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Não precisamos ser melhores, precisamos voltar a ser únicos


Cada uma das crianças que você encontra em um jardim de infância é única. Elas têm os seus próprios desejos e enfrentam a vida cada uma à sua maneira. Tentam compreender o mundo à sua volta através das suas experiências, vivendo ao mesmo tempo uma vida unida a tudo e diferenciada de tudo. Conforme o tempo passa, essas crianças vão se encaixotando, como se a vida delas fosse uma imensa esteira, de uma enorme fábrica, que dá forma a novos seres humanos “padronizados”. É só observar um adolescente escolhendo que carreira seguir e enxergamos essa “fabricação de seres humanos” acontecendo. Um adolescente não cria suas oportunidades, ele as escolhe. Isso tem um impacto muito grande na sua vida, porque ele talvez possa passar toda ela tentando se “enquadrar” em uma profissão, ao invés de recriá-la. É um processo de domesticação humana, que nos forma para sermos melhores que os outros, ao invés de sermos únicos, que é o que de fato somos.

5 FORMAS DE PENSAR SOBRE A VIDA
Lendo Tribal Leadership, que trata sobre como identificar e posicionar a cultura da sua empresa, para destacá-la no mercado, aprendi que podemos dividir as maneiras com a qual encaramos a vida em cinco:

  1. “A vida é uma merda”
  2. “A minha vida é uma merda”
  3. “Eu sou melhor que os outros”
  4. “Nós somos os melhores”
  5. “A vida é maravilhosa”

Aqueles que pensam que “a vida é uma merda”, geralmente apoiam-se em drogas e outras atividades ilícitas que não somente fazem mal a si próprios, mas também a sociedade. Para eles, a vida é mesmo uma droga e não vale à pena lutar por ela. Já aqueles que pensam “que a sua própria vida é que é uma merda”, ficam querendo ter sempre algo que não tem e sentem inveja daqueles que conseguiram conquistá-lo. Lutam para se tornar melhores e deixar as outras pessoas para trás. Os que pensam que “eles é que são os melhores”, apoiam-se totalmente nas circunstâncias da vida e no status quo para manterem-se vivos, lutando como um abutre disputando um pedaço de carniça pelos seus próprios interesses. Quem pensa “nós somos os melhores”, fazem parte de um grupo seleto de pessoas que confiam umas nas outras, mas ainda assim caem na ilusão de que só o seu grupo é o melhor. Apesar do senso de comunidade, isso os afasta de outros grupos sociais e gera inúmeros problemas de preconceito.

Agora quem pensa que a vida é maravilhosa, realmente vive esta vida maravilhosa. Não porque considere todos melhores, mas por não concorrerem com ninguém. Elas se consideram únicas e, sendo únicas, são diferentemente iguais às outras pessoas e aproveitam a vida como uma incrível oportunidade de errar, aprender e caminhar para frente.

EDUCANDO PARA O MELHOR?
Saber que 49% dos locais de trabalho possuem uma cultura que premia os melhores, é de alarmar o coração de quem escreve sobre sermos únicos para servir ao mundo com os nossos talentos. Saber ainda que outros 25% das empresas possuem, dentro da sua cultura, pessoas que pensam que as suas vidas são “uma droga”, é concluir que 74% dos ambientes de trabalho no mundo são péssimos para se viver. Nessa soma, perdemos todos, pois os grupos de pessoas que pensam que suas vidas são uma droga, querem ultrapassar seus colegas para passar a ver seus antigos amigos, como piores que ele em uma competição infindável. Isto me lembra das premiações daquelas olimpíadas de matemática de colégio, que só sinalizam para a criança que ela “é melhor que os outros”.

Que educação é essa que estamos dando para os nossos filhos, que permitem que somente 2% dos locais de trabalho ao redor do mundo, sejam locais onde todos acreditam que a vida é maravilhosa? Afinal, nós vivemos para criar a vida ou é a vida que nos cria através das circunstâncias, sem termos qualquer poder de opinião? Os adultos do futuro estão na escola neste mesmo momento em que você lê esse artigo, passando pelos mesmos problemas que o meu pai passou e que eu passei para me formar como ser humano. Qual será o futuro dessas crianças? Qual será o futuro deste mundo? Cada uma das crianças de hoje está fadada a sofrer as consequências de uma cultura egoísta, que avalia cada um através da mesma lente e premia os que são melhores em um determinado padrão?

A VIDA É UMA BRINCADEIRA QUE PRECISA SER CRIADA
Lembra-se de quando sentávamos para brincar no quintal com alguns brinquedos e criávamos a nossa própria brincadeira? Uma das minhas diversões favoritas na infância, era brincar de “corrida de chapinha”. Pegávamos chapinhas de diferentes marcas de refrigerante e criávamos no quintal uma espécie de pista com obstáculos, que deveria ser percorrido pela nossa “chapinha”. Reuníamos os amigos e cada um dava um peteleco na chapinha, para fazê-la percorrer toda a pista que havíamos construindo. O melhor da brincadeira nem era conseguir terminar o percurso antes dos outros amigos, mas construir a pista. Muitas das vezes, sequer dava tempo de “jogar”. Passávamos uma tarde inteira só montando a pista e pronto, a diversão já estava garantida.

Cada um de nós nessa vida é como uma “chapinha” de refrigerante. Somos diferentes nas aparências, mas semelhantes na nossa origem. O que nos diferencia uns dos outros é a nossa capacidade de lidar com os obstáculos, mas o que nos une é o potencial de conquistar a nossa própria maneira de lidar com eles, ainda como “chapinhas”. Precisamos criar a nossa brincadeira. A vida só vale à pena se for boa de jogar, como as antigas brincadeiras que tínhamos na infância. Ninguém gostava de jogar um jogo chato.

De início vai parecer que você estará remando contra maré, mas não é verdade. Quando optamos por criar a nossa própria vida, ou melhor, nossa própria brincadeira, estamos remando a favor da maré da nossa própria natureza como seres humanos. Muitas empresas se preocupam com concorrentes, assim como muitos profissionais se preocupam com outros profissionais, que concorrem pela mesma vaga no mercado de trabalho. Quando se é único não se tem concorrentes. Não porque ser único é ser melhor, mas porque ser único é ser único. Não temos como comparar uma coisa com a outra.

Costumo dizer que este nosso site não possui concorrentes. Não porque ele seja especial, melhor ou os membros da nossa equipe sejam pessoas extraordinárias. O Insistimento não possui concorrente porque ele é único publicando material que somente a nossa equipe, com os seus talentos, é capaz de publicar. Se outras pessoas forem copiar este projeto, nunca conseguirão reproduzir o que colocamos aqui, pois nós somos únicos, compreendemos que a vida é maravilhosa e admitimos que todos nós temos oportunidades iguais, para escolher a nossa própria vida quando acordamos pela manhã.

“Eu fico com a pureza da resposta das crianças. É a vida, é bonita e é bonita… Viver! E não ter a vergonha de ser feliz! Cantar e cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz…” ~ Gonzaguinha

Isquindô, isquindô!

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