Apps “secretos” estão ganhando popularidade. O Secret, por exemplo, se tornou tão popular que arrumou problemas no Brasil. O mais recente queridinho dos fãs de anonimato é o Whisper, que, assim como o Secret, permite compartilhar pequenos detalhes da sua vida. Mas, de acordo com um artigo do The Guardian, a empresa por trás do app está rastreando as pessoas que confiam demais no serviço.
No começo do ano, o Whisper e o The Guardian começaram a discutir uma parceria editorial para uso do app na busca por possíveis fontes para reportagens. Mas quando o jornal percebeu o que o Whisper queria, rapidamente encerrou a negociação e decidiu publicar tudo o que ficou sabendo:
Equipados com uma senha extremamente simples, nos foi dado acesso à vasta biblioteca da empresa com textos e fotografias e, em muitos casos, a localização dos autores. Os desenvolvedores criaram uma ferramenta de análise de back-end para realizar buscas refinadas no banco de dados, e a mais poderosa delas determina a localização.
Não só o Whisper gurdava todos os segredos compartilhados pelos usuários como também permitia definir a localização da pessoa que enviou tal mensagem. Posts antigos – até mesmo deletados – podem ser acessados pelos funcionários da empresa, que conseguem verificar data, hora e localização. E não adianta desativar a localização – nesse caso, o Whisper armazena sua localização aproximada. Talvez seja um pouco diferente do que os usuários esperam do serviço – o oposto do anonimato alegado pelo app.
E não só isso – o editor-chefe do Whisper, Neetzan Zimmerman, gerencia uma equipe que monitora usuários que podem ser fontes importantes para matérias jornalísticas, especialmente funcionários de grandes empresas e militares dos EUA.
A imagem que abre o post é, segundo o The Guardian, do software interno de monitoramento do Whisper.
A empresa negou veementemente todas as acusações do The Guardian pelo Twitter, e disse que o jornal “vai se arrepender” de ter publicado a matéria. Zimmerman disse que o artigo está cheio de “falsidades, e estaremos desmascarando todas elas.” Ao Valleywag, Zimmerman disse que a reportagem é “100% mentirosa” e que a empresa “não tem informações pessoais identificáveis de nenhum usuário”. O tal do software interno de monitoramento divulgado pelo Guardian era um recurso presente no app, mas que foi removido devido a falta de interesse de usuários – isso não impediu o Whisper de manter a ferramenta disponível internamente, no entanto.
A ideia de compartilhar pequenas informações anonimamente na internet certamente agrada muita gente, mas é difícil saber até que ponto aquele seu pequeno post realmente será anônimo. Para o Whisper, resta o desafio de provar que cada uma das acusações feitas pelo Guardian são mentirosas, como prometeu fazer Zimmerman. [The Guardian via ValleyWag, PandoDaily]
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