O brasileiro vive em 2012 um período de mudanças interessantes. A discussão política tem crescido de forma democrática e interativa. O termo “mensalão”, por exemplo, figurou nos trending topics do Twitter, esquentando o debate político nas redes sociais. Se compararmos o engajamento dos usuários em relação ao ano passado, verificamos que, em 2011, a discussão teve proporções bem diferentes e não emergiu com tanta força na internet.
Para quem não tem acompanhado, neste ano houve até uma discussão jurídica sobre a proibição do uso do Twitter nas eleições. Então, no dia 5 de junho, decidiu-se pela liberação do uso dessa rede social para campanhas políticas. Com o parecer jurídico, diversos candidatos iniciaram as suas campanhas em páginas no Facebook e no Twitter. Observei, sem uso de ferramentas, algumas iniciativas estranhas. Por exemplo: um candidato que proíbe a postagem de mensagens de seus seguidores em sua fanpage. Essa atitude demonstra um vício antigo da política analógica, na qual o candidato fala e o eleitor escuta.
A fim de compreender melhor o cenário, utilizei a ferramenta de busca em redes sociais do eCRM123 e pesquisei por comentários sobre “políticas em redes sociais” no Facebook, no Twitter, no YouTube e em blogs por 3 dias. O objetivo era obter uma pequena amostragem e o resultado foi interessante.
A maioria dos jovens é totalmente contra a qualquer iniciativa relacionada à discussão política nas redes sociais. Comentários como “eu bloqueio quem faz campanha política no face” ou “campanha política no Twitter, não!”, entre outras mal educadas, pipocavam. Uma minoria, mais politizada e com mais idade defende a discussão e a campanha política desde que seja com moderação e transparência.
Li o depoimento de um desses jovens contrários à presença de campanhas eleitorais nas redes. Segundo ele, sua opinião mudou justamente ao conhecer ações que mostravam o lado positivo o debate político nas mídias sociais. “Se o mesmo pode ser usado para propagar bobagens, poderia ser utilizado para discutir política e melhorar o país”, é o que diz a campanha. A verdade é que os candidatos necessitam utilizar as redes sociais para fazer campanha política, pois mesmo se omitindo, o eleitor irá chamar a discussão para a internet. Prova disso são os perfis “fakes” criados por eleitores a fim de criticarem candidatos que consideram hipócritas.
Porém mesmo aqueles que se preparam com blogs e perfis ainda precisam trabalhar muito. Apenas registrar ideias de plano de um mandato sem estar apto a discuti-lo não convence o eleitor. Este é o caso de uma jovem candidata ao cargo de vereadora em São Paulo que teve em seu Twitter e em seu blog uma enxurrada de questionamento sobre seu plano de governo e experiência para exercer o cargo. Os questionamentos são, em maioria, feitos por pessoas politizadas com opiniões concretas.
Basta ler as discussões para apoiar ou não a candidata, dispensando qualquer campanha adicional ou debate político. Em outra situação, o candidato postou em seu perfil a imagem do opositor junto ao texto de ficha suja. O caso foi à Juízo e o magistrado entendeu como liberdade de expressão, pois, aparentemente, o candidato devia… Sem falar nos políticos que já foram pegos “comprando” seguidores “fakes” no Twitter, ou seja, na rede social a transparência é eminente.
A situação de quem faz campanha política é muito semelhante à da empresa que tenta gerenciar a marca nas redes sociais. Ambos enfrentam grandes dificuldades em “engajar” seu público-alvo e controlar crises. Prova disso é que nosso software de CRM social é utilizado por alguns candidatos de São Paulo para gerenciar campanhas e se encaixa perfeitamente.
Por este motivo, separei algumas dicas que considero interessante e que podem ajudar a obter uma campanha mais democrática e com menos rejeições nas redes sociais:
- Respeito: A rede social, ao contrário da televisão, não aceita imposição. As pessoas não querem ser incomodadas por “santinhos virtuais”. Saiba fazer sua proposta chegar, na hora certa, para aqueles que querem ouvir o conteúdo;
- Planejamento: Criar páginas no Facebook ou no Twitter sem um planejamento objetivo pode se voltar contra o candidato;
- Equipe: Tenha uma equipe preparada e, preferencialmente, experiente em lidar com rede sociais, pois elas são orgânicas e facilmente podem fugir do controle gerando crises;
- Conteúdo: Crie conteúdo relevante. Não estou falando de “santinhos digitais” e sim de canais e formatos que mostrem abertamente o plano de governo e que permitam interatividade democrática e pública;
- Engajamento: A arte de tornar um desconhecido em amigo e um amigo em seu defensor que saberá a quem e como falar a seu favor. Parece simples, mais saiba que grandes marcas investem milhões e não conseguem. Vale frisar que seguidores e fãs não significam engajamento ao contrário do que dizem;
- Ferramentas: Elas facilitarão sua vida e podem ser uma boa vantagem. Devem possibilitar criar conteúdo, interagir e monitorar várias redes sociais ao mesmo tempo. Devem gerar gráficos e resultados em tempo real, se possível, integrada a seu site. A ideia é criar um “painel de controle” geral da campanha. É importante ser multiusuário e online para dar mobilidade e potencializar o resultado;
- Pós-campanha: Ganhando ou não, continue ativo nas redes sociais. No mínimo, nas próximas eleições será mais experiente. Obama é um grande exemplo, não só de campanha bem sucedida nas redes sociais, mas também de governo ativo nestas redes.
Por José Jarbas, CEO da eCRM123.