Imagine que você entra no Facebook e vê um anúncio de uma companhia aérea, que promove viagens pela metade do preço. No começo você não se importa, porque você não está planejando viajar, mas no dia seguinte surge uma viagem de última hora. Onde comprar o bilhete? Então, você se lembra de ter visto uma promoção no Facebook e você vai diretamente para a empresa antes mencionada. O problema para você? Nenhum, porque você encontrou o que queria. E o problema para o Facebook? Sua publicidade em si tem sido eficaz, mas você não clicou sobre ela.
Este é apenas um exemplo que aconteceu comigo pessoalmente (não com passagens), mas com certeza vai acontecer muito mais. O Facebook tem interesse em medir tudo relacionado aos seus anúncios e assim melhorar sua eficácia. Até agora, isso era feito através dos cliques que determinada peça recebia, mas para evitar casos como disse acima, o Facebook irá introduzira as “View tags”, alguns cookies que serão usados para detectar se um anúncio gerou um conversão, mesmo que não tenha sido visto a partir da rede social.
Como funcionam as View Tags?
A operação das “View Tags” depende de um cookie. Um cookie é um pequeno arquivo de dados que é armazenado no computador do usuário e é frequentemente utilizado pela publicidade que vemos online. Outros usos comuns é a personalização (por exemplo, se uma página escolher sempre ser exibida em determinado idioma, Youtube é um exemplo.) ou a medição (que permite precisamente medir, por exemplo, o número de vezes que um foi mostrado e qual o tipo do anúncio).
Quando um usuário vê um anúncio no Facebook, e apesar de não clicar sobre ele, o computador armazena um cookie que indica que ele viu este anúncio específico. Se depois o usuário acabar comprando o produto ou contratar os serviços oferecidos, pelo fato do cookie estar presente no PC, pode saber exatamente o que o usuário viu anúncio antes de tomar a decisão de agir. O esquema é que deixamos abaixo, foi publicado no TechCrunch , um artigo que explica perfeitamente esta operação:
Por agora, este tipo de publicidade está disponível apenas para um pequeno grupo de anunciantes que está trabalhando com o Facebook. Será que funciona? Sim, de acordo com alguns relatórios iniciais. Especificamente, a SocialCod afirma ter chegado a 5924 as pessoas que visualizaram os anúncios de seus clientes. Destes, apenas 797 vieram através do clique no anúncio no Facebook, os outros 5127 não clicaram, mas foram alcançados de qualquer forma.
As limitações deste sistema
Como já expliquei, para que a função “view tags” funcione, o anúncio tem de ser capaz de colocar um cookie no computador do usuário. Mas o que acontece se não for assim? Há sempre a possibilidade de habilitar complementos para evitar este tipo de “tracking” (os usuários estão cada vez mais preocupados com a sua privacidade) e também as configurações de privacidade já estão começando a vir ativada por padrão nos navegadores (por exemplo, o famoso Do Not Track).
Não só isso, mas esta medida é relativa: se eu for para Facebook e vejo o anúncio, mas também tenho visto em outros sites, quem deve levar o crédito? E se me mostrou o anúncio na rede social, mas eu o ignorei e, eventualmente, descobri a existência da oferta / promoção por terceiros? Aqui, o sistema favorece claramente o Facebook, supondo coisas que podem não ser totalmente verdade.
Finalmente, não podemos esquecer os problemas com a privacidade desta forma de atuar. É verdade que o acompanhamento on-line através de cookies é comum e difundido na rede, mas já sabemos que o Facebook não está sendo visto com bons olhos pelos órgãos que se dedicam à privacidade e à proteção de dados. Será que vamos ver uma nova polêmica?
Uma medida positiva, mas real?
Não é difícil entender as razões pelas quais o Facebook decidiu implementar este sistema, embora possa ser um pouco invasivo para o usuário. Outras plataformas já oferecem isso a tempo, por isso não é novo. Por que agora? Porque a rede social continua empenhada em demonstrar que sua publicidade funciona, embora não no nível de cliques. Um novo passo para a monetização do Facebook de todos os seus serviços. Acabará bem tudo isso?
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