Entretanto, as pesquisas não cansam de apontar as relações fortes que se tornaram frágeis depois do acesso desenfreado dos canais. Uma pesquisa da Universidade de Denver revelou que 40% das pessoas ouvidas evitam pessoalmente alguém que as tenha excluído do seu Facebook. E por que excluem? Os motivos são os mais simples, como excesso de posts, conteúdos irrelevantes, visões políticas ou religiosas conflitantes, ou seja, por causa do comportamento nas redes sociais, o outro é riscado da nossa vida pessoal. Alguns radicais dizem que nossa vida tornou-se um grande game de adicionar e bloquear e quanto mais interações a gente estabelecer na rede, mais bem sucedidos na vida somos. É como um vício e, sim, estamos mais do que viciados!
Crédito da imagem: Pond5.
Para a neuropsicologia, quanto mais usamos aquilo que gostamos, mais ativamos substâncias de ação motivacional no cérebro. Esse sistema inclui o núcleo acumbente, uma estrutura cerebral antiga que recompensa comportamentos importantes para a vida do indivíduo, fazendo com que ele volte a buscar o que proporcionou aquela sensação boa – de saciedade, realização ou êxito. Porém, quanto mais abusamos daquilo que nos dá prazer, mais nos tornamos suscetíveis à frustração quando o retorno esperado não é o obtido.
Como sabemos que nada em excesso é saudável, o relacionamento exagerado e a migração de valores para o “quanto relevante você é na rede” tende a modificar – e ampliar – o escopo de conflitos sociais. A briga do casal não é mais só para decidir quem vai lavar a louça, mas também pela aquela indireta de fulano na timeline.
O sucesso dos smartphones que disputam a atenção dos amigos nas mesas dos bares advém principalmente no vício de se relacionar virtualmente e “medir” o nível social e aprovação de suas ações via “likes”. A prova de que isso não é saudável está no inúmero surgimento de novas psicopatologias. Devemos deixar de usar o Facebook? Claro que não, até porque ele tem várias outras utilidades para além do entretenimento. O que devemos é refletir é sobre a nossa noção de realização, que deve existir antes de mais nada, fora da rede. E, sim, você deve imaginar a sua vida fora da rede, porque não é culpa do Facebook, mas de nós que não sabemos nos relacionar sem exceder.