Acatando uma determinação da European Union Court of Justice (ECJ), o Google precisou oferecer aos usuários europeus uma ferramenta que permitisse solicitar a remoção de conteúdos que fossem considerados ‘irrelevantes, inadequados ou não mais relevantes’. A decisão judicial veio após um processo movido pelo espanhol Mario Costeja Gonzalez, que pedia a remoção de links sobre um leilão da sua atual casa, já que as informações não eram mais relevantes e invadiam a sua privacidade.
A surpresa ficou por conta do elevado número de interessados em ‘sumir’ dos resultados do Google. Logo no primeiro dia em que a ferramenta foi disponibilizada, na última sexta-feira, foram recebidos mais de 12 mil pedidos de retirada de links sobre os requerentes, de acordo com um porta-voz da empresa na Alemanha. Em horários de pico, novos pedidos chegavam a cada 20 minutos.
Isso deverá dar uma trabalheira para o Google, que irá examinar cada uma das solicitações, para averiguar se elas cumprem os requisitos determinados pela justiça. Talvez por isso a empresa não tenha informado quanto tempo levará para efetivamente remover tais links dos seus resultados de busca.
O Google vai avaliar cada uma das solicitações, para ver se elas cumprem os requisitos determinados pela justiça
A retirada dos links da busca, no entanto, não apaga o conteúdo da rede. Os textos e páginas continuarão acessíveis, mas não serão mais indexados pelo buscador.
Curiosamente, entre os primeiros interessados em remover informações sobre si mesmo do Google estavam um político que pedia a remoção de um link sobre seu comportamento profissional; um médico que requeria a retirada de uma resenha sobre seu atendimento; e um homem que tentou assassinar a própria família, que solicitava o fim dos links sobre essa notícia.
As mudanças vão ocorrer apenas nas versões europeias do Google, o que fará que elas tragam resultados bem diferentes das pesquisas feitas no Google dos EUA, por exemplo
Existem ainda muitos questionamentos sobre a efetividade de tal proposta da justiça europeia, ainda mais considerando que as mudanças vão ocorrer apenas nas versões do Google de países europeus, o que pode fazer a busca localizada trazer resultados muito diferentes das pesquisas feitas no Google norte-americano, por exemplo.
Em entrevista ao Financial Times, o CEO Larry Page demonstrou desconforto e frustração com a decisão da justiça na Europa, alegando que a medida pode causar um mau precedente, que encoraja outros países a censurarem seus cidadãos. “Essa decisão será usada por outros governos, que não são tão progressistas e avançados como os europeus, para fazer coisas ruins”, concluiu ele.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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