Eu vivo em busca da liberdade a todo o momento, mas apesar disso sempre acabo em prisões. Talvez isso aconteça porque o cérebro humano foi automatizado para buscar sempre o conforto. Ou talvez isso ocorra porque gostamos mesmo é de ter controle sobre as circunstâncias da vida. Enfim, prisão é prisão. Você pode estar em uma praia e ainda estar aprisionado. Ou pode estar sozinho no meio de uma floresta olhando as estrelas e ainda se sentir aprisionado. Minha conclusão depois dessas e outras reflexões é a de que não “estamos aprisionados”, “somos aprisionados”. Só há uma saída…
MORRER PARA VIVER
De tanto pensar em liberdade, já pensei inúmeras vezes em morrer. É claro que morrer naquele ato covarde do suicídio, onde você abaixa as guardas da sua vida para as circunstâncias e sucumbe totalmente frágil a prisão que construiu. Uma pena ter pensado isso, pois poderia ter refletido em algo mais positivo. Porém, o fato é de que mesmo se eu tivesse executado o feito, não estaria “livre”. Teria comprovado que a vida tinha me aprisionado tanto ao ponto de ter provocado minha morte dentro dela mesma.
Pensando de outra maneira sobre o assunto e, talvez de forma mais madura e inteligente, percebo outro significado para morte. Você já percebeu que nós somos influenciados por tudo? Somos influenciados pela comida, pela bebida, pela posição das estrelas do céu, pelo clima, pela família, pela escola, pelo governo, pelos amigos e tudo o mais que pudermos colocar nessa imensa lista. Isso é terrível! Nunca sabemos ao certo o que estamos pensando ou quem somos, porque sempre temos que adicionar às nossas deduções o quesito “influência”.
Eu sou meio que aficionado em equilibrar a minha alimentação. Há um tempo percebi as más influências do café no meu organismo e o eliminei da minha dieta. Percebi também os maus efeitos do chocolate no meu humor e também o eliminei. Daí, noutro dia, enquanto comia castanha alegremente, me disseram que ela era tão ruim como o chocolate se consumida em excesso. “Que saco!”, pensei. Será que não podemos comer em paz alguma coisa sem ninguém nos falar se pode ou não pode. Se devemos ou não devemos. Se é “certo” ou se é “errado”. Lá se foi a paciência, a calma e a tranquilidade, por causa das “benditas” influências.
PRISÃO EMPREENDEDORA
Aí vai o empreendedor metido abandonar o seu emprego para abrir o seu próprio negócio. Ele poderá não perceber tão cedo a arapuca que arrumou para si mesmo, mas logo estará tão ou mais enclausurado, do que quando era empregado. Vai ser difícil arranjar gente para trabalhar no seu lugar, vai ser difícil administrar as crises com os clientes e vai ser preciso ficar no trabalho mais horas do que quando se era empregado. Ele vai ganhar mais? Pode ser, mas que importância tem isso, se no final das contas ele se tornou mais um preso do que um empresário? No final das contas o que conta não é o exercício pessoal? Detalhe interessante: no meio da palavra “empresário” existe a palavra “presa”.
Quando estava saindo do meu último emprego um “desgramado” disse para mim: “É o ser humano que constrói suas próprias prisões, não importa aonde ele vá.” Para quê eu tive que ouvir isso? Deve ter sido para ficar com essa frase na minha cabeça para todo o sempre e, ainda por cima, perceber isso claramente na minha própria vida. Só pode. É impressionante a verdade por trás dessa frase e mais impressionante ainda é observar nossas pequenas prisões. Família, empresa, grupos sociais, escola, faculdade, time de futebol, etc. Somos classificados e encontrados no Facebook, com base nas prisões que escolhemos para nós. Poderíamos inclusive dizer que cada ser humano é um presídio ambulante com várias personalidades encarceradas dentro dele. Uma pena.
FUGA PARA A MORTE
No final das contas, todas as prisões do mundo que criamos não são nada diante daquela que construímos por sobre nós. Falo da nossa personalidade. Ela é quem é o imã das influências de circunstâncias do mundo. É ela que enxerga uma situação como aprisionadora ou libertadora. É dela que devemos nos libertar. É ela que devemos matar. Morte a personalidade! Morte!
Quando na “Oração de São Francisco” lemos “é morrendo que se vive para a vida eterna”, percebemos uma sabedoria muito grande só neste pequeno trecho da bela oração também intitulada “Oração da Paz”. Se matarmos nossa personalidade conseguimos viver livremente e eternamente. Isto porque é a nossa personalidade que possui tempo de início e fim. Não nós quando em liberdade. Precisamos morrer para viver, mas como a vida é cheia de pegadinhas, temos que manter o equilíbrio para não confundir morte com suicídio culposo. Aquele tipo de suicídio causado gradativamente sem uma intenção objetiva de se matar.
Ainda não morri, mas como queria estar morto agora para não ter que ficar repetindo minhas bobagens por aqui. Preciso fugir e rápido de mim mesmo. Reflexão. Ou encontrar a mim mesmo. Mais reflexão.
Músicas da versão em áudio deste post:
- Racionais MC’S – Diário de um detento
- The Horrible Crowes – Behold The Hurricane
- Alkaline Trio – Radio
- Pavilhão 9 – Sigo com Calma
- The Cardigans – My Favourite Game
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