Depois do caos ocorrido na última quinta-feira, em São Paulo, e da repressão igualmente violenta em protestos em Brasília e Rio de Janeiro durante o final de semana, a cidade de São Paulo se prepara para o que deve ser o maior encontro de pessoas insatisfeitas com a cidade nas últimas duas décadas. E se aprendemos a usar a veia mais democrática nas redes sociais na última semana, separamos agora algumas boas práticas para você encontrar informação de valor em diversas plataformas, além de algumas dicas para saber como e o que compartilhar.
Por ser a rede social mais frenética e crua da internet, você provavelmente encontrará o máximo possível de informações por lá. Provavelmente toda sua timeline estará falando sobre isso, mas há pequenos truques para ir além das pessoas que você segue — e para encontrar o que há de mais quente.
Em primeiro lugar, as hashtags são importantes. Esqueça aquelas bizarrices dos trending topics cotidianos, estamos falando de um agrupamento importante de informações (que é, na essência, a proposta original da hashtag). E, hoje, as informações mais quentes devem chegar das hashtags #protestosp, #vemprarua e #sp17j.
Mais do que isso, você deve seguir alguns perfis que estarão hoje no protesto, que acontece no Largo da Batata: Bruno Torturra, jornalista e ativista, tem acompanhado de perto todos os protestos, assim como Eduardo Roberto, da Vice, Amanda Previdelli, da Exame, Piero Locatelli, da Carta Capital, e tantos outros. Se não quiser seguir tanta gente assim, um coletivo de jornalistas independentes criou o Repórter da Internet, que pretende passar um pente fino nas informações que chegam pelo Twitter e ainda reportar direto do local tudo o que está acontecendo.
Filtrar, aliás, é importante: como o Twitter é muito veloz, as chances de notícias não confirmadas circularem é enorme. Neste caso, usar a Busca Avançada da rede social pode ser bem útil:
– Você pode fazer buscas apenas de imagens do protesto, divulgadas em vários serviços de hospedagem. Basta fazer, por exemplo, uma busca assim:
“#protestosp” twitpic OR yfrog OR post.ly OR twitgoo OR pikchur filter:links
– É possível fazer buscas sem RTs e menções. Isso ajuda a diminuir a bagunça, já que tuítes importantes e de perfis com muitos seguidores serão mencionados diversas vezes. Para tirar a redundância do caminho e só receber as informações mais recentes, faça buscas com este modelo:
“#protestosp” -rt -via
– Por fim, se você quer receber o que há de mais recente fora do Twitter, com links para outros lugares (jornais, portais, blogs, outras redes sociais), adicione a hashtag #aovivo ao pacote e faça buscas mais específicas, como:
“#aovivo” OR “#protestosp” OR “#vemprarua” -rt filter:links
Apesar do caráter menos imediatista, o Facebook tem sido uma ótima fonte para encontrar detalhes mais aprofundados sobre os protestos. Alexandre Rosas, por exemplo, compilou um ótimo quinhão de informações importantes para quem pretende ir ao protesto – desde questões legais até o que fazer caso o gás lacriomgêneo entre em seus pulmões. Max Machado fez um guia gráfico interessante sobre o que levar e como se proteger e se portar nas ruas lotadas.
A página Mobilizados também será atualizada com altíssima frequência, usando algumas hashtags diferentes: #mobilizados, #passelivre e #mobajuda, específico para ajudar pessoas que possam vir a se ferir no protesto. O coletivo Repórter de Internet também está na rede social, e pode ajudar.
E, se parecia besteira o fato de o Facebook finalmente aceitar hashtags, elas não poderiam chegar em melhor hora: basta buscar o termo com hashtag (#protestosp, por exemplo) e acompanhar o fluxo de informações.
Registrar é preciso, e fotos muitas vezes falam mais do que um punhado de palavras. Por isso a velocidade do Instagram é muito bem-vinda em momentos como esse. Aqui, novamente, busque e use hashtags importantes.
Mas, além disso, caso você queira acompanhar pelo computador, use o Statigram para isso — você verá tudo que está sendo compartilhado (exemplo). Você também pode acompanhar as imagens com geolocalização próximas ao Largo da Batata — basta procurar o termo ou clicar aqui para ver na tela do computador.
YouTube
No quarto protesto, grande parte das cenas mais fortes da violência policial e do abuso de poder surgiu no YouTube, filmados do meio do protesto ou do alto de prédios adjacentes ao caminho da passeata. Apesar de não usarmos hashtags no YouTube, você pode procurar algumas palavras-chave e ir em busca do que foi publicado na última hora, por exemplo, no serviço — clique aqui para ver um exemplo.
E tenha bom senso
Além de acompanhar, você provavelmente irá querer compartilhar informações com mais pessoas. Isso é ótimo, mas é bom que todos usemos a máxima do bom senso: compartilhe apenas imagens, vídeos e informações que não o deixem com uma pulga atrás da orelha, com aquela dúvida sobre se é verdade ou não. Na quinta-feira, por exemplo, parte das pessoas acreditou ter visto um tanque de guerra na Avenida Paulista, e compartilhou a informação. A notícia correu a rede, mas tratava-se apenas dos enormes veículos do Choque, com aspecto sinistro criado realmente para causar pânico.
É preciso tomar cuidado: procure compartilhar primeiro o que pode ajudar pessoas em situação de risco e feridos; depois usemos alguns segundos a mais para pensar se tais imagens são mesmo do protesto; e mostremos, de forma rápida e ao mesmo tempo qualificada, o que está acontecendo. Nós estaremos lá. Para quem não puder ir, esperamos que as redes sociais ajudem mais uma vez. E, se você tiver mais sugestões de formas de acompanhar o que acontecerá hoje, compartilhe nos comentários. Isso é importante.