E eis que o YouTube acaba de completar 8 anos. Sério, 8 anos apenas! Mas parece que nunca vivemos sem ele. Taí um site que mudou completamente a maneira como consumimos e produzimos imagens. Sem medo de exagerar, podemos dizer que ele é quase tão paradigmático quanto foram os Irmãos Lumière quando criaram o conceito de cinema.
É graças a este que é o terceiro site mais visitado do mundo (só está atrás do Google, que comprou o YouTube por US$ 1.65 bilhão em 2006, e do Facebook) que tivemos acesso ao estranho e fascinante mundo dos vídeos das crianças sem noção, dos gatos adoráveis e de coreografias que, sim, já tentamos repetir em casa. Mas não só isso.
O volume de informação que circula por lá é simplesmente assustador. A cada dia o equivalente ao tempo de oito anos (mais de 70 mil horas) de vídeo são upados no YouTube e mais de 4 bilhões de vídeos são vistos por dia. Aliás, não se sabe o número preciso de vídeos que existem hoje no site, mas em um cálculo feito há dois anos, previa-se que seria necessário viver mais de 1450 anos para conseguir dar conta de assistir a tudo. Nem Highlander tem esse tempo todo livre.
Entenda como, quando e por que o YouTube mudou completamente o curso da História em seu ainda curto período de vida.
- 2005
No meio da confusão dos ataques terroristas em Londres, alguém saca o seu celular do bolso e filma as pessoas tentando sair do metrô com segurança. As cenas são upadas no YouTube e daí em diante o mundo entendeu que podia participar efetivamente da construção da notícia. O jornalismo em vídeo nunca mais seria o mesmo.
- 2006
Surge a Khan Academy, uma escola que tinha como objetivo ensinar conhecimento via vídeos online. Naturalmente, sem o YouTube a ideia desse tipo de ensino à distância não teria sido possível. A Khan Academy é um marco e até hoje uma referência. A ideia de repassar educação pelo YouTube logo se tornou uma das principais funções do site. Ou vai dizer que nunca assistiu a um vídeo tutorial por aí?
- 2007
Um menino franzino e com o cabelo jogado pra frente começa a chamar atenção no YouTube com vídeos em que ele canta e toca covers de r’n’b fazendo aquela vozinha doce. Um agente escuta o rapaz e eis que Justin Bieber se torna a primeira grande celebridade que nasceu e cresceu graças ao YouTube. Depois dele, outros (cantores, humoristas, ou apenas desocupados) se tornariam e ainda se tornam celebridades graças ao site.
- 2007/2008
Barack Obama lança sua campanha para presidente dos Estados Unidos e, muito espertamente, usa o YouTube como veículo principal para atingir os eleitores jovens. Resultado: ele foi eleito o primeiro presidente negro dos EUA, tendo vencido também o segundo mandato em 2012.
- COMEÇO DE 2011
No dia 18 de janeiro, a egípcia Asmaa Mahfouz, uma das fundadoras do grupo que organizaria poucos dias depois o imenso protesto contra o governo egípcio, sobe no YouTube um vídeo em que ela afirma que vai continuar indo à Praça Tahrir pedir seus direitos. O vídeo se tornou rapidamente um viral no Egito e foi a chamada para a população se juntar aos protestos que conseguiram tirar do poder o presidente Hosni Mubarak.
- FIM DE 2011
Em agosto, o movimento Occupy já havia sido lançado nos EUA, mas foi somente depois de setembro, quando um vídeo começou a circular mostrando policiais jogando spray de pimenta em um grupo de estudantes que protestava pacificamente na Universidade de California Davis, que a coisa tomou dimensão internacional.
- 2012
Em julho, sobe no YouTube um curta-metragem chamado A Inocência dos Muçulmanos, um filme amador (na verdade, malfeito mesmo) que ridiculariza o islamismo. Uma nova onda de protestos surge e, na Líbia, o embaixador americano e mais dois funcionários da embaixada morrem em razão desses protestos. No Brasil, o vídeo é classificado pelo YouTube como “potencialmente ofensivo ou inapropriado” e vem com o recado: “Contamos com o seu bom senso para decidir se deseja assisti-lo ou não.” Até hoje é usado por alguns grupos políticos islâmicos como dispositivo de ódio aos americanos.
- DESDE A FUNDAÇÃO
O YouTube conseguiu mudar muita coisa na nossa relação com a mídia, mas certamente a sua grande Coca-Cola do Deserto foi mesmo a indústria fonográfica. Muitos anos depois da MTV, o site deu nova vida à ideia dos videoclipes e transformou eles no grande motor propulsor de um comércio que andava todo desconfiado com a onda de pirataria. Muito mais do que o lançamento de um disco ou mesmo de um single nas rádios, o que importa agora é ter um vídeo que se torne viral (no top 10 dos mais vistos no YouTube, 9 são clipes) e que faça circular o nome daquela pessoa que podia ser, até então, uma ilustre desconhecida. Rebecca Black, Michel Teló e Psy que o digam.