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Sebrae aposta nas lan houses para estimular empreendedores


 Brasília – Duzentos e noventa e cinco lan houses espalhadas em diferentes localidades atuam como Pontos de Acessos Sebrae pela internet. Os estabelecimentos são responsáveis pela formalização de mais de dois mil empreendedores individuais desde 2010. Essas microempresas foram habilitadas por um programa de treinamento em gestão empresarial em formato de social game, o Desafio Lan Sebrae. A meta da instituição é chegar a 400 pontos de acesso até dezembro de 2012.

O Desafio Lan Sebrae está inserido no projeto Rede de Atendimento, Informação e Orientação (Raio), iniciado em 2010. Trata-se de um espaço em que os donos de lan houses compartilham dicas, vivências, problemas e soluções. “O projeto é uma ação que apoia a aproximação dessas expectativas e promove pactos de geração de negócios e desenvolvimento, envolvendo empresas e instituições em um diálogo contínuo e sustentável com as lan”, destaca Viviane Vilela, coordenadora da Raio, que reúne hoje 2.584 usuários.

Viviane observa que o projeto propiciou o aumento do número de empresas formalizadas, tanto nesse tipo de empreendimento quanto em outros negócios. Também houve melhoria nos processos de gestão do negócio por meio dos cursos à distância do Sebrae. Autorizadas pela instituição, as lan houses podem oferecer um novo tipo de serviço: cursos de capacitação profissional on-line para formalização de microempresas. O projeto tem duas motivações: promover a sustentabilidade das lan houses e aproveitar esses estabelecimentos para facilitar o acesso da população aos serviços e produtos do Sebrae.

Para se tornar um Ponto de Acesso Sebrae pela Internet é preciso atender requisitos como formalização e seguir um código de ética. Empenhado em atender a esses critérios, o empresário paulistano Marco Antonio Silva, 39 anos, encerrou cinco anos de informalidade. “Formalizei minha empresa e hoje ajudo outros a mudarem. O projeto Raio mudou minha mentalidade. Percebi que posso ser um ponto de vários serviços”, afirma.

Cenário

O Brasil tem pouco mais de 107 mil lan houses e é por meio dessas microempresas que 32 milhões de brasileiros acessaram a internet neste ano. O número corresponde a 45% do total de acessos do país, conforme estudo da Pleno CDE – consultoria especializada nas classes C, D e E – em parceria com o Comitê para Democratização da Informática (CDI Lan).

O estudo mostra ainda que 90% das lan houses são informais, geram até três empregos (Análise Bozz & Company, da Microsoft) e são associadas a casas de jogos, pontos de venda de drogas e pedofilia. Para Luiz Fernando Marrey Moncau, do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getulio Vargas (FGV), o aumento do uso residencial de internet pode afastar algumas pessoas dos centros públicos de acesso. “Para manter a clientela, as lan houses precisarão reinventar seus modelos de negócio, investir no relacionamento com o cliente, nos serviços de café e de escritório”, avalia.

Lilian Maria Tansani é proprietária da Lancyber, em Hortolândia, São Paulo, inaugurada em 2010. Ela buscou o Sebrae porque queria oferecer algo novo e aprender mais sobre o segmento. A empresa é um dos pontos de atendimento do Sebrae. Para Lilian, o Plano Nacional da Banda Larga (PNBL) do governo federal não intimida seu negócio. “Se o custo da banda larga cai para o usuário, também cai para o empresário. Hoje minha lan house não depende apenas do acesso à internet”, conta.

Segundo ela, seu empreendimento ganhou credibilidade após conquistar o selo de ponto Sebrae, que chamou a atenção da CPFL Total, grupo de empresas que gera, distribui e comercializa energia. O grupo propôs à Lilian que seu estabelecimento virasse seu credenciado.

Classificação

Até pouco tempo não havia a denominação para lan house na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae). A atividade enquadrava-se como casa de jogo ou casa de bingo. Hoje, o empreendedor pode escolher entre quatro Cnae diferentes: Proprietário de Sala de Acesso a Internet; Cyber Café com Predominância de Serviço de Bar; Ensino de Cursos de Treinamento Profissional, Gerencial com Acesso à Internet; Tecnologias de Informação e Comunicação e Acesso à Internet.

O novo olhar da sociedade para as lan houses é visto por Luiz Fernando Moncau, da FGV, como a maior conquista. Hoje já se reconhece que elas são espaços importantes para a inclusão digital. “A próxima fase é transformar essa percepção positiva em ação efetiva dos governos para as lan houses, removendo os entraves legais, implementando políticas públicas que permitam ao governo alcançar o cidadão e capacitando o usuário de internet”, ressalta.

No entendimento de Viviane Vilela, do Sebrae, o maior desafio é a aprovação do Projeto de Lei nº 4.361/2004, que tramita no Congresso. A principal mudança que a nova legislação propõe é a alteração do nome lan house para Centros de Inclusão Digital (CID). A lei define o CID como espaço de interesse social para universalização do acesso à rede mundial de computadores.

Serviço
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