De certa forma eu estava destinado a ser um nerd gamer. Meu pai, como talvez seja o caso de muitos de vocês, trabalhou como técnico de informática nos anos 1980 e 1990. Isso fez com que nossa casa estivesse sempre abarrotada de computadores e componentes — um fator da minha infância, acabo de perceber, que se repete em minha casa atual. Na minha visão periférica jazem dois gabinetes de PCs antigos, além de algumas placas de vídeo falecidas e HDs velhos com mais vírus que as tais maçanetas e corrimãos dos quais o “Fantástico” e a “Superinteressante” tanto alertavam.
A ligação dos computadores com os games era inevitável já naquela época. A pirataria dava seus primeiros passos: um joguinho bacana (que, numa época pré-internet, eu não faço a menor ideia de como os caras adquiriam) ganhava moradia num disquete de 5,25 polegadas bem surrado e era repassado pra todo o pessoal da repartição.
Foram nesses primordiais gestos de desrespeito a direitos autorais em que eu entrei em contato com os primeiros games. Era sempre assim: meu pai chegava em casa com um disquetinho, descrevendo o novo jogo bacana que o tio Fulano (seguindo a regra da época, amigos próximos de trabalho do pai viravam tios. Ainda se faz isso?) havia descolado.
E começava o processo: liga o PC, enfia o disquete, desce aquela trava pra manter o bicho firme no lugar (lembram disso?), digita alguns breves comandos no DOS e lá estava o novo joguinho, em toda sua glória de paleta de 8 cores e sons que mal rivalizavam a variedade harmônica de uma campainha.
Num desses dias, o que surgiu após esse pequeno ritual foi uma das splash screens que me acompanhou mais durante minha infância do que boa parte dos meus próprios familiares.