De vez em sempre, nós envolvidos com comunicação social,
nos deparamos com as ideias de Zygmund
Bauman acerca dos diálogos
pós-modernos entre a sociedade e o mundo. Ancoradas ao conceito de “modernidade líquida”
defendido pelo pensador, amontoam-se instituições e certezas nas quais a
humanidade se agarrou, enxergando que ali a verdade absoluta reverberava sobre
corpos pagãos.
nos deparamos com as ideias de Zygmund
Bauman acerca dos diálogos
pós-modernos entre a sociedade e o mundo. Ancoradas ao conceito de “modernidade líquida”
defendido pelo pensador, amontoam-se instituições e certezas nas quais a
humanidade se agarrou, enxergando que ali a verdade absoluta reverberava sobre
corpos pagãos.
Revoluções sociais, políticas, econômicas e tecnológicas foram defendidas e assim deu-se um caminhar esquisito rumo à modernidade. Enquanto isso, experiências psicodélicas substituíam a arte em sua forma de “quase religião”. Família, trabalho e círculos sociais redesenhavam-se (sim, é possível submergir do proletariado à burguesia!); é como não ter concebido anteriormente a permissão para casar e separar e casar e separar e casar e… (pausa a para reflexão – ou riso).
Encaremos essa coisa toda de ser “líquido”. Na visão do apocalíptico, hoje não mais substituímos referenciais, mas os derrubamos e deixamos o vazio em seu lugar. Não temos mais certezas e isto se torna uma armadilha de poder exacerbado. No olhar do integrado, essa liquefação nos aproxima de uma liberdade pela qual muito se lutou até hoje. Calça de veludo ou bunda de fora, então?
Ora, o Brasil é um país menino que, como toda criança inteligente, sonha em crescer, poder andar com as próprias pernas e alcançar um futuro melhor para si. Quero dizer: nossa sociedade não é regida sob regras milenares e não colonizamos a África; não lideramos a revolução tecnológica do século XX. Mas temos nossos diferenciais. Estamos chegando “lá”.
Falando em números, em 2001, mais de 96 milhões de brasileiros pertenciam à classe E (renda média de R$ 270,00 por pessoa). No ano passado, a população desta classe social girava em torno dos 63 milhões. A rede de relacionamentos be2 (no Brasil desde 2005) tem cerca de seis milhões de usuários tupiniquins em busca do par perfeito (adivinhem!) para o matrimônio. Em 2007, uma dupla de brasileiros grafitou um castelo na Escócia construído no século XIII, a pedido do proprietário do imóvel. Muito amor, não?
Entretanto, ainda nos deixamos cegar por estúpidas formas de preconceito. A Agência Brasil publicou em matéria que, a cada 36 horas, um homossexual é morto por motivos de violência em nosso país. O mercado dita as regras do jogo e quem não acompanha perde a vez. Jornais do mundo inteiro mostram filas de pessoas à espera do iPad, alguns deles sem ao menos saber a real funcionalidade do aparelho.
Consumimos músicas estrangeiras, repetindo a fonética das sílabas ao encontrar afinidade com a melodia entoada. Cantamos sem entender as letras das batidas gringas achando o máximo (vide o clássico funk The book is on the table) enquanto criticamos corrosivamente um artista nacional que grava um hit em inglês, dizendo que o mínimo que ele deveria ter seria o bom senso de não repetir a dose.
Ainda assim, a fluidez aqui é diferente. Talvez porque ela venha de um povo que tomou como herança a perspicácia do negro escravo e a misturou com sol, samba e suor, até que alquimia do gingado trouxe às claras o “jeitinho” que cabe em todo X de questão.
Contra o desespero da repressão ditatorial, a incoerência política e toda a força negativa que segurava a barreira do atraso de vida, a arma foi nos tornarmos criativos e dedicados a transformar a vida no que queremos, ou em algo minimamente desejável. Não é novidade: a bunda de fora todo mundo já viu. Que a próxima estação traga, enfim, a roupa ideal. Flexível e imponente. O traje de herói do país do futuro.
Via RSS de Blog Mídia8!
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