Com 2.310 metros de comprimento, a ponte Governador Albert D. Rosellini, em Seattle, é a ponte flutuante mais longa do mundo. Mas, depois de cinquenta anos de serviço, o concreto da construção de quatro pistas envelheceu pior que o Gerard Depardieu. Os suportes do píer não podem resistir às fortes tempestades da região e é provável que ela desmorone em caso de um terremoto moderado. Mas Washington pode reconstruí-la, já que eles têm o poder e a tecnologia.
Mais comumente conhecida como State Road 520 (SR 520), a ponte Rosellini é uma via pública importante que cruza o lago Washington e um artéria de tráfego crucial para os empregados da Microsoft que vão de Redmond, do lado leste, para Seattle, no lado oeste. Em média, passam por ela 115 mil carros e 190 mil pessoas por dia. Uma série de 33 pontões de 77 toneladas cada suportam a ponte e a ancoram ao fundo do lago, a 65 metros de profundidade. A ponte foi inaugurada em 1963 mas, desde 1997, caiu num estado de descuido e abandono que precisou ser fechada várias vezes durante ventanias. Ela também entrou 30 cm na água a mais do que nos anos 60, e ficou ameaçada a ruir no caso de um tremor moderado a severo na área. Myint Lwin, engenheiro-chefe de pontes no Departamento de Transportes do Estado de Washington, estimou que a falência completa da construção — mesmo com reforços para suportar terremotos — se daria em 2017. Então, o governo de Washington assumiu o problema e construiu uma ponte nova, mais forte e melhor desenhada, sobre o esqueleto da antiga.
A nova SR 520 custou US$ 4,65 bilhões e deve ser inaugurada na metade do ano que vem. Ela é significantemente maior que a anterior. A seção flutuante da nova ponte mede 2.350 metros, quarenta a mais que a anterior, e terá seis pistas, além de espaço para pedestres e ciclistas, num caminho de 4,27 metros de largura. Ela também possuirá uma série de cinco mirantes ao longo do trajeto, para turistas poderem tirar fotos de Seattle vista do lago.
O Departamento de Trânsito de Washington mais que dobrou o número de pontões de concreto suportando a nova ponte: agora são 77 flutuadores, comparados aos 33 originais. Cada um deles mede 110 metros de comprimento, 23 de largura e 8,5 de altura (apesar de apenas os últimos 180cm ficarem para fora da água). As âncoras no fundo do lago agora são nada menos que 58, amarradas aos pontões com cabos de aço de 76mm de diâmetro. O que é mais legal é que cada cabo termina num macaco hidráulico controlado remotamente que pode aumentar ou diminuir a tensão, em resposta aos movimentos da ponte durante tempestades. Com estes novos sistemas de distribuição de peso, a SR 520 deve aguentar ventos de 145 km/h e “terremotos daqueles que só acontecem a cada mil anos”.
Mas, como muitos outros projetos do setor público, a reconstrução da ponte não esteve livre de escândalos. A Kiewit Construction, companhia de Aberdeen responsável pela construção dos pontões, recebeu diversas críticas por uso de mão-de-obra desqualificada. Um fiscal anônimo da O’Niell Environmental, subcontratada da Quality Assurance, disse a Komo News que os operários instalaram vergalhões de tamanho errado e em locais incorretos. “Para mim, é um desastre; é um desastre esperando para acontecer”, disse. ”Eu não vou passar por essa ponte quando estiver pronta.” Ainda assim, não deve ser pior do que a Tacoma:
[Wired – Komo News – About – Wikipedia – Washington DoT 1, 2, 3 – Imagens: Departamento de Trânsito de Washington]