Um dos exercícios que mais utilizo em minhas palestras e workshops, buscando despertar reflexões mais profundas, é pedir aos participantes para fecharem seus os olhos e pensarem em alguma pessoa que, de alguma forma, tenha interferido de modo significativo em seus destinos.
Procuro guiá-los no resgate de lembranças de seus mentores, aquelas pessoas que dedicaram tempo e energia para ajudá-los a se desenvolverem.
Gosto deste exercício por ser totalmente aderente ao pensamento de Charles Handy em seu livro – The Hungry Spirit – quando diz que:
“A sociedade deveria tentar oferecer a cada jovem um mentor de fora do sistema educacional, alguém que tivesse grande interesse no desenvolvimento e progresso daquela pessoa na vida.
Quando os participantes começam a abrir seus olhos, é muito comum eu observar aquele olhar agradecido por fazê-los lembrar de alguém que realmente fez diferença na vida de outra pessoa
Os depoimentos espontâneos que surgem em seguida referem-se a pais, professores ou antigos chefes – todos com reconhecida experiência e que encontraram motivos para passar adiante seus conhecimentos, agindo como uma referência, um modelo, um instrutor disposto a ensinar tudo que sabia dando orientações e apontando direções.
Contudo, um fato novo tem despertado minha atenção, principalmente quando realizo este exercício em platéias formadas por jovens da Geração Y…
Muitas vezes os jovens não conseguem identificar ninguém. Quando abrem seus olhos, percebo a reação de dúvida e estranheza diante do exercício. Alguns chegam a manifestar o fato de não entender o que se esperava com o exercício.
Depois que dou as explicações, ou seja, peço para identificarem seus mentores, novamente as reações são de perplexidade, diante do insucesso em encontrar alguém que pudessem atribuir a classificação de mentor.
O mais comum é pensarem em personalidades que admiram como grandes empresários ou líderes políticos. Nomes como Steve Jobs, Lula, Eike Batista e Bill Gates são presença comum nestes momentos. Na maioria das vezes que isso acontece, eu aproveito para explicar a diferença entre uma personalidade e um mentor, ressaltando como um bom mentor pode ajudar a trajetória de vida de um jovem.
Em uma destas ocasiões fui interrompido por um jovem que gritou:
CADÊ O MEU MENTOR?
Foi um ótima pergunta, pois muitos estavam com a mesma dúvida na cabeça e a questão serviu para eu fazer um alerta para a geração Y.
Não se encontra mentores no Google e nem é possível dispensá-los quando quer se desenvolver. Todo conhecimento tácito, que também é conhecido como experiência, está nas mãos dos mais veteranos. Para ter acesso a este conhecimento é indispensável conquistar um mentor. Para isso só há um caminho – SER APRENDIZ.
Entretanto nos dias atuais, onde os jovens querem ser vistos e reconhecidos como vencedores, não é muito comum identificar a postura de aprendiz, isto é, aberto para o aprendizado. E neste caso, não é do conhecimento acadêmico, mas sim do velho e bom “pulo do gato”.
Pode-se compreender esta postura da geração Y, diante da evidente superioridade dos jovens diante do ritmo frenético das mudanças, principalmente as tecnológicas, mas já está claro também que algo está faltando para alcançarem seus sonhos, principalmente os de novos desafios.
Os desafios estão com os veteranos, que ainda se esforçam para manter o ritmo das coisas, para “não deixar a peteca cair”.
Se você jovem, está se perguntando então, CADÊ O MEU MENTOR? – lembre-se que, mais próximo do que você imagina, há um veterano perguntando – CADÊ O MEU APRENDIZ?
Vá conquistá-lo!!