Desistir ou não desistir, essa é a questão.
Trabalhei por cinco anos em uma companhia de médio porte, onde alcancei ótimos resultados e tive um desenvolvimento de carreira muito acelerado. No ano passado, aceitei uma proposta para atuar no “start up” de uma empresa de um setor com o qual me identifico bastante. Era o desafio que eu sempre havia sonhado, mas, infelizmente, a companhia não está indo tão bem quanto o esperado. Isso está afetando a motivação da equipe. Também tenho sofrido cobranças e passei a me sentir inseguro em relação às minhas habilidades como líder. Ao mesmo tempo, também não gostaria de voltar a exercer minhas antigas funções. O que devo fazer?
Diretor, 44 anos, responde a pergunta “Devo abandonar uma startup que vai mal?”:
Cada decisão profissional que tomamos deve ser precedida de uma análise dos riscos envolvidos. Ao sair da empresa onde você atuava com alguma tranquilidade e aceitar assumir a frente de um “start up”, você certamente sabia que se tratava de uma decisão de alto risco, mesmo sendo em um setor com o qual você já tem afinidade. Você tinha 50% de chance de dar certo e outros 50% de dar errado.
Quando um profissional vai aceitar um desafio como esse, ele tem que entender bem com que “ferramentas” está entrando nesse projeto que o permitam minimizar tal risco. Deve analisar profundamente a proposta, o mercado de atuação e as possibilidades de crescimento do negócio, mas também suas próprias habilidades e competências.
O autoconhecimento é fundamental para saber se você está maduro e pronto para administrar uma situação como a descrita, já que ela poderia acontecer.
O primeiro ponto que você precisa trabalhar é a sua motivação, considerando que ela está contaminando a equipe e isso pode afetar ainda mais o andamento do negócio. Lidar com a frustração não é fácil para ninguém, por mais experiente que seja o profissional. Mas, basta conversar com executivos e empresários bem-sucedidos para que eles contem muitas histórias de insucessos que tiveram ao longo da carreira antes de chegarem onde estão.
É preciso ter sangue frio para controlar essa emoção e dar a volta por cima. Concentre-se naquilo que você conhece de si mesmo e nas suas qualidades. Afinal, não teria chegado onde chegou se não fosse competente.
Você não perdeu suas habilidades de líder, porém, não está conseguindo manter a postura adequada porque está inseguro, o que é compreensível. Lembre-se que a autoconfiança será essencial para você tomar qualquer decisão em relação a esse projeto e também para poder administrar a sua equipe.
Cada negócio tem suas próprias características e, por isso, a flexibilidade é fundamental. O apoio externo de um coach poderia ser de grande valia. Isso é, alguém que possa lhe dar suporte e ajudá-lo a refletir sobre o seu desenvolvimento pessoal e profissional e identificar possíveis competências que devem ser aprimoradas para encarar os desafios desse trabalho.
O coaching executivo é um processo estruturado, porém flexível, que promove um movimento de dentro (reflexão) para fora (ação) e que envolve, fundamentalmente, o engajamento e a motivação do executivo. Além disso, procure ouvir outras opiniões externas – olhar um pouco para fora e depois se voltar novamente para dentro. Isso provavelmente vai te dar mais segurança.
Depois, sem demonstrar fragilidade, mas em tom de colaboração, ouça sua equipe. Se estiver seguro de sua capacidade, rapidamente conseguirá retomar essa confiança perante o time.
Agora, se já se esgotaram as possibilidades e está claro que o projeto não deu certo, cabe a você saber encerrá-lo com maturidade e partir para um próximo caminho. Encare essa etapa como um grande aprendizado, reflita sobre seus erros e acertos e use essa experiência a seu favor.
Por Vicky Bloch em Valor Online.
