Rio de Janeiro – A capacitação e organização de produtores de açaí de Curralinho, município paraense da Ilha do Marajó, mudou a vida de mais de 1,2 mil famílias. A experiência foi apresentada pelo analista de Desenvolvimento Territorial do Sebrae no Pará, Mário Pacheco, na abertura do painel Negócios Sociais na Amazônia, realizado nessa quinta-feira (18), último dia do 5º Fórum Mundial de Negócios Sociais, no Rio de Janeiro.
Os produtores procuraram ajuda ao perceber que grande parte dos ganhos ficava com os atravessadores. Os diferentes grupos decidiram se unir e começaram a receber, a partir de 2006, capacitações de gestão, além de orientação técnica do Sebrae no Pará, de institutos de pesquisa, da prefeitura e instituições. O resultado foi animador: o quilo do açaí, que antes era comercializado a R$ 13, subiu para R$ 21. Isso resultou em um ganho médio mensal de R$ 1 mil por família. “Eles saíram de uma situação de miséria e passaram a comandar o próprio negócio. Agora, pensam em produtos com valor agregado, o que deve dobrar o valor arrecadado”, relatou Pacheco.
A vantagem de modelos de atuação em grupo, como associações e cooperativas, foi ressaltada pelos demais participantes do painel. O acesso ao conhecimento foi outro ponto em comum. “Os jovens também precisam garantir o conhecimento tradicional, agregado a novas técnicas”, reforçou Carlos Gabriel Koury, do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam).
Para o empresário e conselheiro da Fundação Orsa, Luís Fernando Laranja, não é fácil vencer a distância entre o local de produção e o mercado consumidor. Há dez anos, ele deixou a carreira de professor universitário em São Paulo para criar um negócio na Amazônia.
Luís Fernando utiliza matéria-prima da floresta para criar artigos cobiçados, como um azeite extra-virgem de castanha. O produto inédito é o carro-chefe da empresa e já está sendo vendido em capitais como São Paulo, Brasília e Porto Alegre. “Foi um desafio ligar dois mundos diferentes: o do coletor e do pesquisador. Hoje, atuo no fortalecimento das redes e acesso ao conhecimento, na capacitação e interligação entre quem produz e quem consome”.
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