Durante um bom tempo, pesquisadores disseram que a Geração Y (formada por indivíduos nascidos do final da década de 1970 até o início da década de 1990) era a mais inovadora e transformadora. Vimos a pesquisa Sonho Brasileiro, a Jovens Conectados e tantas outras mostrarem jovens dizendo que se preocupavam tanto com o mundo e a felicidade quanto com o dinheiro. O movimento de inovação e empreendedorismo, por ter abraçado tanto os jovens millennials (outro nome desta turma) também acabaram por definir que esta era a geração da qual se podia esperar o futuro.
Agora, o que se diz é que, mesmo com tanto acesso a informação, tecnologia, apoio e oportunidades, os Geração Y não são tudo aquilo. Um colunista do site Salon chegou a alegar que “os millenials já eram: como um estereótipo irresponsável foi finalmente suplantado”. Bem, e como isso foi pelo ralo? Com outra pesquisa. A empresa de pesquisa Millennial Branding e a empresa de Recursos Humanos Randstad conversaram com integrantes da Geração Y e da Geração Z (nascidos entre meados de 1990 até meados de 2010) em 10 países e descobriram algo curioso.
Agora, apenas 15% dos millennials estão preocupados com um emprego cheio de significado, de propósito e 40% estão preocupados com ter mais dinheiro. Mas os pesquisadores não atribuem a mudança de foco simplesmente por causa da passagem do tempo (jovens se preocupariam mais com dinheiro à medida em que se tornam adultos mais maduros). Eles acreditam que tanta propaganda sobre caras como Mark Zuckerberg e David Karp, que criaram o Facebook e o Tumblr em tenra idade, proporcionou aos Y uma expectativa muito grande com relação a trabalharem com coisas que todo mundo ia amar e que, por isso, traria muito dinheiro sem se preocupar diretamente com isso. Mas isso não aconteceu de forma tão distribuída. “Antigamente, os Y diziam que as gerações anteriores venderam sua alma em troca de empregos chatos em empresas tradicionais, mas agora vemos que os Y estão vendendo sua alma também e se preocupam com vazamentos de fotos de celebridades nuas e desafios de balde de gelo”, comentou um representante da pesquisa.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores apontaram que a Geração Z, com jovens que hoje tem até 23 anos, tem os verdadeiros nativos digitais e nascidos sociais – portanto, já crescem mais definidos com relação ao estado atual da comunicação, da tecnologia e da forma de fazer as coisas no mundo. Quase 80% desses “novos jovens” estão preocupados em fazer um estágio de trabalho já durante o Ensino Médio. Os pesquisadores dizem que eles viram o quanto a Geração Y rala para conseguir qualquer coisa e ficam preocupados.
Mas não é só isso: empresas, especialmente empresas badaladas do Vale do Silício, baseadas em Internet, estão com dificuldade de adquirir talentos, contratar pessoas (as empresas competem com muita força pelos melhores) e já estão passando a cortejar a Geração Z, contratando estagiários a preço de ouro. Empresas como Facebook, Linkedin, Twitter, Microsoft, eBay, Airbnb e Yahoo!, entre outros, chegam a pagar entre 6 mil e 7 mil dólares para estagiários que ainda estavam no Ensino Médio! Isso significa que estudantes conseguem ganhar durante o verão tanto quanto a média de profissionais ganham em um ano inteiro de trabalho.
Pagar tanto assim para estagiários ainda não virou moda no Brasil, mas imagina o que sobra, por exemplo, para as startups, que geralmente não tem dinheiro nem para remunerar os fundadores, muito menos contratar alguém top do mercado. Também fica difícil ter co-fundadores (e não pagá-los), pois todo mundo ligeiramente esperto, criativo e realizador tem uma ideia melhor do que a outra, nem sempre se sujeitando a trabalhar na ideia do colega. A esperança eram os estagiários baratos (que já não são tão baratos quando a startup não tem faturamento).
Nem sei se desejo Feliz Dia das Crianças ao meu afilhado de 10 anos de idade, que já me dá conselhos sobre desenvolvimento de aplicativos, comunidades e jogos. Vai que, aos 13 anos de idade, vai estar ganhando tanto dinheiro como autônomo quanto eu ganho hoje como empreendedor – beeem mais do que eu ganhava como estagiário aos 13 anos, durante o pouco antes do Ensino Médio. O que espero é que ele valha isso e que isso valha para ele.
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