Eu acabo de terminar a leitura da biografia do Steve Jobs escrita pelo Walter Isaacson. O livro é incrível! Sensacional!
O livro não traz nenhuma grande novidade para um fã como eu que acompanha a vida do Steve Jobs desde 1987, mas ainda assim é super emocionante saber a versão dos fatos narrados pelo próprio Steve Jobs.
Eu gosto do Steve Jobs porque eu nasci na indústria da microinformática. Desde sempre eu tive computadores em casa – o meu pai trabalhou a vida inteira como gerente de sistemas de mainframes, redes etc. Aos 10 anos de idade ou algo assim eu já brincava de “cobrinha” nos TK-80 da vida enquanto jogava Megamania no Atari.
A informática sempre esteve no meu sangue, e foi justamente essa admiração que me levou a trabalhar na Brasoft em 1987 quando tudo estava começando.
Eu acompanhei como revendedor e distribuidor Microsoft e Apple todos os bastidores das histórias que Steve Jobs narra na sua biografia.
O lançamento do Macintosh, a revolução do desktop publishing, a batalha entre a interface gráfica do Mac e a ascensão do Windows, as diferentes tentativas frustradas da Apple de abrir um escritório no Brasil, a imposição da turma do colarinho branco que suscedeu Jobs depois que ele foi mandando embora para forçar os revendedores, os distribuidores, os clientes finais, os próprios funcionários da Apple em vender Macintosh para o mercado corporativo e muito mais.
Eu tive a felicidade de colocar as mãos no primeiro iPod antes mesmo do bicho ser lançado nos EUA. Eu tive a felicidade de acompanhar o lançamento do Cube – a revolucionária CPU da Apple que prometia arrebentar, e foi para o saco. Eu tive a felicidade de usar o Newton antes do seu lançamento, o primeiro handheld da história que estava anos luz a frente do seu tempo.
Steve Jobs foi o CARA. Ele REALMENTE mudou o mundo.
Se não fosse pelo Steve Jobs, o computador seria apenas um equipamento para escritório como outro qualquer. Foi o Steve Jobs que percebeu que o computador poderia ser uma arma para mudar o mundo, e não apenas para planilhar custos de uma empresa, ou escrever propostas comerciais.
Se o Steve Jobs não tivesse interferido no curso do planeta, a IBM, a Microsoft, a Xerox, a HP etc teriam transformado o computador pessoal em um equipamento para utilização dentro de empresas, como um grampeador, um quadro branco, ou um cesto de lixo.
Quando Steve Jobs apareceu, os gerentes de TI como o meu pai, se achavam os reis da cocada preta dentro das empresas. A informação estava na mão deles, e todo mundo tinha que se ajoelhar para conseguir um simples relatório de faturamento e margens de lucro. Por eles, o computador pessoal jamais teria passado de um simples terminal onde o usuário tem acesso a informação que eles acharem que o usuário deve ter acesso.
Os geeks daquela época achavam o máximo complicar o computador, turbiná-lo com partes e peças malucas, que levava as pessoas normais a acreditar que o computador pessoal não passava de um hobby para nerds e gente chata.
Foi o Steve Jobs que percebeu que o computador era para todos, e que as pessoas deveriam ter acesso aos seus próprios dados, independente de estarem conectadas a um super computador IBM ou qualquer coisa do gênero.
Se não fosse pelo Steve Jobs, eu não estaria aqui hoje, e nem você.
Mas o Steve Jobs não revolucionou apenas a indústria da microinformática. Em diferentes passagens do livro, o autor e muitos outros especialistas afirmam: “Ter a oportunidade de revolucionar uma única indústria na vida já é um grande feito para qualquer pessoa, ter a oportunidade de revolucionar SETE indústrias diferentes, é coisa para gênio!”
Steve Jobs revolucionou a indústria da microinformática, do desktop publishing, da música, do cinema, do varejo, da telefonia, e dos tablets.
Eu li o livro inteiro no Kindle. A versão impressa tem mais de 600 páginas. Eu marquei por baixo mais de 300 páginas de passagens interessantes no livro que pretendo voltar a ler de vez em quando.
O meu entusiasmo pelo livro e pela história do Steve Jobs é tão grande que fica meio impossível (para vocês) fazer um post contando tudo que gostaria de compartilhar com vocês, por isso, eu escolhi algumas partes mais do que mais interessantes que acredito que vocês devem saber.
1. Steve Jobs foi um maluco por controle, ele fazia questão de controlar todos os detalhes dos negócios que interessavam para ele. Ele não foi um cara que necessariamente dizia que as coisas deveriam ser do jeito dele, mesmo porque ele não sabia ao certo como as coisas deveriam ser. Ele foi um EXCELENTE BRIFEIRO. Ele sabia que a Apple tinha que lançar um smartphone onde o dedo seria a caneta. Ele sabia que a Apple tinha que lançar um computador tipo tablet. Mas ele NÃO SABIA como as coisas deveriam ser.
