser seu companheiro. Se a loja de músicas do Google não abre as portas para nós, o Oi Rdio está aí com um enorme acervo para os brasileiros — e há ainda a Rádio UOL, o Sonora e outras opções. Editoras como a Abril e a Globo já oferecem suas revistas no Android, mas ainda veremos como elas se saem em telas de 7 polegadas. Em livros, se você lê em inglês, o app do Kindle está lá, pronto para você. Se não, você pode quebrar um pouco a cabeça para comprar livros digitais da Saraiva e da Cultura.
Tudo isso será avaliado com calma, mas o que podemos dizer desde já é que o Nexus 7 é uma pequena máquina bem incrível: extremamente portátil, com ótima construção e um software mais atraente do que nunca. Por causa de seu tamanho e discrição, não tive problemas nem receios em usá-lo na rua, no ônibus ou no metrô. Só achei ruim o Google não oferecer uma versão com 3G do aparelho — como ele é extremamente móvel, faz todo sentido usar a rede celular para baixar um livro ou ver as redes sociais no ônibus, por exemplo. E há o problema das coisas que não funcionam aqui na parte de software.
Por outro lado, uma das principais novidades de software tem tudo para brilhar aqui…
O Google Now no Brasil
Depois do anúncio da Siri, da Apple, e do S Voice, da Samsung, não foram poucas pessoas que acharam que a próxima grande disputa seria por comandos de voz. Acho que o grande ponto é outro: como criar um sistema de assistência para o usuário, um assistente virtual que ajude a melhorar sua vida — indique a você um restaurante, avise quais cinemas estão cheios, dê caminhos que você usa com frequência. E, para isso, você não precisa obrigatoriamente de comandos de voz. A prova viva é o Google Now.
O Now pode funcionar como um assistente silencioso, que apenas observa seus movimentos e se prepara para ajudar você. Ele é basicamente um organizador com cérebro o suficiente para aprender sobre você e o que você faz baseado em seu uso constante. Ele aprende rapidamente quais rotas você mais faz. Logo, um cartão avisando os horários de saída do seu ônibus surge como destaque. Ele exibe também outras opções de ônibus, mas elas nem sempre acertam. Sem problemas, é só fazer um movimento da direita para a esquerda que o ônibus invasor some. E ele aprende a não exibi-lo mais nesta situação.
E esse é apenas um exemplo: ele dá, por exemplo, sugestões de bons lugares para você visitar nos arredores e exibe todos os comentários e notas que o estabelecimento recebeu, tudo baseado no Google Maps. Se você buscar informações sobre um voo, ele fica guardadinho no cérebro do Now, e quando for preciso, ele exibe novidades e informações sobre. São pequenas coisas que realmente podem deixar seu dia mais fácil. E, se você quiser, dá para usar voz também: no topo do Now, há uma barra de busca. Há o ícone do microfone, e o sistema do Google entende muito bem o português do Brasil. E suas buscas vão ajudando o Now a ficar mais esperto.
Assim como a Siri e o S Voice, o Now tem muito a evoluir: ele ainda parece ser uma versão beta, que requer alguns ajustes. Mesmo assim, ele já sai na frente de seus concorrentes simplesmente por funcionar muito bem por aqui — a Siri até hoje não sabe falar português (enquanto lá fora ela caminha para ser uma boa assistente, com parcerias com o OpenTable, Fandango e outras empresas de software de localização e recomendação), e o S Voice ainda não chegou oficialmente ao Galaxy S III, apesar da promessa da Samsung. Ou seja, por enquanto, o Now é a melhor ferramenta para ser seu parceiro digital, seu robozinho assistente.
E o que você quer saber?
Como já falei, a ideia é fazer um review bem detalhado e localizado sobre o Nexus 7. Ainda é difícil encontrá-lo mesmo nos EUA, mas muitos de vocês devem estar se perguntando se o aparelho é um investimento certeiro mesmo com suas possíveis limitações por aqui. Por isso mesmo, gostaria de saber todas as dúvidas de vocês sobre o aparelho, para que possamos responder o máximo possível delas em nosso teste. Use a caixinha de comentários aí embaixo e abra seu coração. Enquanto isso, vou continuar me divertindo com essa belezinha que a Asus e o Google criaram.