O youPIX POA já passou, você já viu aqui todos os debates e palestras que rolaram no auditório, mas tem uma discussão que só viu que esteve lá: Erik Gustavo (Co-criador do Marcelinho Lendo Contos Eroticos e Alta Cúpula Vídeos), Cauê Moura (Vlogueiro do canal Desce a Letra), PC Siqueira (vlogueiro e apresentador da MTV), Marco Carvalho (diretor dos webfilmes do Coisas Que POA Fala) e Mau Saldanha (fotógrafo, filmmaker, podcaster no Rapaduracast e vlogueiro no Cabine Celular) se juntaram no Daora o Hub pra falar sobre o que será do conteúdo em vídeo na web e na TV. Da palestra deles tiramos vários pensamentos que são importantes pra você que consome vídeo, mas principalmente pra quem produz. Se você faz vídeos ou quer fazer, esses conselhos são importantíssimos! E ó, o melhor de tudo: de graça 😉
O QUE FAZ UM CANAL OU PERSONAGEM SER QUERIDO PELO PÚBLICO?
É claro que não existe receita pro sucesso (senão ela estaria à venda aí na sua esquina), mas o mais importante é se conectar com seu público. Se você não responde comentários, não interage no Twitter, se não usa redes sociais, o pessoal vai acabar deixando seu canal de lado. A máxima do cinema, TV e teatro é você ser visto pra ser lembrado, por isso é imprescindível… aparecer! É claro que existem casos à parte, que bombam espontaneamente, mas é melhor não contar com esse milagre, né? As chances de ganhar na Mega-Sena são maiores, amg.
DO YOUTUBE PRA TV
Muitos vlogueiros têm migrado pra TV (e vários outros sonham com isso) e o que o público mais pede é “por favor, não abandonem o YouTube!!”. É excelente que a televisão esteja finalmente de olho na internet, mas a forma de fazer o material audiovisual com certeza sofre modificações no processo. Em entrevista com a Julia Petit, ela comentou que da gravação do programa até que ele vá ao ar (em torno de duas semanas) ela já pensa que poderia ter abordado outro tema, que poderia ter sido diferente, etc. Este pode ser um dos motivos pelos quais os vlogueiros não abandonam seus canais quando vão pra TV, lá eles têm total liberdade e controle sobre a produção. A televisão se tornou, sim, mais receptiva à linguagem youtúbica, mas ainda assim não é como ligar a câmera, falar e postar. Como bem apontou o Cauê Moura, o número de inscritos de um canal é conseguido por mérito, não por uma decisão da diretoria. A internet trouxe a democratização da opinião e isso a televisão nunca vai poder reproduzir.
A REINVENÇÃO DO VLOG E MUDANÇA DE PÚBLICO
Muitos dos vlogs que bombaram lá com a onda de 2010 (como do PC Siqueira e Felipe Neto) se modificaram com o tempo. Além de descobrir e consolidar uma linguagem própria, os vlogueiros começam a se cansar de fazer sempre o mesmo conteúdo no mesmo formato e ficaram com vontade de mudar. Os resultados disso são vídeos com novas abordagens (canais de games, de culinária), foco em outras áreas (como o próprio Felipe que fundou a Parafernalha ou o Gustavo Horn, que se dedica à publicidade), e por aí vai.
O importante é não se forçar a fazer um conteúdo que não gosta só porque o público pede, por dois motivos: 1) as pessoas vão notar que você tá de saco cheio e os vídeos vão ficar ruins; 2) com a mudança de conteúdo vem também a mudança de público e isso, em geral, é muito positivo. Você vai falar com novas pessoas, sobre temas que você ainda não abordou. E mesmo que pareça que o público não vai se interessar, você tem que fazer o que gosta. Assim, vai ser interessante. Btw, o oposto também vale: não se obrigue a fazer um formato que tá na moda só pra agradar. Sério. (Falaremos mais disso logo abaixo)
LIDANDO COM HATERS
Se você é um iniciante no YouTube (e na internet, por que não dizer, né?), talvez se depare com comentários de haters e trolls que só xingam o vídeo. Às vezes sem nem terem assistido, eles podem fazer os comentários mais cruéis. É difícil ignorar, mas é preciso. Nós já indicamos um app pra você instalar que substitui esses comentários negativos por HERP DERP (fikdik) e já te ensinamos que você não deve alimentar os trolls, mas é sempre bom reforçar, né?
