São Paulo – As oportunidades de negócio seguem a tendência de mudança de consumo da população. De acordo com o a pesquisa Cenários 2020, realizada pelo Sebrae em São Paulo, em todas as classes sociais, os gastos com habitação e alimentação lideram o consumo de serviços e comprometem, em média, 36% e 19%, respectivamente, das despesas de consumo das famílias paulistas.
“É importante observar que os setores que demonstram maior crescimento de consumo das famílias também são os que têm maior oferta. Assim, quem optou por empreender nestes segmentos precisa estar atento ao mercado pela forte concorrência que vai enfrentar. Neste caso, planejamento e inovação são questões cruciais para a sobrevivência deste negócio”, observa o superintendente do Sebrae em São Paulo, Bruno Caetano.
Considerando o consumo das famílias, no estado de São Paulo, a população tem como principal despesa a habitação, transporte, alimentação e assistência à saúde, com diferentes participações, dependendo da classe de rendimento. O estudo aponta que na medida em que a renda sobe, observa-se uma diversificação no consumo das famílias, com um aumento claro no consumo de serviços.
Considerando a pesquisa de orçamentos familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o peso maior no orçamento das famílias da classe A, com renda média acima de R$ 8 mil, está nos setores de habitação (31%), transporte (25%) e alimentação (15%). As famílias desta classe também consomem, mais que a média, os serviços de saúde (8,6%), Educação (6%) e Recreação e Cultura (2,6%).
Na classe B (famílias com renda de cerca de R$ 2.500 a R$ 5.000), o consumo de serviços de habitação e transporte tem peso bem próximo à média paulista, correspondendo a 36% e 19% do orçamento, respectivamente. O destaque vai para os serviços de educação (3%) que é cinco vezes maior que o destinado pela classe C (0,6%).
As despesas da classe C, com renda familiar variando entre cerca de R$ 900 e R$ 1.500, estão concentradas em habitação (43%) e alimentação (25%), com gastos acima da média das demais classes, que são de 36% para moradia e 19% para alimentação. “Isto ajuda a explicar o grande número de lanchonetes, minimercados e lojas de material de construção liderando o número de micro e pequenas empresas (MPE) do segmento de serviços”, destaca Pedro Gonçalves, consultor do Sebrae.
Nas classes D e E, com renda inferior a R$ 700, os gastos com habitação são bem fortes, ocupando quase a metade do orçamento (45%), seguido pela alimentação (24%), com índice também acima da média. Essas classes de consumo seguem o “Critério Brasil”, da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep).
Brasil é único dos BRICs com crescimento descentralizado na renda
Além de registrar o crescimento em todos os setores, com destaque para o segmento de serviços, a pesquisa Cenários 2020 também apontou um aquecimento e descentralização da renda per capita da população brasileira. No estado de São Paulo a perspectiva é que, mantido o ritmo de crescimento registrado nos últimos anos, a renda domiciliar per capita, passe de R$ 807 em 2009, para cerca de R$ 943 em termos reais (descontando a inflação), em 2015. Nesse mesmo ano, a renda domiciliar per capita deve chegar a R$ 745 no Brasil, mantido o ritmo de crescimento observado nos últimos anos.
O estudo aponta ainda que a desigualdade de renda vem caindo no estado de São Paulo, assim como no Brasil, nos últimos anos, que já se posicionou como o único país, entre os BRICs, que apresenta crescimento e desconcentração de renda. Assim, no Brasil, a renda dos segmentos mais pobres da população vem apresentando crescimento maior (6,5% ao ano) que as faixas de renda mais elevada (1,7% ao ano), conforme estudo do Centro de Políticas Sociais (CPS) da Fundação Getulio Vargas.
Uma das consequências desse cenário é o crescimento da classe C no País (com renda domiciliar mensal entre R$ 962 e R$ 1.459) que registrou a entrada de 40 milhões de pessoas, nos últimos cinco anos, de acordo com pesquisa Cetelem-Ipsos. “Este aumento real no poder de compra do consumidor, apesar dos juros e da inflação, tem impacto direto nos pequenos negócios porque é sinal de mais gente com recurso para consumir, ou seja, mais dinheiro no mercado. Os empresários são beneficiados com aquecimento nas vendas”, destaca Bruno Caetano, superintendente do Sebrae.
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