Na década de 70, Vint Cerf foi um dos engenheiros que trabalharam na ARPANET, a antecessora militar da internet. Junto ao cientista da computação Bob Kahn, ele criou uma forma de fazer máquinas conversarem entre si através de TCP/IP, uma das bases para a nossa internet moderna.
Hoje em dia, a figura decididamente paterna de Cerf ainda se preocupa com a rede que ajudou a criar; especificamente, ele quer salvar a informação digital para a posteridade.
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Em uma entrevista à BBC, Cerf levanta a possibilidade de que, em algumas décadas, os formatos de arquivo atuais se tornarão obscuros e ilegíveis. Como eu passei a maior parte da semana passada lutando para ler um arquivo de dados antigo do Outlook no Windows 8, eu entendo essa dor.
Cerf levanta uma preocupação totalmente legítima. Sem as ferramentas para interpretar um formato de arquivo particular, tudo que você realmente salva é uma lista longa e indecifrável de zeros e uns. É fácil ignorar as camadas e camadas de complexidade para se ler um arquivo.
Este não é um mero problema abstrato. No ano passado, uma equipe da NASA tentou restaurar fotos de um módulo lunar dos anos 60, e passou por essa mesma situação: os dados estavam presos em fitas cassetes antigas, e o hardware necessário para extrair as imagens não é mais fabricado há décadas.
O Internet Archive, site mais conhecido por guardar versões antigas de páginas web, tem uma abordagem própria para preservar elementos da internet: por exemplo, emuladores de jogos antigos para DOS que qualquer um pode jogar em um navegador moderno. Essa é uma boa abordagem para o curto prazo, mas Cerf acredita que é necessária uma solução mais abrangente para armazenar dados digitais por milênios.
Ele chama sua solução de “pergaminho digital”: um snapshot completo de tudo o que for necessário para interpretar um arquivo particular. Por exemplo: para abrir um arquivo .psd do Photoshop, você precisaria do próprio Photoshop, e também de uma cópia do Windows, de todos os drivers para o hardware, e até do código de firmware e montagem dos chips. Segundo Cerf, essa é a única forma de garantir que os arqueólogos de décadas futuras possam ver os arquivos importantes que deixamos (ou nossas fotos do Facebook).
A palestra completa de Cerf na Universidade Carnegie Mellon está disponível neste link. [BBC]
Foto por Joi Ito/Flickr
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