Ainda que possua a sexta maior reserva de petróleo do mundo, a próspera economia do Kuwait se desenvolve em função de uma significativa e favorável conjunção de fatores, sendo um deles o da livre iniciativa, cada vez mais robusta, independente, pioneira e dinâmica. Apesar de ser um diminuto país do Oriente Médio, o Kuwait possui um governo eficaz – um dos mais liberais da região –, que estimula o empreendedorismo, e vê em cada negócio, dos informais às pequenas e médias empresas, possibilidades de sucesso para aumentar a sua receita.
Este sucesso está inerentemente ligado ao seu governo de caráter mais liberal. Ao contrário dos demais países do Oriente Médio, o Kuwait não é uma teocracia totalitária islâmica, apesar de o islamismo ser parte inerente de sua cultura e de seu legado social. Liberdades civis e individuais são garantidas por lei, e uma corte secular está integrada ao aparato legislativo. Desde a década de 1960, o Kuwait era considerado uma das nações mais liberais da região: artistas e intelectuais de diversos países árabes realocavam-se para o Kuwait, onde podiam exercer o seu direito à liberdade de expressão, sem medo de sofrer qualquer tipo de represália ou intimidação por parte do estado. É uma nação onde as mulheres, igualmente, são livres para adotarem um estilo de vestuário ocidental, se assim o desejarem. Toda esta liberdade foi fundamental para permitir o florescimento do livre mercado em seu território; ainda que o liberalismo econômico não seja exatamente a sua realidade – o Kuwait recebeu o 74º lugar na edição de 2016 do Índice de Liberdade Econômica do Heritage Foundation, sendo classificado apenas como “moderadamente livre”, mas ficando à frente de países vizinhos como Arábia Saudita – hoje, apesar de obstáculos que reconhecidamente precisam ser superados – a pequena nação árabe se vê como uma economia em expansão, que passa a usufruir modestamente das inúmeras oportunidades que poderão alavancar possibilidades para um futuro cada vez mais promissor e construtivo. Uma prova incontestável desse crescimento é explicada pelo fato de que hoje esta pequena, porém produtiva nação é um grande centro de trabalho: imigrantes de diversos países da região – que hoje superam o número total de cidadãos nativos – mudam-se para o Kuwait em busca das abundantes oportunidades disponíveis neste suntuoso oásis em desenvolvimento, que também oferece uma qualidade de vida inegavelmente superior. Com uma população de aproximadamente 4,2 milhões de habitantes, apenas 1,3 milhão são de fato cidadãos kuwaitianos. Todos os demais 2,9 milhões são imigrantes. A seu favor, há também a sua própria moeda, o dinar kuwaitiano, que hoje é considerada a moeda corrente mais valorizada do mundo.
Ainda que a economia dependa altamente do petróleo, a diversidade começa a tornar-se um fator dominante. Com a chegada de um enorme número de imigrantes, a simbiose de inovações com empreendedorismo e informalidade criaram demandas cada vez mais emergentes e dinâmicas, com valores agregados que certamente levarão o Kuwait a tornar-se uma referência de potencial econômico na região, juntamente com Arábia Saudita, Catar e Bahrein. O mercado financeiro no Kuwait, assim como o de petróleo, é igualmente emergente, e responde por boa parte das receitas do país. Não obstante, o governo, com uma clara percepção sobre a importância de promover o desenvolvimento da nação, recentemente percebeu a importância de fomentar o crescimento dos demais setores, para não correr o risco de ficar inteiramente dependente dos mercados petrolífero e financeiro, e também para respaldar os talentos emergentes nas mais diversas áreas. Evidentemente, quanto mais robusto e diversificado tornar-se o setor produtivo, mais consistente será o progresso do país. E consequentemente, a qualidade de vida da população será cada vez melhor.
Em anos recentes, com um estímulo cada vez maior ao empreendedorismo – que começou a ser visto como um importante elemento para geração de riquezas, além de fundamental para o pioneirismo e a inovação em determinados segmentos do mercado – negócios digitais tornaram-se uma realidade tão expressiva quanto lucrativa. No mercado das startups, as inovações tem sido ainda mais interessantes e promissoras, catalisadoras de um formidável progresso no setor de tecnologia da informação. Para citar um exemplo, a companhia Sirdab Lab, formada por jovens talentos empreendedores da área, fornece assessoria, material, espaço, plataformas e até mesmo contatos com possíveis investidores, para profissionais criativos interessados em desenvolver a sua própria startup, produto ou negócio digital. No entanto, ao observarmos outras áreas e ocupações, percebemos que o fenômeno do desenvolvimento se expande para todos os horizontes. No campo da ciência e da tecnologia, por exemplo, o Kuwait também está em ascensão: até o presente momento, já foram registradas 384 patentes, o que o coloca em segundo lugar entre os países árabes.
No entanto, não restam dúvidas de que o empreendedorismo está ganhando os holofotes, e assumindo um espaço cada vez mais expansivo e reconhecido na economia. Palestras que incentivam o empreendedorismo estão ocorrendo com uma frequência nunca antes vista, ao melhor estilo “largue seu emprego, invista no seu sonho e comece o seu próprio negócio”. Uma empreendedora chamada Arwa Al-Jaser é uma destas jovens corajosas a palestrar, e compartilha a experiência profissional que a levou a perseguir o seu sonho. Largou um confortável trabalho em uma repartição governamental para começar o seu próprio negócio online. E tem incentivado outros a trilharem o mesmo caminho. E cada vez mais pessoas sentem-se estimuladas a tentar. Porque no Kuwait – ao contrário do Brasil – está dando muito certo. Em artigo publicado no site da Forbes em 2015, o articulista Nish Acharya afirmou que o que acontece no Kuwait é muito mais do que apenas um punhado de empreendedores se reunindo para fundar empresas: o que está se desenvolvendo é todo um orgânico, pujante e pulsante ecossistema criativo, com enorme potencial para mudar a dinâmica econômica do Golfo Pérsico. Jovens empreendedores, profundamente entusiasmados e estimulados por suas ambições inovadoras – e ao verem seus esforços dando resultado, sentem-se ainda mais encorajados – estão encontrando espaço, apoio e motivação para suas ideias, bem como em investidores, tanto públicos quanto privados, determinados a ajuda-los a deslanchar os seus negócios. Esta onda de empreendedorismo criativo, promissor e repleto de inovações despertou até mesmo o interesse do governo, que, em 2013, decidiu criar o Fundo Nacional de Desenvolvimento para Pequenos e Médios Empreendimentos, com um valor estimado em 7 bilhões, destinado a apoiar a livre iniciativa.
Ao que tudo indica, o futuro do Kuwait pode ser tão vantajoso quanto promissor. A despeito de seu modesto tamanho – com uma área de 17.820 km2, é menor que o estado do Sergipe –, possui, por contraste, um potencial grandioso, que não pode mais ser ignorado ou subestimado. Com talentos que recebem apoio e um reconhecimento cada vez maior do governo, o progresso do Kuwait hoje é uma realidade palpável. Respira-se inovação, entusiasmo e empreendedorismo, em um mercado vigoroso, que se expande de maneira inexorável por todos os lados. Com instituições privadas igualmente tomando consciência da evolução do empreendedorismo em território nacional, estas passaram a fomentar o desejo nas gerações mais jovens em cursos, conferências, palestras e programas de treinamento sobre empreendedorismo, que são ministradas com regularidade em escolas e universidades. Sem dúvida nenhuma, é assim que se garante o futuro de uma nação: estimulando as gerações mais jovens a construírem este futuro.