Rio de Janeiro – Um ambiente charmoso e surpreendente dá o tom do Favela Inn, que apostou na sustentabilidade como forma de atrair mais clientes. Com vista para as praias do Leme e Copacabana, o hostel tem divisórias que utilizam bambu e garrafas PET, presas entre si por um fio transparente; tapetes feitos com malotes bancários; tampo de granito para a TV e teto composto por embalagens de suco de tetra pak.
Localizado no morro Chapéu Mangueira, na zona sul da cidade, o local tem registrado aumento na frequência de hóspedes brasileiros e estrangeiros depois de implantar medidas sustentáveis. A mudança abriu novas perspectivas para Cristiane da Silva Oliveira e o cunhado Vítor Hugo Medina, proprietário do imóvel que hoje abriga o hostel, que tem 18 leitos.
“Eu guiava apenas estrangeiros pela trilha, que passa por dentro da comunidade. Um amigo francês que frequentava nossa barraca na praia sugeriu vender água e comida e cobrir a laje para que os turistas pudessem descansar. O hostel abriu as portas em novembro de 2010, mas era informal e muito diferente do que se vê hoje”, diz Cristiane, à frente da administração.
O registro como Empreendedor Individual (EI) no final do ano passado foi o primeiro passo para o sucesso do estabelecimento. A partir daí, Cristiane passou a frequentar cursos de capacitação oferecidos pelo Sebrae no Rio de Janeiro, que deram uma nova perspectiva ao negócio. “Anoto tudo o que gasto em planilhas, com muito cuidado. O faturamento aumentou em 50%. Nunca deixo de separar dinheiro, por isso tenho como enfrentar a baixa temporada e planejo quanto posso investir em melhorias. Aprendi que tenho um sócio que se chama Fundo de Reserva”, brinca.
Durante esse período de capacitação, o uso de materiais sustentáveis chamou a atenção de Cristiane. Em maio, o hostel passou por uma grande intervenção, quando ganhou as características que exibe agora. Escolhido como referência, foi apresentado em junho no estande do Sebraetec (programa de inovação do Sebrae) na Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
“A ideia era mostrar que a sustentabilidade está ao alcance de empreendedores de qualquer porte e que traz não apenas benefícios ambientais, mas também sociais e econômicos. Queremos replicar o modelo do Favela Inn nos 22 locais em que atuamos”, explica a coordenadora do projeto nas Comunidades Pacificadas, Carla Teixeira, do Sebrae no Rio de Janeiro.
Pequenas atitudes
A gestão também fez diferença. Hoje, requeijão e geleia são servidos em pequenos potes individuais, evitando o desperdício. O óleo de cozinha não vai mais para o ralo e os alimentos são reaproveitados. Também foi implantada coleta seletiva e as lâmpadas foram trocadas por modelos mais econômicos. Em breve, será instalado um coletor solar.
Enquanto admira o espaço decorado com almofadas de fuxico, luminárias e pufes de garrafa PET feitos por artesãos de comunidades cariocas, Cristiane faz planos para o futuro. Retomou os estudos e quer se formar em Administração. “Com simpatia, consigo atender hóspedes do mundo inteiro, mas a minha filha mais velha já está estudando inglês. Hoje, sei que aqui não é mais um negocinho. Com o Sebrae, aprendi a me reconhecer como empresária. Também tenho a satisfação de ver toda a minha família comprometida com o sucesso do estabelecimento”.
Serviço:
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