São Paulo – O interesse pela criação de búfalos vem crescendo no Brasil e se transformando em uma alternativa rentável, principalmente para donos de pequenas propriedades. Na região paulista do Vale do Ribeira, onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um dos mais baixos do país, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a criação da pecuária bubalina está mudando o perfil econômico da região.
O leite de búfala chega a custar o dobro do leite de vaca no estado de São Paulo. Nos últimos anos, restaurantes e supermercados gourmets da capital têm aumentado também a demanda pela mozarela de búfala. Segundo o engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura estadual, José Fernando Simplício de Oliveira, o Vale do Ribeira tem a maior população de búfalos do estado, com 26 mil cabeças e cerca de 270 produtores.
No ano passado, apenas os 50 integrantes da Associação dos Pecuaristas e Produtores de Leite (Proleite), com sede em Barra do Turvo, movimentaram na cidade R$ 1,3 milhão com a produção e venda do leite e da carne de búfalo. Para o presidente da Proleite, Luiz Portella, a prosperidade em Barra do Turvo começou depois que a associação, com o apoio do Sebrae, passou a promover técnicas de gestão e qualidade entre os produtores da região.
Em 2005, afirma a gerente do escritório regional do Sebrae no Vale do Ribeira, Claudia Noemi Bilche, a instituição desenvolveu o programa Melhoria da Qualidade do Leite na região. Por meio de palestras, participação em feiras e oficinas no campo, a produção passou de 500 litros para dois mil litros por dia, durante os meses de maio, junho e julho. “A maior parte dos nossos associados são pecuaristas com mão de obra exclusivamente familiar. Muitos deles, antes de criarem búfalos, recebiam ajuda do governo para sobreviver”, diz Portella.
Segundo Claudia, o programa desenvolvido pelo Sebrae em parceria com a Secretaria Estadual da Agricultura levou o pecuarista a entender que era possível melhorar a produtividade com técnicas simples de manejo. “Tivemos também a parceria de um grande laticínio, que instalou um tanque de expansão em Barra do Turvo para manter o leite refrigerado. Esse laticínio também compra 95% da produção local para produção de mozarela, requeijão e outros derivados do leite de búfala”.
O escritório regional do Sebrae também está começando um trabalho com a Associação dos Criadores de Búfalos do Vale do Ribeira. Em setembro, diz Claudia, haverá um grande encontro técnico com os cerca de 80 associados. “Nossa proposta é trabalhar com qualidade e preço diferenciado”. Em Barra do Turvo, os produtores conseguem cerca de R$ 1,10 por litro de leite de búfala, enquanto o mercado paga R$ 0,40 pelo litro do leite de vaca. “A qualidade do nosso produto é o grande diferencial. Para entrar na associação, é preciso que o produtor forneça nota fiscal, tenha as terras regularizadas e certificação da qualidade sanitária”, explica Portella.
Vocação
O leite de búfala ocupa hoje a terceira posição na cadeia produtiva do Vale do Ribeira, ficando atrás da banana e do palmito pupunha. Mas nem sempre foi assim. A maioria dos pecuaristas dedicava-se à produção de leite bovino. Há mais de 20 anos na região, Portella diz que não tinha muita produtividade e o preço pago era muito baixo. Decidiu substituir o rebanho e hoje não se arrepende. “A produção de leite de búfala está atraindo também os mais jovens. Muitos filhos de pequenos pecuaristas que tinham saído da região atrás de um trabalho estão voltando”, comemora.
Um pecuarista tira em média R$ 1.500 por mês, o que para muitos é um valor superior ao Bolsa Família, ajuda do governo federal . “Eu sempre digo que o búfalo trouxe, nesta região, a cidadania para o agricultor”, diz Portella. No ano passado, os 50 associados da Proleite produziram 600 mil litros de leite de búfalo. Para este ano, Portella calcula um aumento entre 15% e 20% na produção.
Para o engenheiro agrônomo José Fernando Simplício de Oliveira, ainda há preconceito em relação ao consumo da carne de búfalo. Apesar de ser mais macia e com 40% a menos de colesterol do que a carne bovina, muita gente reclama da aparência escura da carne. “A carne escura não depende do animal, mas sim da sua forma de abate. No mundo todo, segundo ele, o rebanho de búfalos cresce mais do que o rebanho bovino”.
Segundo o Ministério da Agricultura, o rebanho brasileiro está estimado em torno de 1,15 milhão de bubalinos, sendo a região Norte, com 720 mil animais, a maior produtora do país, com destaque para o Pará, que responde por 39% do rebanho nacional. Em seguida, aparecem o Nordeste e o Sudeste, com 135 e 104 mil cabeças, respectivamente.
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