Talvez você já tenha ouvido falar em Country Manager, o cara que assume a responsabilidade de representar e levar uma empresa multinacional em um novo país. O nome da função é bonito e a descrição é abrangente, mas suas responsabilidades e deveres podem variar muito, dependendo da empresa e do país.
Por isso, quisemos entender melhor como é a rotina e o trabalho de alguns Country Managers. Conversamos com o Rodolfo Ohl, da SurveyMonkey, Dan Strougo, da 99Designs, e Monica Silvestre, da Yelp, para ver a visão deles em relação ao cargo.
No geral, eles explicam que suas funções vão além de simplesmente representar a empresa por aqui. No caso de Monica, por exemplo, ela também contrata e conversa diretamente com os CMs, pessoas que cuidam de comunidades menores para agitar eventos com o Yelp.
Strougo também comenta que o desafio está na diferença do estágio da empresa. “O CM vive em uma ‘tensão’ entre o fato de ser uma marca forte no país nativo e ser uma marca jovem e desconhecida no seu mercado local. Tento sempre me colocar na posição de quem acabou de abrir um novo negócio ao invés de me confortar no fato de estar em uma empresa consagrada com 6 anos de vida”, diz.
Todo esse contexto, faz com que ele assuma determinadas responsabilidades e desafios, que só ele e mais ninguém pode ter. “O CM conduz a operação local em todos os âmbitos. Senão ele, ninguém mais vai olhar para o seu mercado local com os mesmos olhos. Como empreendedor, ele deverá atentar desde o seu desafio principal, desenvolver negócios, a todas as questões legais/fiscais/administrativas da empresa”, explica Strougo.
Mas Monica, lembra algo importante: os riscos. “A menos que o CM assuma riscos financeiros maiores do que o normal, eu não consigo vê-lo como um empreendedor. Mas, mesmo assim, eu acredito que os melhores CM têm um espírito empreendedor”, diz.
Dan Strougo (99 designs), Monica Silvestre (Yelp), Rodolfo Ohl (SurveyMonkey).
“Conceitualmente, as pessoas chamam de intra-empreendedorismo”, explica Ohl. “Na SurveyMonkey, temos uma cultura e administração muito participativa e colaborativa. Temos muita liberdade para definir a forma como vamos trabalhar localmente. Mas nossas ambições são globais e nossas atividades estão alinhadas com o nosso objetivo”, conclui.
Inclusive, falando de liberdades, todos os entrevistados disseram que sentem uma liberdade grande dentro de seu trabalho. Alguns mantém contato constante com seus colegas de outros países. “O dia começa cedo com meus colegas da Europa e, no domingo à noite, já chegam e-mails da Austrália”, explica Strougo. “O objetivo principal do CM é fazer o negócio fluir em um mercado não nativo para a marca. Sem liberdade e confiança para deixar o ele conduzir as ações conforme suas percepções é o mesmo que não ter um CM”, reflete.
No caso de Monica, a liberdade é ainda maior. “Acredito que liberdade é a parte não dita da cultura de nossa companhia. Eu não tenho um chefe que me liga todos os dias para saber o que estou fazendo. Eu não tenho que mostrar quando estou começando ou acabando meu dia. Mesmo assim, eu normalmente trabalho até depois das 19h diariamente, incluindo os finais de semana – porque eu quero. Liberdade é igual alegria. E pessoas felizes fazem bons trabalhos”, conclui.
Entre tudo isso, ficam as várias responsabilidades, bem resumidas por Dan Strougo: “A responsabilidade principal é o desenvolvimento de negócios locais, sem dúvida. Para isso, os principais desafios são: propagar uma cultura do uso do seu produto inovador que nem sempre existe no mercado local, adaptar o produto/serviço para o país (localizar) em todos os aspectos, construir uma marca que pode ser forte for mas não dentro”.
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