O estado negligencia muitas coisas, e o empreendedorismo vem a ser apenas uma delas. Acima de tudo, a displicência do estado com relação ao setor privado se deve à incapacidade do governo de reconhecer que no empreendedorismo está a semente do desenvolvimento, do progresso e da prosperidade da nação, bem como de todas as possibilidades que ela traz consigo. A partir desse desenvolvimento, muitas outras conquistas de âmbito profissional, social e governamental poderiam ser emancipadas.
Mas de onde vem essa negligência? E por que está tão profundamente enraizada em nosso governo?
O governo vê a iniciativa privada única e exclusivamente como fonte de arrecadação de tributos, não dando a ela qualquer tipo de importância ou prioridade em sua gestão. Em sua visão completamente obtusa com relação ao desenvolvimento e ao progresso do país, o estado não enxerga o fato – apesar de óbvio – que um empreendedorismo forte é o melhor programa governamental que existe para o combate ao desemprego. E este, por conseguinte, daria vazão a tudo aquilo que se segue a um empreendedorismo robusto e saudável, que resultaria em um sólido e coeso ciclo de prosperidade para todos: empreendedor, empregado e governo. Para tanto, não poderia surrar, espoliar e defraudar a iniciativa privada com uma pesadíssima e visceral carga tributária, mas trabalhar lado a lado com ela, para suprir suas carências, suplantar os problemas que coíbem seu desenvolvimento – a começar pela eliminação, ao menos em parte, da exacerbada burocracia –, e limpar o caminho para a geração de um ciclo de prosperidade, que, se abalizado de forma correta, passaria a abastecer-se a si próprio. A verdade é que se governo e iniciativa privada trabalhassem juntos, não existiriam obstáculos ou barreiras impossíveis de serem suplantadas. Mas por que isso não acontece?
Evidentemente, como o título deste artigo sugere, a negligência – como todos nós, brasileiros, sabemos – é uma característica fundamental do governo, em diversas áreas. Se o estado negligencia saúde, segurança e outras necessidades básicas fundamentais, é óbvio que não irá se preocupar com as dificuldades do setor privado, mesmo que isto acabe gerando um impacto econômico negativo. E para piorar, existem outras três questões que igualmente suplantam toda e qualquer possibilidade de desenvolvimento, em qualquer área, em nosso país:
1ª – A ganância. Como muitos indivíduos entram para a política para ficarem ricos, é evidente que eles não irão ocupar o seu tempo com resolução de problemas. O político brasileiro, sendo primariamente um indivíduo ensimesmado, egoísta e egocêntrico, está mais preocupado com a sua conta bancária do que com a prosperidade e o desenvolvimento da nação. Contabilizando o quanto de propina e suborno ele ainda têm para receber desta multinacional ou daquela megacorporação de cujo esquema faz parte, ele estará ocupado demais calculando taxas de câmbio, para mais tarde efetuar a transferência de valores para as suas contas bancárias em paraísos fiscais como Suíça e Luxemburgo. E não devemos nunca esquecer que na política brasileira, homens assim são a regra, não a exceção. Na República Federativa da Indolência, da Corrupção e da Permissividade, é mais fácil ensinar matemática aplicada em grego a uma privada, do que encontrar um político honesto. Jamais se iluda com discursos loquazes, palestras magníficas ou uma oratória impecável. O político brasileiro é um animal dissimulado, que aprendeu com perfeição a falaciosa arte da hipocrisia.
2ª – Incomensurável burrice. Sendo homens completamente destituídos de inteligência, astúcia e capacidade de raciocínio, a verdade, por mais triste que possa parecer, é que até um saco de cimento resolveria problemas com mais competência do que nossos gestores públicos. Com inegável talento para a ignorância e uma desmesurada inclinação para a imbecilidade, não há nenhum problema em nosso país que eles não consigam piorar. E nas raras vezes em que não temos dificuldades, a capacidade de nossos gestores públicos em cria-las faria a própria constituição debater-se em prantos, ou entrar em depressão. Elaborando resoluções complexas para problemas simples, e resoluções simples para problemas complexos, o estado não consegue fazer absolutamente nada que seja coerente, compatível ou condizente com a realidade na qual estamos inseridos. As únicas coisas positivas que o governo brasileiro foi capaz de nos ensinar até hoje foi como não pensar, como não proceder e o que não fazer. Se eles estão fazendo, então, para dar certo, é só fazer o contrário.
3ª – Alienação. Como um indivíduo completamente alienado da realidade, o político brasileiro não tem capacidade de entrar em sintonia com as necessidades do brasileiro comum. Não sabe o que ele quer, o que ele faz, o que ele anseia, nem o que ele precisa. Nas raras vezes em que parece descobrir, age com indiferença.
Como indivíduos regiamente bem pagos para não produzir e não trabalhar, não podemos esperar absolutamente nada de bom de nossos gestores públicos. São demagogos velhos, cansados e apáticos, parasitas de uma política viciada, de natureza dormente e estática, que faz de tudo, menos lutar pelos interesses da maioria, e realizar o que é salutar e correto. Do alto de seus pedestais de gloriosa soberba, suntuosidade e arrogância, são incapazes de enxergarem-se como realmente são. Com homens tão inaptos, incompetentes, incapazes e ineficientes, como o país poderá algum dia contemplar um desenvolvimento concreto e factual?
A política no Brasil, serve apenas para dividir a população, criar intrigas, divisões e contendas, erodir a iniciativa privada e deixar homens públicos extremamente ricos. O progresso é algo que existe. Nós podemos fazer acontecer. Mas jamais através da política. Ela enriquece e corrompe. Beneficia única e exclusivamente a classe política. Jamais a população. Um empreendedor preparado e argucioso compreende que, neste contexto – infelizmente – estará sempre por sua própria conta e risco. O empreendedor argucioso, precavido e inteligente sabe que deve lutar pelo melhor, esperando sempre pelo pior.