Já explicamos o que são e pra que servem as networks e também quais estão no Brasil e suas diferentes formas de atuação… mas como saber se realmente vale a pena fazer parte de uma?
Quando você se junta à uma network, você é obrigado a se desligar do plano de parcerias do próprio Youtube e passa a estar plenamento nas mãos da rede escolhida por você. O próprio Youtube tem regras bem rígidas pra permitir a criação de novas networks e, geralmente, elas estão ligadas ao quanto aquela rede vai agregar valor ao ecossistema do Youtube e ao trabalho dos próprios youtubers.
Após muito estudar, conversar e pesquisar, cheguei a uma conclusão um tanto paradoxal sobre as networks. Vejo as networks como o futuro e a solução para o volume crescente e ingerenciável de conteúdo no YouTube. Por outro lado, não vejo como a maioria das networks poderia ajudar a maioria dos canais brasileiros na conjuntura atual.
Abaixo você encontra argumentos pra não se juntar a uma network, outros que incentivam que você o faça e também um infográfico com os principais pontos que você deve considerar na sua avaliação.
Por que não?
No caso dos canais grandes, a casa já está mais ou menos em ordem, e seus criadores em geral não precisam da consultoria de uma network para aprimorar seu canal/conteúdo ou de alguém para bancar suas produções (ainda mais caso seja preciso dividir os resultados com a network). Afinal, se você já construiu seu público e o mantém bem, por que iria abrir mão de 30-40% dos seus ganhos?
No entanto, esses são os canais que recebem maior atenção das networks, justamente por serem uma vitrine para atrair os canais pequenos… que dificilmente receberão o mesmo cuidado.
- É humanamente impossível oferecer atendimento 24 horas por dia, 7 dias por semana, para milhares de canais (como é oferecido para canais grandes)
- Ao abrigar MUITOS canais, vários deles realmente não têm tanto assim a oferecer e fatalmente acabarão perecendo ao longo do tempo, só sendo substituídos por novos candidatos.
A saída para isso seria buscar networks de nicho ou focadas em poucos canais, mas essas também só funcionam enquanto o nicho for pequeno, ou pior, essas próprias networks podem NÃO QUERER se expandir demais para perder seu foco, deixando muita gente de fora.
Por que sim?
Uma boa vantagem que as networks poderiam oferecer é mais dinheiro, com um CPM mais alto. No entanto, no Brasil, isso também enfrenta seus problemas. A demanda pelo espaço nos vídeos brasileiros por parte dos anunciantes ainda é insipiente para garantir um valor interessante de verdade no caso de um CPM variável e também não sustenta sequer os US$2 fixos oferecidos pela Machinima, por exemplo.
Apesar de esforços louváveis da ParaMaker e de outras networks que em breve tentarão vender anúncios diretamente aqui, o mercado brasileiro é mais complexo e emaranhado do que isso e exigiria uma reforma estrutural muito maior na maneira como as campanhas publicitárias são criadas e destinadas (mais de 60% da verba nacional vai pra TV), já que a internet hoje sempre costuma ficar em segundo plano (e geralmente concentrada em grandes portais), para de fato sustentar as ambições e a escala dessas grandes networks em terras tupiniquins.
Acredito que criadores de conteúdo, grandes ou pequenos, DEVEM entrar para uma network, pois está cada vez mais difícil fazer com que seu conteúdo CHEGUE às pessoas no YouTube, e também porque fazer parte de uma comunidade é sempre ótimo para que você possa crescer e encontrar oportunidades melhores sempre mais e mais. No entanto, talvez o YouTube seja um ambiente menos inclusivo do que gostaríamos de imaginar, e os modelos atuais precisem ser revistos para poderem se sustentar.
Dito isso, acho que o mais importante é buscar as pessoas que estão produzindo conteúdo similar ao seu e consolidar um grupo forte e coeso. Independente de qual for o seu nicho, esqueça a ideia de competição e colabore e compartilhe conhecimento. A rigor, você e outros dois ou três canais podem se juntar e formar sua própria network. Ou você pode se dar melhor em um grande grupo.
Só quem pode decidir isso é você. Mas não se isole. No longo prazo, isso vai matar seu conteúdo em um ambiente como o YouTube, na minha modesta opinião.
Como bom capiau que sou, depois de tanta prosa sobre esse mundão interwébico veio sem porteira, fico até sem jeito de não oferecer uma resposta mais conclusiva a você que se deu ao trabalho de ler até aqui. No entanto, me despeço com um adágio atemporal para momentos de incerteza e grandes mudanças como os de agora: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Então… fique esperto.