Nota do Editor: Quando se trata de liderança, tomada de decisão e motivação, há muito a se aprender com uma organização militar – especialmente uma liderada pelo general Stanley McChrystal. Durante cinco anos durante as guerras do Golfo Pérsico, o general McChrystal liderou o Comando Conjunto de Operações Especiais (JSOC) no Iraque, e serviu como comandante das forças americanas no Afeganistão. Estas imensas responsabilidades coroaram sua carreira militar que começou com sua graduação de West Point em 1976.
Ele foi convidado para falar no Sequoia Base Camp em maio. Ele começou sua palestra sobre um tema familiar para muitas empresas: se estar demasiadamente perto do problema (como ele diz: “Você está lutando contra todos os detalhes”). General McChrystal ofereceu os cinco fundamentos para líderes, os quais ele acredita que podem ajudar os líderes a navegarem sempre que os desafios apareçam. Aqui seguem seus pensamentos sobre cada um destes cinco fundamentos.
1. Você não sabe sempre tudo o que pensa que sabe.
O conhecimento só é bom se você realmente tem a consciência do que você sabe – porque assim você tem a consciência do que você não sabe. E você sempre não saberá mais do que saberá. Todo mundo tem um monte de informações, mas ninguém tem o suficiente para colocar tudo isso junto e obter uma solução. Quando nós combinamos as forças em todas as unidades militares e organizações de inteligência, fizemos algo extraordinário, revolucionário, inovador, perturbador: nós concordamos em nos comunicar, concordamos em compartilhar informações. Se você não tem a humildade de dar um passo atrás e entender que há uma tremenda quantidade de coisas que você não sabe, isso vai ser um problema.
2. Às vezes, como você ganha é diferente da forma como você acha que vai ganhar.
Nas forças armadas, dizemos: “Você tem que lutar a guerra na qual você está, não a guerra que você desejaria estar”. Mas é realmente difícil de deixar isso acontecer, porque já começamos com essas ideias preconcebidas como “isto é o que vai funcionar” – e elas estão profundamente enraizadas.
Você tem que lutar a guerra na qual está, não a guerra que você desejaria estar. Click To TweetVocê tem que lutar a guerra na qual você está, não a guerra que você desejaria estar.
A presunção de que nossa tecnologia seria como nós iríamos ganhar acabou por ser completamente errado. A forma como nós os derrotamos, realmente, foi através de algo tão simples como o compartilhamento de informação. Nós mudamos a forma como interagimos entre nós, o que foi bastante significativo, e uma mudança quase traumática dentro da organização. Esse não é o DNA da maioria das organizações militares.
3. O básico importa.
Pense em Vince Lombardi. Suas idéias não eram surpreendentes. Ele veio com uma jogada, que era muito simples, chamada de varrida poderosa. Na verdade, todos os adversários estavam cientes disso – eles sabiam como funcionava – mas a forma como ele trabalhou as suas equipes, em especial os Green Bay Packers na prática, com a repetição constante dessa jogada, tendia a funcionar, porque eles executavam quase à perfeição. Assim, os fundamentos têm uma importância extraordinária, porque já não é uma variável. Se o que você faz, você faz muito bem, todo o resto pode acontecer. Se você realmente não sabe ‘fazer de cór’, você tem um problema.
4. A equipe é tudo.
Nós dizemos: “A equipe vai aplainar todas as colinas.” Eu cresci participando de equipes – equipes de esportes, equipes militares. É assim que eu penso, é o que eu acredito, é por isso que eu faço as coisas – porque eu gosto de estar em uma equipe. Eu gosto de sentir que não tenho que ser a estrela do time, eu gosto da idéia de que eu sou parte de um grupo de pessoas que estão tentando fazer algo especial.
Mas quando criamos o JSOC, o que ele realmente fez foi mostrar que, em vez de termos uma equipe dos sonho, na verdade, tínhamos um conjunto de organizações silenciosas. A realidade era que a Delta não gostava muito dos SEALs, os SEALs odiavam a Delta, ambos esnobavam os Rangers e ninguém queria falar com os Aviators [risos da platéia] … Então, o que você tem são estes extraordinários times de talentos com organizações muito coesas, mas que não são uma verdadeira equipe.
Então, eu tento lembro que “equipe” é muito mais do que uma palavra mágica que vai resolver tudo. Tem que ser algo entre as pessoas e não apenas entre as “tribos”; tribos tradicionalmente não funcionam muito bem com outras tribos.
5. O que vai definir o seu sucesso são as pessoas
Se você não se lembrar de mais nada, este é o que eu espero que você aprenda: Você pode ter uma ótima tecnologia. Você pode ter uma grande estratégia. Você pode ter um grande marketing. Você pode ter qualquer coisa grande – mas a única coisa que vai decidir o seu sucesso será seu time.
Shakespeare nunca viu um campo de batalha, mas nunca houve um discurso que atingisse os corações dos soldados com mais precisão do que este [o discurso batalha do dia de St. Crispin, A vida de Henry V, ato IV, cena 3]. Que foi lido aos exércitos na véspera da batalha por 700 anos. Então, a coisa número cinco, o ponto que eu ia fazer: no final do dia, sua equipe vai fazer o trabalho por você. Se você olhar para o desenvolvimento do meu estilo de liderança, verá que passei mais e mais tempo com o meu time ao longo dos anos – porque eu aprendi que são eles que irão vencer.
Para quem tiver curiosidade o filme Henry V e o discurso da batalha do dia de St. Crispin:
Nota final: Sobre o fracasso.
O que você vai fazer amanhã?
Quando as pessoas falhavam em minha organização – o que aconteceu o tempo todo – eu respondia com: “O que nós aprendemos? Boa tentativa. O que você vai fazer amanhã?” Essa foi a minha pergunta padrão, porque eu estava sinalizando a toda a organização que esta pessoa não estava em apuros, eu a queria de volta no jogo. A confiança é extremamente importante, e quando eles mais precisam é quando estão mais vulneráveis.
Para quem tiver interesse nas lições do General Stanley McCrystal: Liderança é uma escolha em Stanford Graduate School of Business.
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Artigo original de Sequoia Capital