Enquanto a Amazon e sua família Kindle não chegam ao Brasil, as lojas nacionais vão mexendo seus pauzinhos para competir no mercado de e-books. Agora é a vez da Livraria Cultura trazer o e-reader Kobo Touch.
A pré-venda começa à meia-noite da madrugada de hoje (26) para amanhã (27). Os aparelhos vendidos serão entregues no dia 5 de dezembro, mesmo dia em que passam a ser comercializados nas lojas físicas da Cultura. Preço? R$ 399, exatamente a mesma quantia que você desembolsaria por um Positivo Alfa, vendido na concorrente Saraiva.
Para o leitor de e-books, a Livraria Cultura promete um catálogo com 12.000 títulos em português, mais 1 milhão de livros em outras línguas.
O Kobo Touch tem tela de 6 polegadas e 2GB de memória interna, que acomodam mil livros, segundo a empresa – se isso ainda é pouco para você, ele também tem suporte a cartões SD. Ele suporta os formatos PDF, Mobi e ePub, além de imagens, TXT, HTML, RTF e quadrinhos em CBZ ou CBR. A bateria dura cerca de um mês.
O Touch deve ser apenas o primeiro Kobo trazido ao Brasil. No primeiro trimestre de 2013, o tablet Kobo Arc e os e-reades Kobo Glo, com iluminação embutida, e Kobo Mini, com tela de 5″.
Mas a parceria da rede de lojas com a fabricante vai além da venda de aparelhos: também no dia 5 de dezembro, devem ser lançados os aplicativos para iOS e Google da Livraria Cultura/Kobo. Segundo o G1, os títulos comprados pelo usuário ficarão disponíveis na nuvem, podendo ser acessados por qualquer computador ou tablet ou baixados no próprio Kobo Touch. A Amazon faz o mesmo com os e-books do Kindle.
Contra a Amazon
Sergio Herz, presidente-executivo da Livraria Cultura, diz ao G1 que a data de lançamento não foi definida em relação aos planos da Amazon no Brasil: ”Era nosso calendário. Queríamos aproveitar o Natal. Não nos baseamos pela Amazon”. Rumores dizem que a Amazon pode começar a vender e-books no Brasil ainda este ano.
A varejista americana pode não ter influenciado nos planos, mas parece incomodar os executivos das duas empresas: o próprio Herz deu uma indireta na Amazon, afirmando à Folha que, com o Kobo e os e-books da Cultura, “o livro é seu, você pode copiá-lo para outros aparelhos” — os livros eletrônicos vendidos pela Amazon são compatíveis apenas com o Kindle e seus apps oficiais.
Já Todd Humphrey, vice-presidente da Kobo, se mostrou otimista com relação à parceira, mas também tomou a Amazon como possível ameaça: ele declarou que a parceria com a Cultura ”não deixará chance para a Amazon no país”.
Seja como for, o fato é que o mercado de e-books no Brasil ainda é muito incipiente — em 2011, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), as receitas não chegaram a R$ 1 milhão, enquanto o mercado editorial gera R$ 4,8 Bilhões. O próprio Sergio Herz admite isso:
“Queremos que o Brasil leia mais”, disse. “O mercado de e-books ainda é pequeno no Brasil. Comprar livros digitais era complicado. Com o Kobo Touch, vamos incentivar esse mercado”, acrescentou.
Até agora, as iniciativas nacionais, como o Positivo Alfa, não deram muito resultado. Esperamos que seja diferente dessa vez – ei, concorrência é sempre bom. [Folha e G1]
Foto por Antony Bennison/Flickr