Steve Jobs brifava os seus funcionários com maestria, e depois ficava em cima refinando e refinando e refinando as idéias que os caras apresentavam.
Johnny Ive, o criador do design do iPod, iPhone, iMac e iPad, comenta em uma certa passagem do livro que ele as vezes se ressentia com o fato do Steve Jobs levar todo o crédito pelas coisas que ele desenhada; entretanto, ele mesmo concorda que se não fosse pelo Steve Jobs, ele JAMAIS teria criado o iPhone ou iPod ou iPad.
A sua autobiografia foi o primeiro produto da sua vida que ele não quis controlar. O autor deixa bem claro no início e no final do livro que o Steve Jobs deu carta branca para escrever o que ele achasse que deveria ser escrito.
E Walter Isaacson escreveu. O livro retrata Steve Jobs por completo, o gênio que vê as coisas que ninguém vê e o maluco que dá porrada “gratuitamente” em funcionários, parceiros, fornecedores e concorrentes como se ele estivesse acima de todas as leis.
Eu li a versão em inglês do livro. Na versão em inglês algumas das palavras que mais aparecem nas 600 páginas são” “fuck you”, “shithead”, “shit”, “crap” “asshole” etc. Steve Jobs não tinha muita paciência com Jogadores Tipo B. Ele batia no cara até o cidadão abrir o bico e pedir para sair ou entregar o que tem que ser entregue.
Em um dos capítulos finais do livro, Steve Jobs fala que o Obama tá fazendo um governo “de merda” porque ele não tem coragem de falar o que pensa e arrumar briga com quem tem que arrumar.
Problema esse, Steve Jobs admite, ele nunca teve.
Quando ele mesmo já sabia que estava nos últimos dias, ele começou a receber algumas pessoas importantes para um último encontro. Entre eles Bill Clinton, Bill Gates entre outros.
Um dos caras que quis ver Steve Jobs pela última vez foi o Larry Page. Quando soube da vontade de Page de se encontrar com ele, Steve Jobs não teve dúvida, a primeira coisa que falou foi “Fuck You!”. Steve Jobs estava p da vida com o Google por ter clonado o sistema do iPhone criando o Android.
Mas no final da contas ele acabou recebendo o Larry Page e compartilhando as dicas que conhece sobre como liderar uma empresa, criar uma equipe coesa de trabalho, expelir os vagabundos que não agregam nada, FOCAR em poucas coisas etc.
“Larry”, disse Steve Jobs, “o Google está se transformando na Microsoft do Século 21. Vocês estão cheios de produtos-lixos, você já perderam o foco. Você precisa concentrar os esforços em CINCO produtos e se livrar de todo o resto”.
2. Steve Jobs foi um artista. Steve Jobs não era marketeiro, muito menos executivo. Steve Jobs foi um artista. E como todo artista, maluco por natureza. Steve Jobs morreu bilionário, estima-se que deixou 8 bilhões de dólares. Mas como todo grande artista, Steve Jobs nunca trabalhou por dinheiro, e sim por suas obras.
Quando perguntado sobre “O que o movia”, Steve Jobs respondeu: “Eu quero deixar uma empresa que possa ser valiosa para duas ou três gerações.”
Os primeiros milhões de dólares que acumulou na sua primeira fase a frene da Apple foram todos torrados durante a sua jornada na NeXT e Pixar.
Quando retornou a Apple em 1997, milionário outra vez por conta do sucesso da Pixar e a venda da NeXT para a Apple, Steve Jobs aceitou o cargo de CEO Interino com o salário simbólico de 1 dólar por ano. Ele inclusive não aceitou as ações da Apple como parte do seu rendimento como CEO. Por muitos anos, Steve Jobs não ganhou nada. Ele apenas queria transformar a Apple e usá-la como plataforma para arrebentar com as suas invenções.
Steve Jobs nunca doou dinheiro para caridade nenhuma. Ele dizia que não tinha tempo para gerenciar a utilização de uma possível doação para uma ONG ou qualquer coisa do tipo, então, decidiu ajudar a humanidade com o seu próprio trabalho, criando produtos que pudesem mudar a realidade das pessoas.
“Eu admiro o Steve Jobs. Durante todos esses anos que nos conhecemos ele nunca parou de inventar produtos incríveis e reinventar a maneira que lidamos com a tecnologia. Enquanto ele decidiu investir integralmente o seu tempo em produzir tecnologia, eu decidi investir o meu tempo e dinheiro na busca da cura da Malária”, Bill Gates, “mais ou menos” realizado com a opção que fez para a sua vida.
(continua logo mais…)
Via RSS de BizRevolution. Um Novo Olhar Sobre As Mesmas Coisas.
Leia em BizRevolution. Um Novo Olhar Sobre As Mesmas Coisas.