Brasília – “A gastronomia é um vetor de inclusão social”. A afirmação feita pela analista-técnica do Sebrae, Fátima Lamar, foi direcionada a estudantes, professores, gastrônomos e donos de restaurantes que participaram da apresentação do livro Chocolate com Frutas Brasileiras, no 24° Congresso Nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). O evento começou nessa terça (14) e segue até esta quinta-feira (16), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF).
A frase da colaboradora do Sebrae tem como base uma pesquisa sobre a cadeia produtiva brasileira de amêndoa de cacau. Conforme o estudo, divulgado pela PwC Agribusiness Research & Knowledge Center neste ano, o mercado de chocolates no país movimenta R$ 58 bilhões anualmente. “Desse volume, 74% correspondem à transformação do cacau in natura. Isso é valor agregado e mostra que da fazenda à mesa do consumidor existe espaço para as micro e pequenas empresas (MPE), principalmente as que processam chocolates especiais, chamados de gourmets”.
Mestre em Agronegócios, Tainá Zaneti, responsável pela elaboração das receitas de chocolates com frutas brasileiras divulgadas no livro, concorda com a colaboradora do Sebrae. Tainá vê a gastronomia também como fonte de desenvolvimento da agricultura familiar. “A formação do mercado consumidor de chocolates com frutas do cerrado, como a semente de baru, não só vai incentivar o aparecimento das MPE, como ampliará o espaço das comunidades tradicionais extrativistas, que fornecem a matéria-prima”.
Tainá aposta na biodiversidade brasileira como diferencial para o crescimento do setor alimentar no país. Segundo ela, “estima-se que existem, só no cerrado, dez mil espécies comestíveis. Até agora, foram mapeadas apenas 105”, revela.
Porém, tanto Tainá quanto Fátima Lamar concordam que as mudanças precisam começar pelos hábitos dos consumidores. “Normalmente, eles estão acostumados a produtos tradicionais”, diz Fátima. “Precisamos ainda aproximar a cadeia produtiva e popularizar a gastronomia”, aponta Tainá Zaneti. “Se há demanda, o mercado organiza a oferta”, completa a analista do Sebrae.
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