Já os veteranos de YT se deparam com outra coisa: os caras que amam odiar! Eles odeiam tanto, tanto, que não se contentam em xingar no comentário: eles voltam pra xingar em todos os vídeos, te seguem no Twitter só pra te zoar. Eles não admitem, mas é paixão. O PC Siqueira contou inclusive que um cara já chegou pra ele na rua, falou que odiava o canal e que queria bater nele. PC diz: “então bate, tou aqui.” — Mas nada aconteceu… O cara fugiu da situação. Lembre-se de que ter opiniões polêmicas ou levantar assuntos delicados pode gerar um nível alto de haterice. Ossos do ofício.
MONETIZAÇÃO
A publicidade descobriu o blog e já tá investindo pesado nas mídias sociais, mas e os videocasters? Atualmente, a melhor maneira de monetizar ~grandão~ é entrar em contato direto com campanhas ou ser parceiro de alguma rede no YouTube, porque o AdSense do Google paga quase nada. A verdade é que os publicitários têm que entender logo que essa mídia tem muito poder e potencial pra crescer tanto quanto ou até mais do que os blogs. Se você acha que não, dá uma olhada nessa estatística, que mostra o número massivo de vídeos que os brasileiros assistem: 3 billhões. Especialistas dizem que até 2014, 67% de todo o conteúdo que vamos consumir online será em vídeo. Isso é MUITO espaço de anúncio não utilizado.
E mesmo quando os vlogueiros entram em parcerias pra fazer jabá, tem um público que reclama. Mas a questão foi levantada durante o debate no youPIX POA e a resposta é simples: a audiência já se acostumou com anúncios no YouTube. Antes, ter um vídeo ou um banner era extremamente desagradável, porque afinal “a internet é livre”. Agora já não é mais, eles sabem que é só clicar em “skip video”. Ora, são estes anúncios que fazem com que o conteúdo continue livre e gratuito, senão o youtuber não teria como dar continuidade ao trabalho. Não tenha medo de monetizar.
MODAS DO MOMENTO: FUJA DELAS!
Você nunca ouviu falar de gameplay? Então você não é um tr00 youtuber. Os canais de gameplay são a nova febre do YouTube (aliás, estamos preparando uma matéria fodástica só sobre isso!) e junto com isso vê-se muitos vlogueiros tentando fazer conteúdo semelhante, pra entrar na onda. Infelizmente, a maioria faz só por modinha e acaba ficando chato. Se já existe algo grande ou famoso, não tente imitar! Afinal de contas, se o cara pode ver o original ou a cópia (ambos gratuitos no YouTube), quem você acha que ele vai preferir? Só entre na modinha se você for inovar, criar algo novo dentro daquele segmento. Senão, vai ser só mais um.
Não vá atrás só do que o público pede, faça o que você ama! Pode ser que sua ideia pareça louca porque ninguém nunca fez isso antes, mas como o Erik Gustavo mesmo disse, todos os amigos dele que viram o primeiro vídeo do Marcelinho antes de postar acharam que não ia ser nada demais (eles nem curtiram o Marcelinho, na real), mas ele foi lá e postou. Não preciso sem dizer, né?
Muita gente começa a fazer vídeo hoje em dia pra se tornar famoso, pra ser alguém importante, influente, ou quem sabe ir parar na televisão. Esse pensamento deve ser evitado, afinal de contas não é todo mundo que fica famoso, muito menos assina um contrato milionário com um canal de TV. Faça porque você gosta, só assim o projeto tem chances de dar certo.